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A marca Lusquinos conta com mais de trinta anos de experiência na indústria do calçado. Os desafios colocados pelo mundo empresarial evidenciaram a necessidade de repensar toda a sua estratégia e processo produtivo. Assim nasceram os artigos que hoje apresenta: únicos, intemporais e biodegradáveis da sola ao cordão!

Francisco Lusquinos, CEO da marca, explicou-nos o porquê da Lusquinos ser mais do que uma marca de calçado. É um projeto que procura soluções para a criação de calçado sustentável e biodegradável, sem presidir da qualidade e do design.

Lusquinos: qual a origem e história desta marca?

A marca Lusquinos nasceu em 2006, no concelho de Felgueiras, com o objetivo de criar uma marca diferenciadora no mercado. Lusquinos provém do nome de família o que acrescenta um valor ainda mais especial ao projeto.

Com mais de trinta anos de experiencia na indústria do calçado e numa era onde se levantam tantas questões ambientais, surgiu uma necessidade enorme de criar algo único, diferente e que contribui-se para a manutenção do nosso planeta. Esta necessidade obrigou-nos a olhar para marca e repensar toda a nossa estratégia e todo o nosso processo produtivo.

Foi então que decidimos criar o nosso calçado constituído na sua totalidade por componentes orgânicos, tornando-o assim num produto sustentável e biodegradável.

calçado biodegradável

Como definem a Lusquinos?

Podemos definir a Lusquinos com o nosso lema: “Sem metal. Sem plástico. Sem cedências.” A marca Lusquinos é uma marca preocupada com o futuro, preocupada com a sustentabilidade assente nos três pilares: económico, social e ambiental.

 

Quais são os materiais que compõem o vosso calçado? O que vos motivou a optar por estes materiais e não outros?

Os materiais que compõem o nosso calçado são orgânicos e biodegradáveis. Desde o crepe, oriundo das árvores seringueiras, e a cortiça nas solas; o algodão orgânico no forro e cordões; fibras naturais de milho e kenaf nas palmilhas; e o bio couro. A escolha dos nossos materiais teve em conta vários fatores: as caraterísticas de biodegrabilidade, já mencionadas, e o tipo de produção, pois eliminamos matérias resultantes de produções intensivas que como sabemos são prejudiciais ao ambiente. É muito importante para nós garantir que os nossos fornecedores também possuem uma cultura de sustentabilidade e respeitam o ambiente e as pessoas com quem colaboram. Privilegiamos sempre parceiros locais.

As escolhas dos materiais bem como dos processos utilizados não são definitivas, continuamos na procura constante de novas soluções sempre com o objetivo de reduzir a nossa pegada de carbono. Atingimos o produto desejado, o produto orgânico e biodegradável mas a melhoria contínua está no nosso ADN.

calçado biodegradável formal

De que outra forma a sustentabilidade está integrada ao longo do processo de produção e distribuição?

Todo o processo de produção, bem como distribuição é apoiado na sustentabilidade. O nosso calçado é feito de forma artesanal, numa fábrica local onde existe uma preocupação visível com o ambiente e com os seus colaboradores e condições de trabalho. Os processos produtivos são pensados de forma a otimizar todos os recursos, tanto materiais como energéticos. A distribuição talvez seja dos fatores mais difíceis de controlar, devido às opções que existem no mercado. Mas ponderamos e optamos pelas soluções com menos impato para o ambiente sempre que possível. O fato de privilegiarmos fornecedores locais, além de contribuirmos para a economia local, também contribui bastante para a redução desse impato.

 

O que distingue os artigos da Lusquinos das restantes marcas que têm investido na sustentabilidade, é o facto do seu calçado ser biodegradável. Fale-nos um pouco sobre as características deste conceito e o processo necessário para chegarem ao produto final.

Quando decidimos criar um produto sustentável, uma das soluções que esteve em cima da mesa prendeu-se com a reciclagem e reutilização de plásticos. No entanto, tomamos consciência do ciclo vicioso que existe com a constante produção de plásticos e concluímos que é fundamental quebrá-lo. Claro que somos 100% a favor de produtos reciclados e da reutilização, porém nem todos os plásticos são reciclados ou reutilizados acabando por prejudicar o ambiente como infelizmente vemos. Reforçamos que a reciclagem e a reutilização são medidas essenciais e felicitamos as empesas que permitem dar uma nova vida a estes produtos. Mas precisamos que o mundo da moda mude, precisamos de dar aos consumidores novos produtos e reduzir os resíduos nocivos para o ambiente. Com esta visão iniciamos a nossa aventura na criação de calçado livre de mateis e plásticos. Calçado que no fim da vida não contribua para a condenação no nosso planeta. Foi então que procuramos soluções para que o nosso calçado fosse constituído por materiais todos eles orgânicos tornando o calçado biodegradável da sola ao cordão.

Acreditamos que o futuro tem de passar por aqui!

calçado biodegradável

O calçado Lusquinos pode ser dividido, essencialmente, em duas categorias: casual e formal. Quais as principais características de cada uma e qual destas tem maior procura?

Procuramos abranger todos os consumidores conscientes, com todo o tipo de gosto e estilo, por isso criamos uma linha formal e outra casual.

Em comum tem o conforto! A linha formal foi pensada nos consumidores que não prescindem do sapato clássico e a linha casual foi pensada nos consumidores com um estilo mais descontraído, embora que a linha formal também fica muito gira num estilo desconstruído com umas jeans e t-shirt. No fundo revitalizamos modelos intemporais com materiais sustentáveis.

Devido  à situação pandémica e à consequente ausência de eventos sociais, tem tido mais procura os casuais.

 

Qual a principal fonte de inspiração para os vossos artigos?

Quando falamos em sustentabilidade vem-nos de imediato à cabeça palavras como durabilidade e longevidade, o que nos remeteu para modelos intemporais.

O nosso calçado formal foi inspirado num estilo Oxford, num estilo que ainda hoje se mantém atual e com design. Os casuais foram inspirados nos sneakers. Os primeiros sneakers surgem no século XIX, mais tarde as suas solas começaram a ser feitas com borracha sendo batizados por plimsolls, e ainda hoje é o tipo de calçado mais procurado. O nosso calçado, inspirado nos modelos mencionados, tinha que reunir as seguintes caraterísticas: conforto, moda e design, intemporalidade e claro ser sustentável e biodegradável. Assim, criamos o nosso calçado, o nosso ADN!

calçado biodegradável

Para quem viu estas imagens e já está ansioso por comprar um par de sapatos Lusquinos, onde o pode fazer?

Pode adquirir um Lusquinos na nossa loja on-line, ou então nas plataformas: Overcube; Bombinate; Wolf & Badger; e Fair Bazaar.

Também pode encontrar nas seguintes lojas: Feeting Room (Porto e Lisboa); Armazém 66 (Viana do Castelo); Single Fin (Esposende); Oxalá (Évora); Alma de Alecrim (Aveiro); Bosque Concept Store (Vila do Conde).

Foto Perfil lusquinos

Francisco Lusquinos 

CEO Lusquinos

“O meu interesse pelo mundo da moda, em concreto pelo fabrico de calçado, ganhou expressão em 1984 quando fui a uma feira internacional, em Londres. A primeira de muitas. Nessa altura, decidi que era a área profissional que queria abraçar e ambicionei criar uma marca de calçado. Após anos de experiencia na indústria do calçado, tanto na área comercial como na área criativa, após muitas conquistas e desafios ganhos achei que tinha chegado a hora de avançar com a criação da nossa própria marca. Com o olhar no presente mas também no futuro, decido criar a Lusquinos.”

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Animais, Planeta e Pessoas: Estes são os três pilares da NAE. Marca portuguesa de acessórios e calçado vegan, ecológico e ético. A sigla que deu origem ao seu nome deriva da sua missão de produzir artigos únicos, sem exploração humana ou animal.

“Aquilo que sentimos é que o calçado português é cada vez mais reconhecido em todo o mundo e o carimbo de qualidade é indiscutível”, partilha Paula Pérez fundadora da NAE, relativamente à perceção do selo Made In Portugal a nível internacional.

Quem é a NAE? De onde veio a ideia para criar esta marca?

A nae é uma marca vegan, ecológica e ética de calçado e acessórios. Foi criada em 2008 com o propósito de ser uma alternativa ética e sustentável ao calçado existente, adotando os princípios do veganismo à indústria do calçado. Veja mais sobre os três pilares da marca aqui.

calcado vegan

NAE: O que significa esta sigla e que mensagem pretende transmitir?

NAE é a sigla de “No Animal Exploitation” (Não à Exploração Animal). O nome transmite a nossa missão: propor uma alternativa amiga dos animais e contra a exploração humana. Os nossos sapatos e acessórios são 100% vegan. Nenhum dos produtos é feito de pele animal, pelo ou quaisquer outros subprodutos da carne. Optamos unicamente por materiais sintéticos, reciclados e naturais.

 

A NAE surgiu em 2008, numa altura onde a necessidade de adotarmos gestos mais sustentáveis ainda não estava tão disseminada. Como foi a reação das pessoas perante a vossa marca?

A nae surgiu numa altura em que pouco se falava do veganismo de uma forma geral. E muito menos se falava no veganismo no calçado. Por isso, a reação das pessoas foi de alguma estranheza mas também de muita curiosidade. Essa curiosidade foi muito importante para nós na altura porque permitiu-nos explicar que sapatos vegan não eram sapatos de plástico, e foi assim que fomos conquistando o nosso público. Na verdade, a curiosidade é muito importante para nós ainda hoje porque dá espaço à informação e à mudança.

mala vegan nae

 

Que tipo de produtos podemos encontrar na NAE? Têm algum best-seller?

Temos desde calçado desportivo até ao calçado mais clássico. Para complementar temos também vários tipos de acessórios como malas, carteiras, cintos e suspensórios. Os materiais que usamos são também variados e, portanto, podemos dizer que a nossa gama de produtos é bastante completa. Os nossos best-sellers são talvez os produtos mais descontraídos, não só por serem confortáveis, mas porque se conseguem adaptar a vários looks e ocasiões. Apostamos em coleções funcionais e confortáveis ​​com o objetivo claro de oferecer aos nossos clientes a oportunidade de encontrar num único par de sapatos o conforto e a versatilidade que procuram. Na nae acreditamos que ‘menos é mais’. Não é por acaso que é disso mesmo que a nossa coleção de verão fala. Por exemplo, as sandálias Bay são um modelo unissexo que foi produzido em 3 cores neutras, e que possui uma palmilha ergonómica que se adapta perfeitamente ao formato do pé.

 

Os materiais que utilizam para produzir o vosso calçado são bastante diversificados. Fale-nos um pouco sobre o tipo de materiais que mais utilizam. Como é feita essa escolha?

