Autor

Ricardo Lopes

Os temas centrais são a Corc Yoga e a escolha da cortiça como material principal para os tapetes de yoga, mas a entrevista é muito mais do que isso. É uma viagem sobre o que apaixonou Christine Moghadam em Portugal, tudo o que descobriu sobre a cortiça e quais as suas preocupações e ações para promover a saúde mental. E o que ainda está por vir.

Como é que uma americana se apaixona por Portugal e por uma matéria-prima portuguesa? 

Com muitos dias de sol por ano, Portugal é um destino cativante, repleto de uma cultura vibrante, paisagens de cortar a respiração, história rica, pratos deliciosos e simpáticos habitantes. O povo português é uma nação hospitaleira e acolhedora.

Portugal é um país seguro, limpo e acessível e tem um pouco de tudo, para todos.  Para qualquer americano que se fascine com a cultura de um país e com a sua história, Portugal oferece uma mistura perfeita de ambas. 

 

Porquê a cortiça e porquê o Yoga? 

Durante a minha estadia em Portugal, senti uma forte ligação com o povo e a cultura. Lembro-me de caminhar por um mercado em Lisboa e deparar-me com belas pulseiras de cortiça. Despertou-me curiosidade e comecei a ver cortiça por todo o lado. Pouco tempo depois aprendi que Portugal é o maior produtor de cortiça, produto de um sobreiro que regenera a sua própria casca. Tendo crescido no Noroeste do Pacífico, conhecido como a parte mais verde da América do Norte, sempre tive um profundo amor pela natureza. 

Quando cheguei a casa vinda de Portugal, senti-me na obrigação de encontrar uma forma de retribuir a este país que sentia como a minha segunda casa. Passei um ano a aprender sobre cortiça, contactando com fabricantes em Portugal e tendo como plano regressar com os meus filhos no ano seguinte.

Ao descobrir mais sobre o processo de fabrico da cortiça e a sua história profundamente enraizada em Portugal, senti o apelo para construir um negócio em torno deste material, com o objetivo de retribuir aos outros, particularmente à comunidade ligada à saúde mental. As propriedades da cortiça são importantes para mim, não só porque este é um material biodegradável e sustentável, mas também porque a sua exploração apoia as famílias que fizeram desta indústria o seu sustento.  

Fiquei muito comovida com o processo de extração, vi como o descortiçamento está realmente a curar a árvore e percebi que o sobreiro é um verdadeiro símbolo de sustentabilidade, prosperidade e regeneração. 

Como mãe de dois rapazes ativos, procuro sempre ter tempo para mim e vi no yoga um escape, mas o desafio era sempre arranjar tempo para o fazer. Também sabia que a comunidade do Yoga tem como preocupações o ambiente e as práticas sustentáveis. Decidi que um tapete de yoga seria uma forma perfeita de incluir todos os elementos extraordinários da cortiça.

A Corc Yoga está empenhada em fornecer os produtos de yoga mais naturais aos iogues e entusiastas do bem-estar, em todo o mundo, ao mesmo tempo que apoia práticas sustentáveis, salários justos e um meio ambiente limpo. Através do yoga, acreditamos que podemos ajudar a colmatar a lacuna entre a saúde mental e física. Por cada tapete de yoga vendido, a Corc Yoga doa uma percentagem para apoiar uma variedade de programas de saúde mental para jovens, incluindo o nosso parceiro em Portugal, a Desafio Jovem.

 

cortiça em portugal

 

Estando na Califórnia, como identificou os fornecedores e qual a sua opinião em relação a trabalhar com fornecedores portugueses? 

Enquanto família multicultural, as viagens tornaram-se uma peça central da nossa vida.  Por isso, quando chegou a altura de identificar os nossos fornecedores, sabíamos que isso significava outra viagem a Portugal. 

Contactei a Associação Portuguesa de Cortiça para me encontrar pessoalmente com eles. O meu marido e filhos estavam ansiosos por se aventurarem comigo nesta viagem.

Passámos várias semanas em Portugal, reunindo-nos com vários fabricantes e fornecedores. Encontrámos um fornecedor que estava disposto a juntar-se a nós no desenvolvimento do nosso tapete de yoga. Fiquei inspirada pelas suas práticas empresariais éticas e sustentáveis e queria apoiar as pequenas empresas. 

Embora as barreiras linguísticas possam, por vezes, ser um desafio, é uma grande alegria trabalhar com estas empresas. (Estou a aprender português e espero melhorar a minha comunicação). Antes da pandemia, encontrei-me com os fornecedores com bastante frequência durante as minhas visitas a Portugal. Tornámo-nos bons amigos e não há uma vez que eu vá a Portugal e que não lhes faça uma visita.  

Para mim, o negócio não se resume a ganhar dinheiro, mas sim a construir relações de confiança a longo prazo com aqueles com quem colaboramos, porque se formos bem sucedidos, eles também o serão.