A nossa preocupação quando fazemos pesquisa de materiais é que o material seja 100% de origem vegetal, sustentável (quanto mais natural melhor), resistente o suficiente para calçado e produzido sem recurso à exploração humana. É um desafio interessante porque por vezes um material tem tudo o que queremos no que diz respeito à sua composição e aos níveis de sustentabilidade mas depois não é resistente e chumba no centro tecnológico do calçado. Já não podemos usar. Ou o material é extremamente resistente e a sua origem é 100% vegetal mas os níveis de sustentabilidade são baixos ou a sua produção é duvidosa. Já não usamos também. É muito difícil encontrar este equilíbrio que para nós é muito importante e para os nossos clientes também. É com esta pesquisa exaustiva que conseguimos garantir a qualidade a todos os níveis dos materiais que usamos.

calçado vegan

 

Se tivessem de descrever os vossos artigos com três palavras, quais escolheriam? E porquê?

Animais, Planeta e Pessoas porque são os três pilares da nae.

Animais porque não usamos materiais de origem animal em nenhum dos nossos produtos;

Planeta porque os materiais que usamos são sustentáveis e ajudam a minimizar o impacto no meio ambiente;

Pessoas porque valorizamos os direitos humanos e não apoiamos nenhuma empresa que pratique qualquer tipo de exploração humana.

 

A sustentabilidade não é só a nível ambiental, e a NAE sabe disso. De que forma garantem a ética laboral de quem trabalha com a marca?

Começamos por garantir a ética laboral na própria nae. Valorizamos cada membro, dando-lhe todas as condições laborais para que juntos possamos todos crescer. Porque somos uma equipa. Depois, a nossa relação com as fábricas e fornecedores. Os nossos sapatos são manufaturados em quatro fábricas no norte de Portugal, com as quais mantemos um contacto permanente. Tanto as fábricas como os espaços laborais associados à NAE Vegan Shoes são regidos por um protocolo de Higiene, Segurança e Saúde no trabalho e um Código de Ética e Conduta.

As nossas relações profissionais são estabelecidas com empresas, fornecedores e parceiros que privilegiam a ética laboral e valorizam os seus colaboradores.

cinto vegan nae

O calçado NAE é “Made in Portugal” e é exportado para todo o mundo. Na vossa opinião, como é percecionado este selo a nível internacional?

Ao longo destes 13 anos, aquilo que sentimos é que o calçado português é cada vez mais reconhecido em todo mundo e o carimbo de qualidade é indiscutível. E deixa-nos muito contentes saber que também a nae faz parte deste caminho de internacionalização do selo ‘Made in Portugal’. Aliamos a excelente qualidade da produção nacional a materiais sustentáveis e livres de crueldade animal. Isso só nos pode deixar orgulhosos.

 

Onde podemos encontrar o calçado da NAE à venda?

O nosso site foi a nossa primeira loja, a chamada loja virtual. É daqui que comunicamos para mundo. Hoje, para além do site, temos uma loja física em Lisboa, no LxFactory, e estamos prestes a abrir outra no Chiado.

foto nae

Paula Pérez

Criou a NAE em 2008 com seu marido, Alex. Nos últimos 13 anos têm desenvolvido a NAE no sentido de trazer mais sustentabilidade ao negócio da moda. Com mestrado em Gestão da Informação e licenciatura em Matemática Aplicada, Paula decidiu lançar a NAE vegan shoes para testar sua veia empreendedora e desenvolver um negócio com os valores com os quais se identifica.

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O Hotel Monte da Provença nasceu em Elvas com o sonho de ser um lugar único que combinasse magia e familiaridade. É um espaço que alia a cultura alentejana ao turismo ecológico e sustentável, estando certificado como Eco Hotel pela Biosphere.

O Monte da Provença produz cerca de metade da sua eletricidade e é autossuficiente ao nível da água que utiliza, que é posteriormente reutilizada. A sustentabilidade está ainda presente ao nível da alimentação, que é confecionada com base no conceito “chef on demand”. Mas há muito mais para ler nesta entrevista sobre este espaço alentejano que garante uma viagem ao passado com todo o conforto contemporâneo.

Monte da Provença: fale-nos um pouco sobre a história deste hotel.

O Hotel Monte da Provença nasceu de um sonho dos proprietários Maria e Joachim. Sempre foi um sonho nosso criar um lugar único onde pudessem receber pessoas dos vários cantos do mundo num ambiente mágico e ao mesmo tempo familiar.

Desde o sonho à criação deste espaço, foram precisos 14 anos e muitos obstáculos foram ultrapassados. O resultado? Um lugar onde o conforto, a tradição, o Alentejo se encontram, criando assim um sítio onde simplesmente apetece estar e ser feliz… rodeado pela natureza.

Sobre a história da propriedade… No fim do reinado do Rei D. Fernando (1350-1369) instalaram-se aqui monges eremitas vindos da serra de Ossa. Com o que cultivavam “proviam” o seu sustento e ajudavam/”proviam” aos pobres. Como neste sítio ha boas fontes e o terreno é bom, é um sitio de “provença”, que vem do verbo provir. Daí o nome de Monte da Provença. Lourenço Annes Reguengo e Margarida Domingues sua mulher doaram estas terras aos monges.

Em 2000, foi comprado por mim em muito mau estado. Começámos por recuperar uma pequena casa e desbravar e plantar todos os anos milhares de arvores. Seguidamente fazer pequenas charcas e barragens para iniciar um politica de retenção de águas. Em 2015 recuperámos a casa principal e abrimos o hotel, após 18 meses de obras.

turismo ecológico

 

Este é um hotel que combina a tradição com o conforto moderno, sendo o seu objetivo “mimar os seus hóspedes”. Em que consiste isto na prática?

Tentamos que as pessoas se sintam em casa e entretidas. Para isso temos não só refeições a pedido, como diversas parcerias para providenciar entretenimento se o quiserem. Passeios a cavalo, de balão ou de bicicleta, visitas guiadas ao património, a museus ou a adegas.

Sustentabilidade no Monte da Provença. De que forma está presente?

Em relação à sustentabilidade ambiental, produzimos cerca de metade da nossa eletricidade com os nossos painéis fotovoltaicos e estamos a planear duplicar a capacidade este ano, o aquecimento de águas e aquecimento central é feito por coletores solares, auxiliados por caldeira a pellets nos dias mais frios ou chuvosos. Tanto o aquecimento como o arrefecimento no verão é feito por piso radiante, a eficiência energética do nosso edifício é A+ e todas as nossas lâmpadas são de LED, os nossos electrodomésticos são de eficiência A++. Medimos os nossos consumos vs o objectivo definido, que nos permite actualmente ter o certificado Biosphere Hotel pelo RTI (Responsible Tourism Institute) e no início iniciamos com a certificação de Eco Hotel TÜV Rheinland.

Para reduzir o consumo de plástico, acabamos com águas engarrafadas de plástico e temos uma máquina para podermos servir água normal e gasificada, do nosso furo. Separamos todo o lixo para reciclagem (tinteiros, pilhas, plástico, cartão, vidro, óleos, etc…)

Somos um Hotel Carbono Zero, não pela compra de créditos de terceiros, mas pela nossa própria redução da Carbono, devido ao uso das energias renováveis, eficiência energética e plantação de 3.406 arvores e 5.416 arbustos, tendo um saldo positivo de 10 toneladas de CO2 por ano.

Também promovemos a deslocação sustentável, tendo 2 carregadores Tesla compatíveis com veículos eléctricos de outras marcas. Fomos pioneiros, em 2015 quando a Tesla ainda não estava presente em Portugal entramos em contacto com a sede europeia, a evidenciar a falta de postos de carregamentos entre Lisboa/Madrid e que estávamos num ponto estratégico, para aumentar a mobilidade eléctrica transfronteiriça na Europa. Curiosamente, mesmo com as limitações de autonomia já tivemos VE da Dinamarca, Inglaterra e Alemanha.

Em termos de água somos completamente autossuficientes com a nossa politica de retenção de águas (charcas, barragens pequenas e “swales” em curva de nível para reter toda a chuva que cá cai). A chuva cai, infiltra-se nos lençóis subterrâneos e nós bombamos de um furo para os consumos do hotel. Depois toda a água que sai das banheiras e lavatórios é tratada e vai para a rega das arvores.

Não temos restaurante convencional mas sim o conceito “chef on demand”, em que através de reserva, confecionamos os pratos tradicionais do Alentejo com uma apresentação mais requintada. O conceito “chef on demand” reduz o desperdício de comida pré-cozinhada e os seus consumos. Temos também uma pequena horta e as nossas árvores de fruta.

Finalmente o na criação de postos de trabalho, todos os nossos colaboradores são da região e indiretamente contribuímos não só através das parcerias mas também através dos nossos fornecedores para o desenvolvimento da região. Tentamos em todas as áreas possíveis comprar os nossos produtos a produtores da região. Não faço aqui a lista exaustiva mas os fornecedores locais são quase 90% do total.

O Monte da Provença está certificado como ECO hotel pela Biosphere. O que significa esta certificação?

Significa o reconhecimento pela Biosphere, da nossa aposta na sustentabilidade ambiental, económica, cultural e social.

alentejo piscina

 

A cultura alentejana é um aspeto importante para o Monte da Provença. Como a incorporam no hotel?

Desde a arquitetura de casa senhorial da região, à decoração cuidada, incluindo tanto antiguidades herdadas dos meus antepassados, como elementos tipicamente alentejanos… à comida tradicional e principalmente a toda a paisagem e natureza circundante.

Quais são as atividades que disponibilizam para quem visita o vosso espaço? Qual é a que tem maior procura?

Desde passeios a cavalo, de balão e de bicicleta, a visitas guiadas a património cultural, museus e adegas com provas de vinhos, temos um pouco de tudo o que nos pedirem e conseguirmos arranjar. O que pedem mais são passeios a cavalo.

De que forma caracterizam os vossos clientes?

Principalmente pessoas que se preocupam com a pegada ambiental e ao mesmo tempo querem gastronomia e alojamento de qualidade, cerca de 50% são estrangeiros do sector médio/alto, mas há um pouco de tudo.

turismo ecológico no alentejo

Que aspetos do vosso hotel consideram que os clientes mais valorizam?

A paz e a tranquilidade. O estarmos perto de tudo, mas no meio da natureza. O conforto a boa comida. O aspeto cuidado de tudo.

Sendo o Monte da Provença uma marca de turismo sustentável, quais foram os principais desafios que encontraram? Como os superaram?

Principalmente a falta de apoios ambientais, pois em muitos casos o investimento inicial é maior. Com perseverança e indo progredindo à medida das possibilidades. Todos os anos melhoramos e investimos e os resultados começam a ser evidentes.

Maria Jardim Schmid

“Tendo crescido entre o Alentejo e Lisboa, trabalhei muitos anos na Corporate Johnson & Johnson Farmacêutica como European Director, mas assim que me reformei fugi para o Alentejo pois sempre precisei de natureza e espaço para me sentir completamente feliz.”

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A Herdade dos Grous está consciente da necessidade de adaptar as práticas agrícolas e de gestão das vinhas, tendo adotado várias medidas no sentido da viticultura sustentável. O seu percurso tem sido reconhecido, sendo o primeiro produtor com certificação de Produção Sustentável atribuída pela Comissão Vitivinícola Regional Alentejana (CVRA).

Quais são as práticas inerentes à produção sustentável de vinho? É uma das questões às quais procurámos dar resposta nesta conversa com Luís Duarte, responsável pelo projeto vitivinícola da Herdade dos Grous.

Qual é a história da Herdade dos Grous? Como surgiu e qual a origem do seu nome?

A Herdade dos Grous é um projeto da família Pohl. Criada de raiz na paisagem alentejana, a história da Herdade dos Grous começou com a plantação das primeiras vinhas em 2002 e dois anos depois, em 2004 iniciou-se a produção de vinhos. Ao longo dos anos foi crescendo de uma forma sustentável, e hoje, com 1050 hectares, reúne a produção de vinho e azeite, agro-pecuária, turismo rural e enoturismo.

Os grous, nas suas longas travessias desde o norte da Europa para o Norte de África, tinham como ponto de paragem a herdade. Aqui existia a possibilidade de se alimentarem e nidificarem dadas as características e envolvência da propriedade. A observação e a presença dos bandos destas aves terá estado na origem do nome da nossa herdade.

viticultura sustentavel

Que práticas estão inerentes à produção sustentável de vinho? Pode dar-nos alguns exemplos do que sucede na Herdade dos Grous?

A necessidade de adaptar práticas agrícolas, conscientes das alterações climáticas, levaram à adoção de várias medidas na gestão da vinha. A opção por castas autóctones mais resilientes, medidas de otimização de recursos hídricos e a implementação de práticas de conservação do solo, são apenas alguns exemplos do nosso trabalho realizado em prol do desenvolvimento sustentável.

A biodiversidade é vista por nós como um elemento agregador. Para a Herdade dos Grous o foco no mosaico paisagístico e recuperação da rede ecológica assenta numa estratégia de gestão da biodiversidade, fundamental para o equilíbrio e conservação dos ecossistemas existentes. Esta estratégia é multifacetada e assenta na prática de uma agricultura biológica integrada.

A criação de corredores para a proteção da vida selvagem, a implementação de habitats para polinizadores e a conservação de linhas de água através de plantas arbustivas autóctones, são algumas das medidas que beneficiaram grandemente a vinha e culturas circundantes.

O controlo de pragas que afetam as diferentes culturas, por exemplo, é conseguido através da manutenção de um “suporte aéreo” e traduz-se na instalação de abrigos para morcegos, postes com poleiro e caixas-ninho para aves de rapinas, na zona de interface entre a vinha, olival e montado.

A manutenção e reflorestamento do montado e sementeiras de pastagens permanentes potenciam o sequestro de carbono e na barragem da Herdade, que ocupa uma extensão de 90 hectares, são implementadas ações que visam melhorar e maximizar a retenção natural e qualidade da água, que beneficiam todo o ecossistema.

A aposta no desenvolvimento sustentável na Herdade dos Grous, também passa pela análise e avaliação dos métodos de produção e pelo recurso a materiais mais ecológicos e sustentáveis no embalamento e armazenamento dos seus produtos. É também fomentada a economia circular através da reutilização dos resíduos gerados nas diferentes atividades.

Desde 2018 que são calculadas as emissões de CO2 libertado nas fases de viticultura, vinificação, embalamento e distribuição. A partir desse cálculo foram implementadas medidas em todas as fases do processo que visam a redução das emissões e práticas amigas do ambiente.

A instalação de painéis fotovoltaicos, a alteração do sistema de iluminação para lâmpadas LED e a colocação de sensores de movimento em áreas chaves da adega são algumas das medidas que permitiram um uso mais eficiente da energia com previsível poupança nos custos energéticos.

A implementação de novas tecnologias na gestão da água nas diversas fases de produção da vinha e do vinho também permitiram ganhos na eficiência e redução do consumo deste recurso natural. A monitorização da humidade do solo na vinha, que resultaram em regas mais planeadas e adequadas às necessidades, assim como a instalação de contadores em vários sectores da vinha e da adega permitindo um controlo mais eficaz dos consumos de água, são algumas das práticas atualmente implementadas.

 

A Herdade dos Grous foi o primeiro produtor com certificação de produção sustentável, atribuída pela Comissão Vitivinícola Regional Alentejana (CVRA). O que significa esta distinção para a marca?

A certificação em Produção Sustentável é para a Herdade dos Grous o reconhecimento público de um trabalho de anos e de toda a equipa. Foi com muita satisfação que vimos a certificação concretizada. Considerando ainda que o consumidor está cada vez mais atento aos modos de produção sustentável, o selo de certificação será mais um fator de escolha dos vinhos Herdade dos Grous, no momento da compra.

De que forma consideram que esta certificação contribui para o reconhecimento do Alentejo e da produção vinícola portuguesa?

Consideramos que a certificação do Programa de Sustentabilidade dos Vinhos do Alentejo vem dar mais credibilidade e vem dar a conhecer as práticas sustentáveis que já são aplicadas por muitos dos produtores de vinho na região. Temos a noção que o Alentejo está na vanguarda da produção sustentável, quer pelo caminho já percorrido, quer pelas características climatéricas da região. E porque o PSVA tem ganho crescente reconhecimento a nível nacional e internacional, a certificação contribui para a divulgação da mensagem com uma maior e mais eficaz abrangência.

 

Como caracterizam o vosso vinho? Qual o que tem maior procura?

Os nossos vinhos apresentam uma personalidade forte evidenciando as características do terroir da Herdade dos Grous. Marcados pela frescura e pela intensidade da sua fruta, são vinhos de grande longevidade quando se trata dos tintos e de grande riqueza aromática no caso dos brancos.

A nossa gama de vinhos é composta por diferentes perfis de vinhos, o que os torna muito versáteis e também por isso muito procurados. Tendencialmente, os lotes de vinhos tintos mais pequenos e mais exclusivos são aqueles que despertam maior interesse nos nossos cliente. São exemplos disto o Herdade dos Grous 23 Barricas, Herdade dos Grous Moon Harvested e Herdade dos Grous Tinto Reserva.

 

Quem é o vosso cliente? É maioritariamente nacional ou internacional?

O nosso principal target é definido por pessoas com idade superior a 35 anos com poder de compra e conhecedores de vinhos, especialistas e curiosos, que valorizam o prestígio e a singularidade. São estas as principais características de todos os nossos clientes não só no mercado nacional, como nos internacionais.

viticultura sustentavel herdade dos grous

A responsabilidade social é um ponto importante para a Herdade dos Grous. Que iniciativas têm desenvolvido neste sentido?

Efetivamente, para além dos aspetos ambientais, a Herdade dos Grous acredita que só é possível ter um projeto verdadeiramente integrado com uma forte aposta na responsabilidade social. A cooperação e bem-estar dos todos os colaboradores são elementos fundamentais para que isso aconteça.

Para tal, asseguramos a formação continua reforçando a consciencialização e as competências ambientais, para desenvolvimento pessoal e profissional de todos.

Asseguramos também a segurança dos colaboradores no local de trabalho e o acesso a condições de saúde de qualidade.

Além disto, apostamos no envolvimento e cooperação com a comunidade local para que o projeto seja verdadeiramente integrado. São desenvolvidas regularmente atividades lúdicas, educativas e de apoio solidário com escolas e associações locais, envolvendo ativamente os colaboradores da Herdade neste tipo de iniciativas.

Luís Duarte

Ser enólogo surgiu por acaso. Luís Duarte nunca teve essa tradição na família, mas a vocação poderá vir da sua infância, passada em Angola até aos 9 anos, onde a agricultura estava bem presente. A sua família trabalhava com fazendas muito grandes onde praticavam agricultura e onde Luís ganhou o carinho pela terra, que se mantem até hoje.

Já em Portugal, foi viver para Vila Real, onde há forte tradição na produção de vinho, e onde veio a inscrever-se no primeiro curso de enologia da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro.

O inicio de carreira foi marcado por grandes projetos no Alentejo, onde se manteve e foi peça importante no desenvolvimento da região vitivinícola.

Em 2002 foi convidado a iniciar o projeto vitivinícola da Herdade dos Grous, onde começou apenas como consultor, tendo integrado e constituído a equipa em 2004. Nos primeiros anos ganhou o prémio de Melhor Vinho do Alentejo por dois anos consecutivos. Sorte ou dedicação, esta distinção fortaleceu a marca. Apesar do sucesso inicial, fazer vinhos com um perfil elegante e fresco numa região como o baixo Alentejo, continua a ser um dos maiores desafios.

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Consciente de que os recursos disponíveis são limitados, a TECHNAL acredita que o futuro do desenvolvimento urbano passa obrigatoriamente pela reutilização sustentável dos materiais. A Hydro CIRCAL nasce desta necessidade, sendo a gama de alumínio reciclado da TECHNAL.

É fabricada com, pelo menos, 75% de alumínio reciclado no fim de vida útil,  sendo necessária apenas 5% da energia necessária para produzir energia primária. Sendo um produto diferenciador e necessário, ganhou o prémio “Solução Inovadora do Ano” no S&P Global Platts Metal Awards 2020.

Apresente-nos a TECHNAL: o que a inspirou, quem é e o que faz.

A Technal é uma marca francesa, criada em 1960 em Toulouse, que desenvolve sistemas de alumínio para a construção que são concebidos para inspirar a arquitetura contemporânea: fachadas, janelas de batente e de correr, portas, balaustradas, pérgula, entre outras soluções.

Estamos em Portugal desde 1974, onde estamos presentes em obras emblemáticas que se tornaram uma referência na arquitetura do nosso país.

Na Technal desenvolvemos também soluções à medida, sempre com o foco na adaptação às exigências estéticas e de conforto do projeto. Como acreditamos que é a imaginação que faz avançar o mundo, na nossa empresa a imaginação é o nosso motor de inspiração e a nossa forma de fazer. É o que nos permite avançar, inovar e inspirar.

alumínio reciclado

Assumem o compromisso de construir um futuro sustentável. No que consiste na prática este compromisso?

Construir com visão é levar o futuro a sério. Considerando que os nossos recursos são limitados, estamos absolutamente convencidos de que o futuro do desenvolvimento urbano é inconcebível sem uma reutilização sustentável dos materiais.

Ao usarmos a liga Hydro CIRCAL para as nossas soluções de sistemas, uma das ligas de alumínio mais sustentáveis na nossa indústria, demonstramos o nosso foco na sustentabilidade

 

A TECHNAL apresenta produtos com o design “Cradle to Cradle”. O que significa?

Significa que estamos a conseguir aplicar o conceito de economia circular nos nossos produtos, significa também que estamos preocupados com os efeitos dos nossos materiais na saúde, que usamos materiais reciclados, energias renováveis, somos controlados e responsáveis no uso da água nos processos de produção e que nos preocupamos em alcançar uma equidade social.

 

Hydro CIRCAL visa contribuir para a redução de emissões de CO2 recorrendo à utilização de material reciclado. Em que consiste este projeto e como surgiu?

A Hydro CIRCAL é uma gama de alumínio de qualidade superior, fabricada a partir de um mínimo de 75% de alumínio reciclado no final da sua vida útil (sucata pós-consumo), tais como fachadas e janelas que foram desmontadas do edifício e totalmente recicladas. A refusão do alumínio para novas utilizações requer apenas 5% da energia necessária para produzir a energia primária. Portanto, quanto maior for o conteúdo reciclado da sucata pós-consumo, melhor será para as nossas cidades e para o meio ambiente.

Através do uso de energia renovável e da tecnologia moderna, a Hydro é capaz de produzir alumínio mais limpo do que nunca. O processo de produção é totalmente rastreável e o produto é certificado por uma entidade independente (DNV-GL). A produção certificada é nada menos do que uma revolução na indústria da construção.

alumínio reciclado

Hydro CIRCAL ganhou o prémio “Solução Inovadora do Ano” no S&P Global Platts Metal Awards 2020. O que significa este reconhecimento para a marca?

Acima de tudo que estamos a fazer as coisas bem e nos reconhecem por isso, este é só mais um passo de um longo caminho para um planeta mais verde e sustentável.

Compete-nos como empresa fazer de tudo para garantir a sustentabilidade do meio ambiente e é por isso que já estamos a pensar em como reduzir dos 2.3 kg de CO2 por kg de alumínio para valores ainda mais baixos, esta é a nossa missão.

 

Para além da Hydro CIRCAL dispõem ainda da gama Hydro REDUXA. Quais são as diferenças entre as duas? 

A liga REDUXA utiliza alumínio reciclado que ainda não foi um produto, como por exemplo Resíduos da extrusão, indústria e fabricação, a chamada sucata pré-consumo.

É uma liga que tem a garantia de gerar no máximo 4,0 kg de CO2 por kg de alumínio – um quarto da média global. Para conseguir atingir tais níveis a Hydro utiliza fontes de energia renováveis, como a energia hidroelétrica e tecnologias de eletrólise híper eficiente nas nossas fábricas de alumínio na Noruega. Dominando cada passo de toda a cadeia de valor, da mineração de bauxita à alumina refinada para produção de alumínio, juntando a reciclagem, estamos numa posição única para controlar todos os aspetos da produção.

A responsabilidade social é importante para a TECHNAL? Se sim, que iniciativas têm desenvolvido neste sentido?

No campo social estamos envolvidos em iniciativas que visam contribuir para a melhoria das condições nos meios onde desenvolvemos a nossa atividade. Essas iniciativas incluem a substituição de janelas de organizações sem fins lucrativos que operam no apoio à infância, como já foi feito em Portugal e que faz parte do plano anual em parceria com a Rede Aluminier Technal. Da mesma forma, o Grupo Hydro tem uma preocupação com estas causas, pelo que temos colaborado com a Unicef de forma a conseguirmos um apoio a nível global.

Foto Perfil HC

Ricardo Delca

Diretor Técnico Hydro Building Systems Portugal

Licenciado em Engenharia Civil, pelo ISHT em 2005, MSc in Building Envellope , University of Bath and CWCT institute (2007/2008). Técnico superior de Higiene e segurança no trabalho (2006), Perito em certificação energética pela ADENE (2009), PGL na AESE Bussiness School (2018/2019).

Entre 2005 e 2007, projetista de estruturas de edifícios, realizando também especialidades no âmbito da acústica, térmica, águas e esgotos na SOMIMPOR. Responsável técnico e de projetos da Sapa Building Systems Portugal e da Hydro Building Systems Portugal entre 2007 e 2019, com funções na área de desenvolvimento de sistemas de alumínio para a construção e gestão e coordenação de projetos no domínio dos sistemas em alumínio para arquitetura. Entre 2013 e 2015, foi coordenador do gabinete técnico da ANFAJE, Associação Nacional de Fabricantes de Janelas Eficientes, e entre 2018-2021 Delegado em representação de Portugal (IPQ) para participar em comissões técnicas no âmbito da normalização Europeia e Internacional.

É atualmente Diretor Técnico da Hydro Building Systems Portugal, com responsabilidade de gestão e liderança de equipas de gestão de projetos e de desenvolvimento de produtos e soluções em alumínio para construção em Portugal, Africa e Europa.

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O Inspira Santa Marta Hotel foi o primeiro boutique hotel sustentável em Lisboa. Tem desenvolvido um caminho único e diferenciador no que refere à sustentabilidade no sector da hotelaria, tendo sido premiado como Melhor Hotel Eco/Green de Luxo pelo World Luxury Awards em 2018 e 2019.

Patrícia Marques, Sustainability & Development Manager, partilhou connosco o percurso e práticas de hotel que já é considerado uma referência tanto a nível nacional como internacional. Falámos sobre o conceito de Green Hotel, de que forma sustentabilidade está presente no dia-a-dia do Inspira Santa Marta Hotel e ainda sobre o seu compromisso social.

boutique hotel sustentável

Qual é a história do Inspira Santa Marta Hotel?

O Inspira Santa Marta Hotel foi inaugurado em 2010, após três anos de reabilitação total de um edifício original dos finais do séc. XVII, localizado na zona histórica da cidade de Lisboa, e cujos traços característicos foram preservados, com a manutenção da fachada principal e a integração de uma área de construção nova, que criou um conjunto que, de alguma forma, recria e vivência do quarteirão que o edifício ocupa.

Como projecto pioneiro e inovador pelo seu conceito de sustentabilidade no sector da hotelaria de cidade, o Inspira foi o primeiro boutique hotel sustentável em Lisboa, criando uma visão inovadora da hotelaria e sendo “first mover” para uma preocupação que hoje, dez anos depois, é absolutamente presente e relevante para todas as áreas de negócio.

A conquista de um nicho de mercado preocupado com as questões da sustentabilidade, nas suas diferentes vertentes, foi um grande desafio, algo que ainda era novo em Portugal e que no mercado global do sector da Hospitality, se começavam a dar os primeiros passos na introdução desta preocupação com a sustentabilidade e, numa altura em que o mundo e em especial a Europa atravessava uma situação sócio-económica muito desfavorável, devido à crise económica que se verificou em 2008.

Ao longo destes 10 anos de existência e tendo a Sustentabilidade como um dos pilares fundamentais da sua estratégia de desenvolvimento, a marca Inspira tem desenvolvido ao nível das diferentes áreas da sustentabilidade um caminho único e diferenciador no sector da hotelaria, sendo hoje considerado uma referência a nível nacional e internacional.

O Inspira Santa Marta é o primeiro hotel do grupo Inspira Hotels, estando em desenvolvimento a abertura de duas novas unidades na cidade de Lisboa, para os próximos anos. Sendo a Sustentabilidade um pilar fundamental da Inspira Hotels, todo o conceito e Know-how está na base do desenvolvimento dos novos projetos, desde os processos utilizados na reabilitação dos edifícios, ambos com relevância histórica, como na escolha e reaproveitamento de materiais, utilização de tecnologia mais eficiente, sem descorar a envolvente com a comunidade local.

 

O Inspira Santa Marta Hotel foi premiado como Melhor Hotel Eco/Green de Luxo pelo World Luxury Awards em 2018 e 2019. O que significa este conceito de “Green Hotel”?

A criação de um conceito de hotel ecologicamente sustentável significa ter a sustentabilidade como valor base e transversal a todo o projeto, ligando-o desde edifício, à equipa e a toda a cadeia de valor do hotel. A sustentabilidade é colocada no centro da estratégia do negócio de um ponto de vista holístico, sendo sentida e vivida por toda a organização, onde se incluem também todos os stakeholders que partilham o mesmo propósito.

Na definição da sua estratégia de gestão, o Inspira pretendeu equilibrar os aspetos sociais, ambientais e económicos, tendo em conta a cadeia de valor e envolvendo ativamente todos os seus parceiros na implementação de soluções alternativas, com preocupações ambientais e com a comunidade, sem descurar os melhores produtos, serviços e experiências ao seus clientes.

O que vos motivou a ser um espaço sustentável que privilegia o respeito e preocupação ambiental e social?

Uma das principais motivações na criação de um modelo de turismo mais responsável, foi a consciência do impacto que o turismo tem a nível ambiental, social e económico, na sociedade e no mundo. Acreditamos que, a nível global, o desenvolvimento do Turismo e do setor hoteleiro em particular, terá que passar, inevitavelmente, pela adoção de práticas mais sustentáveis.

Outra das motivações passou pela definição clara de um propósito da marca, em torno da sustentabilidade, com a capacidade de unir todas as partes interessadas num mesmo objetivo, trazendo para si uma vantagem competitiva na perceção da marca, assegurando o seu crescimento e tentando criar um modelo de mudança de paradigma na indústria do Turismo. Através do seu propósito sustentável, a marca consegue entender o impacto real gerado pela sua atividade, contribuindo para  a criação de valor e bem-estar da sociedade onde se insere, funcionando como um transformador, tanto para a empresa quanto para todo o ecossistema que a envolve.

 

Que práticas sustentáveis do dia-a-dia do hotel podemos destacar?

A adoção de práticas sustentáveis, sempre foi uma preocupação do Inspira e, algo que foi projetado desde o início da conceção do conceito do hotel e que implementamos diariamente, nas mais diferentes áreas da nossa atividade.

O Inspira Santa Marta Hotel define metas de sustentabilidade ambiental e faz a sua monitorização, com o objetivo de diminuir a sua pegada de carbono, reduzindo e promovendo a utilização eficiente dos recursos naturais, evoluindo sempre para melhorias, tendo por base a informação que recolhe das métricas avaliadas.

Podemos destacar, entre outras, na fase de construção a opção por materiais e isolamentos mais sustentáveis como a madeira, utilizada na decoração do lobby e a cortiça utilizada no pavimento de alguns quartos, a reciclagem dos resíduos da construção, a adoção de materiais de origem local, e a opção por soluções que promovam a redução dos consumos e a longevidade de materiais e equipamentos.

A nível energético a utilização de energia elétrica obtida de fontes 100% renováveis, iluminação LED, painéis solares para aquecimento de águas sanitárias, sensores de iluminação nas áreas públicas e lobby iluminado com luz natural e reaproveitamento de fontes térmicas para aquecimento de água.

A nível hídrico a colocação de redutores de caudal em todas as torneiras, autoclismos de dupla descarga, torneiras com sensores, sistemas de doseamento de detergentes e produtos de higiene e limpeza ecolabel e biodegradáveis.

Ao nível da gestão de resíduos, o nosso trabalho diário inicia-se na prevenção da sua produção, e sensibilização para a redução. Promovemos e sensibilizamos os nossos clientes para a separação seletiva dos resíduos produzidos, quer seja nos quartos, quer nas áreas públicas e para a redução do desperdício alimentar nos buffets de pequeno-almoço e almoço. Adotamos procedimentos paper less, desde a abertura do hotel, nos vários departamentos e através nas nossas salas de conferências e reuniões, auditório com o conceito green mettings, sensibilizando os nossos clientes em todas as fases da sua estadia, para a adoção dos mesmos procedimentos.

Ao nível da redução do plástico, referir a existência de doseadores de amenities nos quartos, sistema próprio de engarrafamento da nossa água em garrafas de vidro reciclado e reutilizável e substituição no restaurante e bar das palhinhas de plástico por palhinhas de massa, 100% biodegradáveis. Na cobertura do edifício dispomos de quatro hortas urbanas onde plantamos alguns legumes e ervas aromáticas utilizadas no nosso restaurante e bar.

Os nossos hóspedes têm um papel fundamental no sucesso da implementação das  medidas de sustentabilidade que adotamos, sendo nossa missão promover e sensibilizar para a mudança de comportamentos. Com a sua estadia, os nossos hóspedes podem apoiar projetos sociais, participar nas nossas iniciativas internas e contribuir com 0,20€ (incluído no valor da sua tarifa), no apoio a  projetos de compensação de carbono relacionados com o combate às alterações climáticas, refletindo a compensação de parte da sua pegada de carbono, da viagem e estadia que realizam.

Este é um processo em constante evolução e que envolve toda a equipa, além de parceiros com quem tentamos desenvolver novas opções e soluções para redução de consumos, otimização de recursos e redução da pegada de carbono.

boutique hotel sustentável

 

A política de sustentabilidade do Inspira Santa Marta Hotel já lhe conferiu diversas premiações e certificações. O que significam estas distinções para o hotel? De que forma vos motiva a fazer mais e melhor?

Todos os Prémios e certificações conquistadas ao longo dos anos são um inequívoco reconhecimento do nosso compromisso para com a sustentabilidade e o reflexo de todo o empenho e trabalho desenvolvido nas diferentes áreas de sustentabilidade.

Significam uma vantagem competitiva e um incentivo para continuarmos a inovar e a criar um caminho único na sustentabilidade na hotelaria de cidade, continuando a ser uma referência e a consolidar um dos pilares fundamentais de desenvolvimento da marca Inspira e, que caracteriza o seu ADN.

 

Que tipo de serviços disponibilizam aos vossos hóspedes?

O Inspira Santa Marta Hotel tem 89 quartos concebidos e decorados segundo os princípios do Feng Shui e os seus cinco elementos: Terra, Fogo, Água, Metal e Árvore. Dispõe de sete suítes, dois quartos adaptados a pessoas com mobilidade reduzida e quartos adaptados a pessoas com alergias, sendo especialmente equipados e limpos, utilizando um sistema recomendado e certificado pela ECARF (Centro Europeu de Pesquisa em Alergia).

Dispõe ainda de cinco salas de reunião com capacidade máxima para 110 pessoas, um auditório com capacidade para 48 pessoas, onde poderá realizar as suas reuniões segundo um conceito inovador Green Meetings.

Um Urban Bar e um restaurante de gastronomia portuguesa, o Open Brasserie Mediterrânico, certificado “Glúten Free” pela Associação Portuguesa de Celíacos e com um conceito gastronómico assente na cozinha mediterrânica, apostando em produtos nacionais, locais e de época e oferecendo opções vegan, vegetarianas ou sem lactose.

Uma zona de SPA com várias salas de tratamento e um Wellness Center com sauna, jacuzzi, banho turco e uma sala de fitness totalmente equipada.

O hotel possui ainda um parque de estacionamento com 87 lugares, entre os quais  lugares reservados a veículos eléctricos.

sala reuniões hotel

 

Relativamente ao vosso compromisso social, que iniciativas têm desenvolvido?

São muitos os projetos sociais nos quais a marca Inspira se têm envolvido ao longo dos anos. Destacamos o apoio à ONG Pump Aid através de donativos resultantes da venda da nossa água, contribuindo para o fornecimento de água potável e construção de poços em comunidades em África, que necessitam e que não têm acesso a água potável e saneamento.

Para além do acesso à água potável, esta nossa parceria apoia programas de educação para a saúde e nutrição, bem como estimulação do empreendedorismo na comunidade, criando empregos e potenciando as economias locais em países em desenvolvimento, nomeadamente, no Malawi, um dos países mais pobres do mundo. Esta foi uma iniciativa que implementamos desde a abertura do hotel e até ao momento, o Inspira já co-patrocinou a instalação de sete bombas de água.

Apoiamos muitas outras instituições sem fins lucrativos através de donativos, tempo e com os nossos recursos. Destacamos a promoção do trabalho de duas instituições nacionais, a APPDA Lisboa e a Fundação Rui Osório de Castro, na receção do hotel e cujas receitas revertem na íntegra para apoio aos seus projetos, assim como integrámos na decoração do SPA do hotel, algumas peças de cerâmica produzidas por crianças, jovens e adultos autistas da APPDA Lisboa. Destacar também a parceria com o programa HOSPES by AHP, através do projeto We Share, que consiste na doação de materiais ainda em bom estado de conservação, tais como: mobiliário, equipamentos de cozinha, equipamentos eletrônicos, roupas de cama e wc, palamenta, entre muitos outros, a instituições de ação social que deles necessitam.

No entanto, o nosso compromisso social inicia-se internamente e, ao longo dos anos, muitos têm sido os projetos desenvolvidos com a nossa equipa. De destacar, o projeto Inspira One, no qual o hotel identifica e apoia uma necessidade social interna de um colaborador e/ou sua família.

Foto Perfil ISM

Patrícia Marques

Patrícia Marques integra a equipa do Inspira Santa Marta, em 2018, com a função de Sustainability & Development Manager. Tem 39 anos, é natural de Setúbal e é formada em Tecnologias de Produção e Transformação Agro-Industrial pela Universidade Nova de Lisboa – Faculdade de Ciências e Tecnologia. Recentemente, concluiu o curso Purpose Driven Business na Católica Lisbon School of Business and Economics. É responsável pelo departamento de sustentabilidade do hotel, tendo como principal função o desenvolvimento e acompanhamento da Política de Sustentabilidade em toda a operação, fazendo a ligação com todos os departamentos e partes interessadas, envolvendo toda a equipa e os Clientes no mesmo propósito. É ainda responsável pela coordenação e acompanhamento dos processos de certificação ao nível da qualidade e sustentabilidade.

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A Erva Príncipe é um espaço acolhedor no bairro da Ajuda, em Lisboa, que combina uma mercearia fresca e cuidada com uma sala de chá. Valoriza a produção local e artesanal, e já é considerada um ponto de referência para quem visita esta zona. Fomos conversar com as suas fundadoras que nos deram a conhecer melhor este espaço com características muito próprias.

Há quanto tempo existe a Erva Príncipe e como surgiu a ideia?

Somos arqueólogas de formação e profissão; durante muitos anos, o nosso dia a dia era passado entre escavações e artefactos arqueológicos. Mas a nossa vida subitamente mudou e começou a germinar a vontade de fazer outras coisas… Entre as duas, fizemos muitas coisas: catering, gestão de projetos, alojamento local, entre outras. Mas ainda não era suficiente; queríamos ter um espaço nosso, onde pudéssemos partilhar sabores da cultura portuguesa e os seus artesãos da comida.

A Erva Príncipe desabrochou em junho de 2018.

mercearia de bairro

 

Porquê escolher a Erva Príncipe para dar nome?

A identidade de um espaço e a sua imagem dizem muito sobre cada projeto. Erva Príncipe surge por vários motivos: a associação a ervas aromáticas e a tisanas; a intensidade do aroma e do cheiro da erva-príncipe, que adoramos e, finalmente, a dualidade do nome Erva – mais mundano, facilmente associável à mercearia de bairro e ao comércio local; e Príncipe, que remete para a história palaciana da Ajuda e para a beleza da nossa sala de chá.

 

Referem que, na vossa mercearia e cafetaria, servem produtos artesanais. Como chegam a eles?

No início, contactámos produtores cujos produtos consumíamos pessoalmente, depois muita pesquisa, sempre.

 

Qual a importância dos produtos biológicos na vossa oferta?

O nosso projeto assenta primeiramente na produção Local e Artesanal. Porém, fazemos questão de ter, sempre que possível, produto português com certificação biológica. Por exemplo, todos os nossos chás são BIO.

Pela nossa experiência, muitos produtores pequenos não procuram a certificação como «produto BIO» pelos seus custos, apesar de todos os cuidados que têm com a sua produção.

mercearia alimentos

Qual o produto com maior procura na vossa mercearia?

Naturalmente, com o ano atípico que vivemos, há uma grande alteração no consumo e nós tentámos adaptar às necessidades dos nossos clientes.

Na mercearia, o cliente procura o pão artesanal, os cabazes de fruta e legumes e os queijos (que são deliciosos!). As refeições ligeiras e o brunch confecionados com os produtos da mercearia são muito apreciados na sala e na esplanada.

 

Na cafetaria, apostam em menus de brunch diversificados. O que os clientes mais valorizam?

O nosso brunch de sábado muda todas as semanas, consoante a inspiração e a sazonalidade dos produtos. Esta variedade, a frescura dos produtos e o sol da nossa esplanada são muito valorizados. E não esquecer as panquecas!

 

Que tipo de cliente têm na mercearia e cafetaria? São a mesma pessoa?

Curiosamente, não. Temos, genericamente, dois tipos de clientes: os que gostam de experimentar produtos novos da mercearia e levam para casa para cozinhar e os que preferem consumir no local.

mercearia

O vosso espaço é muito típico e bonito. A escolha e decoração do espaço foram fatores críticos para a abertura?

O espaço é lindo e nós ficamos apaixonadas por ele no momento em que o visitámos; depois, a Erva Príncipe já não fazia sentido noutro local. A sala, com os tetos trabalhados, a luz e os espelhos decorados, era suficientemente encantadora. A decoração é nossa e é o reflexo do conceito que as duas sócias queriam transmitir: uma mercearia local onde o cliente pode provar todos os produtos, numa sala cheia de luz, beleza e tranquilidade.

 

A procura pela mercearia Erva Príncipe tem aumentado? Como têm divulgado o vosso espaço?

Sim, estar no bairro na Ajuda tem os seus desafios, mas, gradualmente, as pessoas chegam até nós, geralmente por recomendação de um amigo.

A divulgação centra-se nas redes sociais e no contacto direto com os clientes, que pensamos se sentem bem recebidos!

 

Sentem os vossos clientes cada vez mais preocupados com a origem dos produtos, ou focados apenas na relação qualidade/preço?

Esta é uma questão bastante geracional, mas sim, há um aumento crescente de uma consciência relativa à produção nacional, com qualidade e uma preocupação crescente com a pegada ecológica.

 

Sentem o aumento de oferta na área das mercearias de bairro como um problema, ou algo bom?

Num bairro como o da Ajuda, a abertura de mais comércio de rua é fundamental e salutar, independentemente da área de negócio. Precisamos de gente a circular, de movimento e alegria nas ruas do bairro, sempre com o devido cuidado devido à pandemia, claro!

Que impacto teve o confinamento no vosso negócio? E como lidaram (e estão a lidar) com a existência da pandemia?

Abrir um negócio por conta própria e, passados dois anos, depararmo-nos com uma pandemia foi e está a ser um desafio. No primeiro confinamento, foi muito difícil, admitimos: todos, incluindo nós, estávamos muito ansiosos sobre o que estávamos a viver, sobre o que podíamos ou não fazer e com imensos receios com a saúde pública.

Adaptámo-nos gradualmente e respeitando os nossos ritmos e medos pessoais. No segundo confinamento, estávamos mais confiantes e achamos que conseguimos oferecer aos nossos clientes o que eles precisavam numa fase em que estavam mais em casa.

 

Têm possibilidade de levar sopa, refeições e tostas para casa. As pessoas procuram esta opção?

Temos serviço de take-away, sim. Naturalmente, a procura aumentou com os dois confinamentos.

 

Como descrevem o vosso espaço?

A Erva Príncipe é um espaço versátil onde podemos encontrar um pouco de tudo: artesanal, português e guloso!

No espaço da mercearia: as simples ervas, queijos, fruta e legumes para a nossa casa. Na sala de degustação: um espaço bonito, principesco e calmo onde podemos relaxar e conversar bebendo uma limonada ou uma cerveja artesanal, petiscando algo⁠.

Uma carta simples, cheia de sabores autênticos e frescos, que inclui sumos naturais, tostas abertas, saladas e tábuas confecionadas consoante o que a natureza disponibiliza. Diretamente da mercearia para a mesa!

 

Que ambições têm para o futuro?

(Risos) Ter mais tempo livre para nós. Atualmente, as duas sócias trabalham onze horas, cinco a seis dias por semana.

Mas agora, a resposta oficial: manter a qualidade, apoiar cada vez mais produtores e artesão portugueses e ter a capacidade de oferecer sempre um sorriso a cada cliente que nos visita.

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A SUMOL+COMPAL é uma marca que há muito tempo está presente na mesa dos portugueses, sendo uma empresa de destaque nos mercados de bebidas não-alcoólicas. Assumem que “a sustentabilidade faz parte de nós”, por isso fomos perceber melhor no que consiste esta afirmação.

Nesta conversa com Maria Martins, procurámos perceber que ações têm desenvolvido ao nível da sustentabilidade, de modo a responder aos desafios do mundo empresarial e consumidores cada vez mais exigentes.

A SUMOL+COMPAL diz, através do website, que “a sustentabilidade faz parte de nós”. Em que consiste na prática?

“É da Nossa Natureza deixar um legado sustentável para as gerações futuras, que sirva igualmente de homenagem àqueles que antes de nós, com o seu trabalho e dedicação contribuíram para que aqui pudéssemos ter chegado hoje.”

Na SUMOL+COMPAL vemos a sustentabilidade como uma fonte de oportunidades para fomentar o crescimento contínuo do nosso negócio e encaramos cada desafio como catalisador para a melhoria contínua da nossa atividade. Neste sentido, procuramos diariamente reduzir a nossa pegada ambiental, potenciar os nossos colaboradores e apoiar o desenvolvimento positivo da sociedade, ao mesmo tempo que inovamos para satisfazer os nossos clientes e consumidores e responder a uma realidade cada vez mais exigente.

A SUMOL+COMPAL trabalha os temas de sustentabilidade há vários anos, mas 2018 foi marcante para a empresa, com a revisão da sua estratégia de sustentabilidade e consequente publicação da sua Agenda de Sustentabilidade, para 2025. Esta Agenda de Sustentabilidade é o resultado de vários meses de trabalho interdisciplinar, em que foram envolvidas diferentes áreas e equipas da empresa a fim de criar uma estratégia completa, transversal e intrínseca a toda a SUMOL+COMPAL, ao mesmo tempo que está alinhada, e faz cumprir, uma importante parte do nosso propósito: “Orgulhamo-nos de contribuir diariamente para um mundo mais sustentável.” Adotando uma visão holística, de partilha e de longo prazo, a nossa Agenda de Sustentabilidade veio reforçar a criação de valor económico com um modelo de gestão mais responsável, que contribui de forma eficaz para o bem-estar societal.

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Quais são os vossos compromissos a nível de sustentabilidade?

São vários (mais de 20), e seria longo elencá-los todos neste texto. Destaco, contudo, alguns, que, pela sua premência e atualidade nos parecem mais prioritários à data.

A nível de energia, queremos otimizar a sua utilização nas nossas instalações, ao mesmo tempo que promovemos a diminuição da emissão de gases de efeito de estufa ao longo da nossa cadeia de valor (instalações, frota, equipamentos de frio, distribuição externalizada, etc.). Temos como objetivo contribuir para o cumprimento da neutralidade carbónica mundial, pois acreditamos que “todas as emissões contam”.

No que refere a embalagens, a aposta é contribuir positiva e ativamente para uma economia mais circular, e para a redução dos impactos negativos indiretos que as nossas embalagens têm ao longo do seu ciclo de vida. Se por um lado estamos comprometidos, “dentro de casa”, a melhorar o ecodesign das nossas embalagens, por outro lado promovemos ativamente a separação e recolha seletiva dos resíduos pós-consumo, nomeadamente através de mensagens on pack e off pack das nossas marcas.

Em matéria de água, procuramos uma utilização cada vez mais sustentável e eficiente deste recurso no nosso processo produtivo, e pretendemos reforçar parcerias com stakeholders locais para uma gestão mais responsável nas comunidades onde nos inserimos. Ainda na esfera ambiental, comprometemo-nos a incentivar a produção local e de proximidade, e a contribuir para um fornecimento mais responsável das nossas matérias-primas.

Continuar a desenvolver os melhores produtos e desenvolver programas de nutrição positiva, é, e será sempre, o nosso compromisso para com os nossos consumidores, de forma a promover e contribuir para a adoção de uma dieta saudável e equilibrada, não apenas em Portugal, mas em todo o mundo.  Juntando conhecimento, arte, ciência e inovação, apostamos em produtos que promovam a saúde e bem-estar, ao mesmo tempo que vão de encontro às diferentes exigências de consumo.

Vamos, naturalmente, continuar a contribuir positivamente para o bem-estar dos nossos colaboradores, as Nossas Pessoas. Não esquecendo nunca a importância de nos envolvermos com a comunidade, e, juntos, podermos construir uma sociedade mais justa, informada e equilibrada.

 

De que forma esses compromissos se refletem nos vossos produtos e desenvolvimento de novos?

A Agenda de Sustentabilidade da SUMOL+COMPAL é uma peça transversal a toda a empresa, e, como tal, reflete-se na nossa atividade diária. E isso não é, naturalmente, exceção para as nossas marcas e produtos.

De facto, vários dos compromissos que temos em matéria de sustentabilidade declinam diretamente em objetivos para os nossos produtos, quer novos, quer já existentes. São exemplos disso: a cada vez maior procura por matérias-primas de fruta e vegetais de proximidade, o aumento da incorporação de materiais reciclados (nomeadamente plástico) e de materiais de fontes renováveis geridas de forma sustentável (cartão e bioplástico) que temos observado em várias das nossas embalagens, o ecodesign das nossas embalagens que visa a sua maior reciclabilidade e circularidade, o aumento da naturalidade e a redução contínua de açúcar adicionado dos nossos produtos, entre outros.

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Como gerem o fim de vida dos produtos? Dispõem de estratégias para a reciclagem?

A gestão dos resíduos gerados nas nossas instalações é feita em parceria com um operador especializado, que faz a recolha e correto encaminhamento dos mesmos.

Quanto ao fim de vida dos nossos produtos (ou seja, das nossas embalagens), apelamos a que os nossos consumidores façam a sua separação e deposição no ecoponto correto. Além da iconografia dos ecopontos que temos em todas as nossas embalagens, apostamos em várias mensagens on pack e off pack de incentivo às boas práticas de reciclagem – alguns exemplos são: “Não me trates como lixo. Sou 100% reciclável.” em Sumol; “Esta garrafa é 100% reciclável. É um recurso e não lixo. Deposite-a no ecoponto amarelo fechada com a tampa original.”, em Água Serra da Estrela, “Dê uma nova vida a esta embalagem.”, em Compal; entre outros. Também reforçamos esta comunicação nas redes sociais, e em materiais no ponto de consumo (como toalhetes, etc.).

Estamos, em paralelo, envolvidos no desenvolvimento e implementação dos Sistemas de Depósito e Reembolso a nível nacional, previsto entrar em vigor no início do próximo ano, e que reforçará o sistema nacional de recolha seletiva de resíduos de embalagem.

Ainda, numa ótica de economia circular, temos alguns produtos em embalagens de vidro reutilizáveis, que após consumo no ponto de venda, regressam às nossas instalações para serem lavadas e reenchidas.

 

Relativamente às embalagens da SUMOL+COMPAL, de que forma estas contribuem para um mundo mais ecológico?

A nível de desenvolvimento de embalagem, historicamente temos feito várias melhorias (otimização de peso, eliminação de material não essencial, etc.). Contudo, este compromisso tem ganho cada vez maior relevância dentro da SUMOL+COMPAL, não apenas com a aposta reforçada na incorporação de materiais reciclados (em particular plástico) e renováveis (nomeadamente cartão e bioplástico), mas também no ecodesign direcionado para aumentar a reciclabilidade e circularidade das embalagens no final do seu ciclo de vida.

Um exemplo recente, são as nossas novas embalagens de 1L de Compal Tetra Stelo™ Aseptic, que, compostas no mínimo por 86,5% de material de origem vegetal, são responsáveis por menos 20% de emissões CO2 quando comparadas com a referência de origem não vegetal. Além disso, pesam menos 14% do que a embalagem anterior, e a sua tampa provém de plástico de origem vegetal, produzido a partir da cana de açúcar.

 

A distribuição é um dos grandes desafios ambientais. Como gerem esta questão?

Sim, a logística de distribuição é responsável por uma importante “fatia” da pegada de carbono da SUMOL+COMPAL. Nesse sentido, e sabendo que a grande maioria desta distribuição é feita por operadores logísticos externos, o trabalho tem sido sempre feito em parceria. Apostando em software especializado, temos vindo a otimizar as rotas em todo o país ao longo dos anos, e, em paralelo, apostado na logística inversa.

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Que iniciativas têm desenvolvido de modo a contribuir para a sustentabilidade das comunidades?

Na SUMOL+COMPAL doamos anualmente cerca de 500.000 litros dos nossos produtos a entidades sociais de norte a sul do país, que visam a ajudar a colmatar necessidades de hidratação e nutrição. Procuramos estabelecer relações duradouras com estas entidades, de forma a garantir uma continuidade – mês após mês, ano após ano – deste apoio.

Em paralelo, respondemos proativamente a situações de “crise” nacional. Além do apoio em situações de incêndios, neste último ano o foco tem sido, naturalmente, a ajuda às entidades médicas que estão na linha da frente ao combate à pandemia por COVID-19, com entrega de Água Serra da Estrela e sumos Compal.

 

A SUMOL+COMPAL nasceu em Portugal, mas tem uma grande vocação internacional. Onde sentem que o vosso compromisso com a sustentabilidade é mais valorizado? Porque acham que tal acontece?

O nosso compromisso com a sustentabilidade é assumido de forma global pela empresa. É verdade que as prioridades em matéria de sustentabilidade são bastante diferentes quando estamos a falar com os consumidores em Portugal ou em África, por exemplo, mas tentamos trabalhar de forma transversal, adaptando-nos aos desafios mais específicos dos mercados onde atuamos.

Maria Sousa Martins

Nascida em Macau em 1988, a Maria viveu em Barcelona (Espanha), Ilha do Sal (Cabo Verde) e Paris (França), para além de Lisboa. Em paralelo, fez viagens pelos “quatro cantos do mundo”, que lhe trouxeram inúmeras e variadas experiências, que acredita fundamentais para o seu enriquecimento não só pessoal, mas também profissional.

As preocupações com estilos de vida responsáveis, a conservação ambiental, as alterações climáticas e outros temas relacionados com o desenvolvimento societal equilibrado são, e sempre lhe foram, intrínsecos a nível pessoal, mas não tem dúvida que a aposta numa formação específica em sustentabilidade foi absolutamente crucial para se tornar a profissional que é hoje.
A Maria tem formação em Biologia Marinha, que completou com um segundo mestrado em Ciências do Clima. Em 2014 completou uma pós-graduação em Gestão da Sustentabilidade, que, pelo seu cariz técnico e prático, lhe reforçou as suas competências para “gerir a sustentabilidade” de forma estratégica e transversal a nível empresarial.

Profissionalmente, abraçou vários projetos diferentes – trabalho de campo em proteção de tartarugas marinhas, análise de vídeos do fundo do mar, consultoria ambiental, organização de eventos sustentáveis – antes de se cruzar com aquele que considera o seu maior desafio até à data: trabalhar a estratégia de sustentabilidade da SUMOL+COMPAL

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O que alguns consideram “lixo”, outros consideram “luxo”.  No meio de retalhos de tecidos e botões antigos nasceu a Daniela Ponto Final. Esta marca portuguesa dá uma nova vida à matéria-prima que já existe, produzindo peças únicas e cheias de personalidade.

Daniela Duarte contou-nos a sua paixão por transformar materiais antigos em peças jovens e atrativas nos dias de hoje. A oferta da indústria da moda não a satisfazia, e por isso criou a Daniela Ponto Final para que quem usa as suas peças nunca se sinta “mais um(a)”.

A Daniela Ponto Final nasceu em 2010, numa altura em que a sustentabilidade não tinha o peso que hoje tem na indústria da moda. De onde veio a ideia para esta marca que desde o início assumiu um compromisso sustentável?

Na verdade, a marca surgiu como uma necessidade pessoal de dar resposta às minhas expectativas relativamente ao vestuário e enquanto consumidora de moda. Desde muito pequenina que vestia (e ainda visto!) peças de roupa feitas pela minha avó Fernanda, cresci no meio dos “trapos” e dos sapatos nos negócios da família e, talvez, de alguma forma, esse contexto tenha influenciado o meu percurso. Não me identificava com a oferta da indústria, nunca quis ser “mais uma” na forma como expressava através do guarda-roupa e, como tal, quando comecei com a daniela ponto final também não faria sentido traçar o rumo de outra forma.

Comecei por produzir peças para mim com a ajuda preciosa da minha avó e com restos de tecidos das clientes dela, ou com pequenos retalhos comprados em comércio local e, na verdade, não tendo o compromisso ético e moral da Sustentabilidade na Moda assumido, todo o processo e caminho tem sido esse desde o começo; fornecedores locais, preferência e valorização da produção local (costureiras em casa e/ou pequenas confeções familiares), condições e remuneração do trabalho adequados, eu própria vou para a máquina de costura, produções de pequena escala, peças únicas, personalização dos produtos como serviço prestado aos clientes…atualmente leciono Sustentabilidade na Moda na ESART-IPCB e há medida que preparava as aulas teóricas, dava comigo a reconhecer e validar muitas das opções que fui tomando e acredito serem mais corretas nesta área no que diz respeito ao meu trabalho.

DPF retalhos de tecidos

“O que fazer com o que já existe?”: esta questão retrata um dos desafios da sustentabilidade, e um tema importante para a Daniela Ponto Final. Na prática, de que forma esta preocupação esta presente na marca?

Pessoalmente, sou fã do “antigamente”, adoro visitar o armário da minha avó, tenho imensas saudades das histórias que o meu avô Armando contava e que hoje, com Alzheimer, só as memórias de infância me permitem reconfortar o coração de alguma forma, adoro visitar feiras de antiguidades, a própria imagética que crio quando estou em contacto com objetos, música, as páginas amarelas e dedicatórias nos livros em segunda mão, tudo isso é material para me fazer viajar para outros tempos que não forma os meus. É inacreditável a quantidade de coisas que as pessoas adquirem e rapidamente as descartam! Costumo dizer que “Lixo é Luxo” e acredito mesmo nisso! É só prestarmos um bocadinho mais de atenção, permitirmos abrir e relaxar os sentidos e encontramos autênticos tesouros!

Há imensa matéria-prima, excedentes de confeções maiores, tecidos há anos em prateleiras nas retrosarias, botões e outros aviamentos, porque não trabalhar com o resto dos outros? Não posso ter um trabalho de autor por dar uso ao que já existe e não serve? Porquê? Quanto mais antigo, mais desafiante é para mim, até para o tornar atrativo novamente nos dias de hoje… além disso,  a “Moda” é um ciclo, tudo se repete e todos nós somos reflexo de várias influências.

 

A Daniela Ponto Final apresenta peças únicas que combinam diferentes cores e padrões. Qual é a fonte de inspiração para criar estes artigos?

Acho que já respondi um bocadinho sobre isto anteriormente, mas também é um processo muito intuitivo, de improviso…tenho sempre que ter os materiais comigo e só depois permito-me “ouvir” as suas histórias e propor-lhes de igual forma as “minhas histórias”. Desenho, planifico, mas a maior parte das vezes improviso sempre durante a modelagem e confeção e até no acabamento das peças…

 

Quais os principais desafios que encontrou enquanto designer de uma marca de slow fashion portuguesa?

Antes de mais, foi tentar perceber se faria sentido para mim , assumir o ritmo da indústria como hoje ela nos chega.

Uma peça de roupa, para mim, é muito mais do que um pedaço de pano para cobrir o corpo. É uma extensão da minha personalidade, crio laços emocionais com as peças e custa-me muito desfazer-me até da sobra do corte das peças que produzo na marca… Se, numa primeira fase ponderei essa abordagem no meu trabalho, seguir os calendários e coleções intermináveis, a verdade é que me estava a contrariar, para não falar do esforço e exaustão mental enormes e fisicamente também é bastante violento. Em 2016, tive uma experiência menos boa devido ao ritmo que seguia, poucas horas de sono, demasiadas horas de trabalho, acabei em fisioterapia facial, muito menos café e fui obrigada a abrandar. Percebi que se eu demorar mais um bocadinho, o mundo não vai parar de girar, o cliente daniela ponto final também não adquire uma peça porque “precisa”, mas porque pretende algo diferente, que vai para além de seguir tendências… Respeitar os ciclos dos processos, das pessoas, dos materiais, faz muito mais sentido para mim.

 

O que caracteriza o público-alvo da Daniela Ponto Final? Que tipo de peças mais procura?

Para mim é um bocadinho difícil responder a essa pergunta, porque é que tenho que excluir alguém? Prefiro o contrário, quem escolhe dizer “é daniela ponto final” fá-lo de forma consciente, sem receio de julgamentos por misturar grafismos ou “abusar” na paleta cromática…a vida já é tão aborrecida para acrescentar mais limites ou barreiras… é uma forma de estar, “é daniela, ponto final!”

As camisas das séries DANIELA’SHIRT são sem dúvida o produto com mais procura pelo público.

 

Que perceção ambiciona que as pessoas tenham quando usam uma peça da Daniela Ponto Final?

Eu gosto mesmo muito do que faço, vai para além do “amor à camisola” e, talvez por isso, me zangue muitas vezes com os trapos e sinta necessidade de parar e experimentar outras coisas… invariavelmente acabo sempre por trabalhar com tecidos e trabalhar muito com as mãos, valorizar cada vez mais as técnicas artesanais de produção e ornamentação do vestuário… tenho tido a sorte de estar envolvida em alguns projetos criativos e com uma forte componente social, a convite da Associação de Jovens Ecos Urbanos, São João da Madeira (e estou mesmo muito grata à Maria João Leite) pelos convites nos últimos anos, e que me tem permitido conhecer pessoas (a maior parte tornam-se avós adoptivas) e ouvir, ouvir o que têm para contar… ainda mais na situação pandémica em que vivemos, num isolamento forçado… faltam as emoções!… é importante para mim que as pessoas saibam que existe uma Daniela e que essa Daniela é todas as “Danielas” no processo. Existem pessoas que fazem acontecer, não são máquinas, leva tempo, mas esse tempo é dedicado a cada uma das pessoas que veste e diz “é daniela ponto final!”

Continuo a crer que ter amor naquilo e por aquilo que fazemos faz toda a diferença e não seria capaz de propor e assinar uma peça se não tiver sido feito com esse super ingrediente!

DPF retalhos de tecidos

Onde podemos encontrar a Daniela Ponto Final à venda?

daniela ponto final está disponível no website da marca, mas também nas redes sociais Facebook e Instagram (@adanielapontofinal) e com um retorno muito mais rápido do que no próprio site. Fisicamente, é possível encontrar daniela ponto final no Porto, na CRU-LOJA (Rua do Rosário 211), sob a curadoria das maravilhosas Virgínia França e Tânia Santos.

Daniela Duarte

Daniela Duarte, natural de São João da Madeira (1987), é Designer de Moda e fundadora da marca “Daniela Ponto Final” (2010).
Assistente Convidada pela Escola Superior de Artes Aplicadas do Instituto Politécnico de Castelo Branco, leccionou e lecciona unidades curriculares afectas à Licenciatura em Design de Moda e Têxtil, como Design de Moda, Sustentabilidade na Moda e Confecção.
Artista Convidada pela Associação de Jovens Ecos Urbanos na integração do “Projecto Habitus” com o grupo de trabalho da Oficina de Costura da Associação Mente em Movimento (2020/2021 – a decorrer); Residência Artística “Bordado A Matiz”, designer convidada pelo Centro Regional de Artesanato dos Açores (2019/2020).
Formadora e dinamizadora do Workshop “Tecelagem Improvisada” (2019); Artista Convidada pela Associação de Jovens Ecos Urbanos na integração do Projecto Labirinto Sensorial com as obras “Bolo de Laranja à Hora do Chá” (Bordado em Fotografia com o grupo de trabalho Clube de Tricôt do Orreiro) (2019) e “Never Ending – Knitting Ambience” (maxi tricôt com desperdício têxtil com o grupo de trabalho Clube de Tricôt do Orreiro) (2018).
Oradora convidada pela Universidade da Beira Interior no âmbito das Jornadas de Moda – Fashion Revolution Portugal (2018); Formadora convidada pela Sanjotec em co-promoção do workshop “Costura Criativa” no âmbito do programa internacional TCBL (2017).
Oradora convidada pela Universidade Aberta e Associação de Jovens Ecos Urbanos na tertúlia “Empreendedorismo no Feminino” (2016); Oradora convidada pela Fibrenamics em parceria com a Universidade do Minho na tertúlia “Do Conhecimento ao Mercado – Moda” (2015); Apresentação e venda ao público da marca “daniela ponto final” na Pop-Up Store WonderRoom ModaLisboa no período decorrente entre 2013 e 2018.

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Moda sustentável, criativa e atemporal. Estas são características que retratam a Marita Moreno. Uma marca portuguesa que tem feito um percurso a nível da sustentabilidade que tem-lhe conferido reconhecimento a nível internacional. Recentemente, recebeu um prémio atribuído pelo Global Footwear Awards e foi ainda nomeada para o Green Product Award, a única marca portuguesa candidata na categoria de moda.

À conversa com Marita Setas Ferro fomos conhecer um pouco do processo criativo destas peças únicas e exclusivas, e compreender como é percecionado o selo “Made in Portugal” a nível internacional.

Nasceu em 2008 mas foi em 2018 que a marca aprofundou o seu compromisso com a sustentabilidade. Como surgiu a Marita Moreno e o que originou a necessidade desta mudança posterior?

A Marita Moreno nasceu em 2008, como resposta à necessidade que senti em articular 3 áreas em que trabalhava e dava formação – escultura, design de moda e artesanato – em produtos de moda, neste caso vestuário. As peças de vestuário que desenvolvia e apresentava eram únicas ou series limitadas, com um design diferente e impactante, com intervenção artesanal têxtil, modeladas e confecionadas por mim – apercebi-me que a ligação e aplicação do artesanato têxtil português a produtos de moda não existia e com a riqueza que nós temos a nível dos têxteis em Portugal, seria muito interessante lançar uma marca com esses princípios – usar os têxteis tradicionais portugueses e as técnicas artesanais têxteis, em produtos de vestuário únicos e que este seria o futuro.

Em 2015 decidimos fazer um rebranding da marca e iniciar o trabalho com acessórios – sapatos e bolsas. Sempre defendemos princípios de sustentabilidade e éticos, responsabilidade social e transparência na produção e processo de desenvolvimento, ou seja, trabalhar com produção local e nacional, com a cultura e o património português, com artesãos e usar matérias primas endógenas e nacionais, são princípios que defendemos desde o início e por isso consideramos que nos preocupamos com a responsabilidade que tínhamos como marca, desde sempre.

Em 2017 percebemos e fomos também conhecendo uma serie de materiais mais sustentáveis que passamos a utilizar nas coleções a partir de 2018, como por exemplo a cortiça e o biocouro. E desde aí temos sempre vindo a aprofundar os nossos conhecimentos em materiais sustentáveis e a aplicar esses conhecimentos no design e produção das nossas peças.

moda sustentavel

Quais foram os desafios que encontraram quando decidiram ser uma marca mais amiga do ambiente?

Os desafios são sempre grandes e é preciso muita persistência e resiliência. Penso que existem dois grandes desafios: a montante sem duvida que são os novos materiais sustentáveis e ecológicos, a sua aplicação, a capacidade de criar novos produtos com materiais ainda muito recentes com todos os problemas inerentes, ou seja somo um laboratório onde fazemos parte do desenvolvimento de produtos inovadores com materiais inovadores; a jusante a capacidade que o mercado tem para entender a vantagem de comprar produtos sustentáveis e ecológicos, o porquê de serem produtos com um valor mais elevado – produção nacional, recursos endógenos, design inovador, linhas limitadas, materiais novos e sustentáveis – tudo isto são fatores que têm elevados custos que o mercado por vezes não compreende e ainda não esta disposto a pagar. Felizmente, neste último ano, sentimos um interesse enorme e um grande crescimento na vontade de aquisição de produtos sustentáveis, por isso estamos muito felizes sabendo que estamos a construir um caminho muito importante para uma maior sustentabilidade nacional e mundial!

 

Como é feita a escolha dos materiais e fornecedores? Que aspetos são mais valorizados ou mesmo imprescindíveis?

A escolha dos materiais é feita por mim – vou tomando conhecimento dos materiais que aparecem em feiras técnicas como a Mod’tissimo, da Selectiva Moda e estou inscrita em várias plataformas sustentáveis e de novos materiais, por isso fazemos uma investigação diária do que se vai fazendo de novo na área do sustentável, a nível nacional e internacional. Os materiais têm que ser sustentáveis – de origem natural ou reciclada, feitos em fábricas legais que cumpram com os critérios de legislação laboral corretos, com certificação e que estejam classificados positivamente em plataformas de avaliação sustentável. Os fornecedores são também escolhidos pelos seus materiais, visitamos as instalações e percebemos se são ou não adequados para trabalhar connosco. Privilegiamos os fornecedores nacionais, mas caso existam materiais que não são produzidos em Portugal devido à matéria-prima ser endógena de países distantes – pinatex, malai, bananatex, desserto – vamos procurá-los onde esses materiais são feitos da forma mais sustentável, procurando todos as informações disponíveis e solicitando envio de certificações e imagens ao vivo.

Para nós é fundamental percebermos quais as matérias-primas usadas na fabricação dos materiais, como foram obtidas, onde, por quem são feitos e de que forma. Na produção só trabalhamos com artesãos com carta de artesão e certificados e com fábricas que cumpram com a regulamentação de trabalho e de ambiente. Devido à forma cuidadosa como trabalhamos, obtivemos a certificação da PETA na nossa linha vegan, sendo também um fator importante na credibilidade da marca.

 

Os produtos da Marita Moreno apresentam um design atemporal, pensados para durar e não seguir tendências. Onde encontra a inspiração para criar novos artigos?

Preocupo-me muito com o processo criativo, com a introdução da cultura e do património português no design dos produtos, com os materiais que usamos e com a durabilidade dos nossos produtos. Com todos estes aspetos sempre presentes, a inspiração é o aspeto que faz a diferença de uma coleção para outra e que exterioriza o meu pensamento criativo e o cruzamento das áreas que eu gosto – design, arte, cultura, artesanato, arquitetura, literatura… A inspiração encontro-a nos livros que leio, nos filmes ou series que veja, em personagens marcantes, em animais do mar, em esculturas e pinturas que são marcantes para mim, em texturas da natureza… tudo para mim podem ser inspirações. A forma como os meus olhos vêm e o meu cérebro (treinado duma forma criativa) regista, interpreta e conjuga todas estas informações cruzando com paletas de cores, formas e volumes é que faz a diferença no design dos nossos produtos e por isso a diferença que temos de outras marcas – todos os criativos vêm de maneira de diferente e pensam de forma diferente e por isso as marcas têm uma identidade tão própria como as dos seus criativos.

sapato nomeado moda sustentavel

O modelo de sapato Dali Azores está nomeado para o prémio internacional de design sustentável Green Product Award 2021. Sendo a única marca portuguesa candidata na categoria de moda, o que significa esta nomeação para a Marita Moreno?

A nomeação que a marca teve para este prémio é muitíssimo importante – o Green Product Award é um dos prémios internacionais mais importantes na área da sustentabilidade e conseguir que um sapato nosso seja nomeado para finalista numa categoria de moda significa que a marca é reconhecida internacionalmente como uma das melhores na área da sustentabilidade. Significa também que estamos a fazer um excelente percurso e trabalho na que respeita à sustentabilidade e que os resultados estão a ser reconhecidos internacionalmente.

Aproveitamos para referir que nos foi atribuído no dia 10 de Abril, pelo Global Footwear Awards, na categoria Profissional, o prémio Ethical Manufacturing/Sustainable Manufacturing Process: Silver in Sustainable manufacturing process, Bronze in Mules, Bronze in Supporting local communities footwear business, Bronze in Bio-fabricated materials, Bronze in Fair wage footwear business – para nós foi mais um reconhecimento internacional de grande importância, dado que o Global Footwear Awards oferece reconhecimento em todas as categorias de calçados, da Moda ao Desporto, e em todas as fases de desenvolvimento, do design ao processo de fabricação e homenageia os melhores do setor, abordando criatividade, inovação, sustentabilidade e impacto social. O painel do júri é composto por profissionais líderes da indústria vindos da indústria de calçado, imprensa, retalhistas, instituições e influenciadores, fornecendo uma perspetiva geral da indústria para a seleção do melhor design, incluindo profissionais da Puma, Nike, Adidas, Vera Wang, Prada, Vogue Italia, Royal College of Art, assim como a Diretora do Museu do Calçado, em São João da Madeira.

 

Qual o perfil dos clientes da Marita Moreno? Como o caracterizam?

Temos 2 coleções – Homem e Senhora – a maior incidência é na coleção feminina, mais diversa – temos as linhas limitadas e as linhas não limitadas, enquanto no homem só temos as linhas limitadas. O nosso mercado divide-se cerca de 80% a 85% senhora e o restante homem. E temos clientes desde jovens em idade adulta a senhoras com quase 80 anos, o que é ótimo, pois a nossa cliente gosta de design e objetos diferentes, peças numeradas e únicas, confortáveis, com um design contemporâneo e distinto; o nosso cliente homem gosta de com qualidade, peças numeradas, com um design que se diferencie. Temos consumidores espalhados por todo o país e também com excelente reação em Espanha, França, Alemanha, Dinamarca, EUA e Austrália.

Marita Moda Sustentável

Sente que a maioria dos clientes chegam por serem uma marca sustentável, com um design exclusivo ou coleções limitadas?

Penso que a combinação de sermos uma marca sustentável com um design exclusivo é a fórmula certa para conseguirmos ter sucesso com os nossos produtos. A nível de consumidor final, sentimos que desde o início de 2020 que a sustentabilidade da marca é um fator preponderante na escolha dos nossos produtos, a escolha dos retalhistas recai mais no design e na qualidade dos nossos produtos. Sentimos também que a forma como estamos presentes nas redes sociais é fundamental para que os consumidores e os retalhistas percebam a consistência nos princípios que defendemos e que temos mantido na marca.

 

A Marita Moreno é uma marca portuguesa, mas também para outros países dentro e fora da Europa. Sente que os artigos “Made in Portugal” têm um peso relevante a nível internacional?

Sem dúvida! Quando falamos da qualidade de produção do sector do têxtil e do calçado na Europa, esta está intimamente ligada ao “Made in Portugal”. A qualidade do calçado feito em Portugal é excelente e somos procurados por todas as grandes marcas que pretendem produzir com qualidade. Acho que o próximo passo em que teremos todos de investir será o “Designed in Portugal” – apostar mais na capacidade criativa e na criação de marcas, pois temos produtos excecionais, com um design incrível que muitas vezes não conseguem ter a visibilidade e projeção a nível nacional e internacional que poderiam ter.

Foto Perfil MM

Marita Setas Ferro
Manager & Creative Director
Marita Setas Ferro é Manager & Creative Director da marca de moda portuguesa Marita Moreno. Sempre esteve envolvida na indústria da moda e outras áreas relacionadas: Professora de Design de Moda durante vários anos na Árvore Arts School no Porto, Portugal; e Escultora, com peças de arte relacionadas com a moda feminina. Além de liderar a marca, desenvolve ainda trabalhos e projetos na área de formação e ensino de moda.

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