 

Comunidade, autocuidado, sustentabilidade e viagens são os principais valores da marca. Porquê estes e de que forma se revelam no negócio? 

Como filha de imigrantes, vi os meus pais trabalharem arduamente para construir o seu próprio negócio – aprendendo desde tenra idade que tudo é possível quando seguimos os nossos sonhos, quando trabalhamos afincadamente e quando mostramos compaixão pelos outros. Estes mesmos valores moldaram a Corc Yoga na marca única que é hoje em dia.

À medida que a Corc Yoga foi crescendo, o nosso compromisso para com a comunidade também cresceu. Ser capaz de oferecer um produto ecológico à comunidade de yoga e bem-estar já é suficientemente gratificante, mas além disso, também devolvemos uma percentagem de cada compra à comunidade que a iniciou e apoiamos organizações de saúde mental juvenil em Portugal.  Para além da nossa rede global de embaixadores, colaboramos com membros influentes das comunidades de yoga, saúde mental, e bem-estar. 

Os tapetes Corc Yoga são hipoalergénicos, antibacterianos, 100% sustentáveis e biodegradáveis, e uns dos poucos tapetes no mercado sem látex, borracha ou plástico.

Com a nossa dedicação à sustentabilidade, fazemos o nosso melhor para garantir que os nossos fabricantes obtêm, de forma responsável, a cortiça da mais alta qualidade oriunda das florestas de Portugal.  

O tapete Renew da Corc Yoga continua a ser a forma mais intimista de elevar a sua experiência de yoga. Ao utilizar este tapete, “aterra” a sua prática, ficando de pé sobre a casca de um sobreiro.

Cada tapete foi propositadamente batizado com o nome de uma cidade em Portugal, de acordo com o desenho do tapete, com a intenção de proporcionar aos nossos clientes um pouco da cultura do país.  

 

A Corc Yoga está ligada à produção dos tapetes de yoga, mas também promove retiros de bem-estar. Qual considera ser a importância destas práticas? 

Os nossos retiros são uma extensão da marca, concebidos para promover a cura interior e as viagens éticas numa altura em que tanto precisamos delas. São uma combinação ideal entre o bem-estar e a experiência cultural destinada a partilhar com cada hóspede os valores fundamentais do Corc Yoga: Cuidado pessoal, Comunidade, Sustentabilidade e Viagens. Cinco por cento de cada bilhete será doado para apoiar o nosso parceiro de saúde mental em Portugal.  O The Renewal será o nosso próximo retiro, em junho, e temos a esperança de desempenhar um pequeno, mas importante papel no relançamento do turismo e no apoio aos nossos parceiros locais na região do Alentejo. 

Todos os nossos professores e parceiros foram cuidadosamente selecionados pela sua ligação e contribuição de autenticidade para a marca.   

 

corc yoga - cortiça portuguesa

 

Qual considera ter sido o impacto da pandemia nas pessoas, nomeadamente no work-life balance? 

A pandemia isolou-nos, desafiando a nossa saúde mental. O atual nível de incerteza, levou-nos a temer o futuro e a questionar de que forma irá impactar o nosso trabalho e os nossos negócios. 

Tenho muitos amigos e familiares que perderam entes queridos, os seus empregos e fecharam os seus negócios em consequência da pandemia.  Tem sido devastador assistir a esta situação.  

Penso que um dos maiores desafios tem sido dar tempo e espaço para que possamos sofrer as perdas que esta pandemia provocou, descansar e também permitirmo-nos a sonhar e ser criativos.  Com a maioria de nós a trabalhar a partir de casa e com a vantagem das reuniões virtuais, a relação trabalho-vida mudou definitivamente.

Contudo, a outra mais valia para nós, que coabitamos com membros da família, incluindo os nossos filhos, é o facto de nos ter permitido passar mais tempo com os nossos entes queridos. Acredito ainda que a principal vantagem que podemos retirar desta situação é aprender a encontrar formas de apoio e alcançar aqueles que precisam de encorajamento. 

 

Sendo uma apaixonada por Portugal, que potencialidades identifica no nosso país para um mundo mais sustentável? 

Portugal é o maior produtor mundial de cortiça, fazendo quase 50% da oferta mundial. Aprendi com os meus colegas que as plantações de cortiça são um investimento a longo prazo, ou como diz o ditado em Portugal, plantamo-las para os nossos netos. 

A indústria da cortiça proporciona até 20.000 empregos sazonais em mais de 500 fábricas de produção de cortiça todos os anos, apesar de uma economia em movimento lento e taxas de desemprego mais elevadas do que a média. 

Com os esforços extraordinários por parte dos sobreiros para ajudar a compensar 10 milhões de toneladas de carbono por ano, Portugal está no bom caminho para o seu objetivo de reduzir as emissões de gases com efeito de estufa. No rumo para a sustentabilidade, lado a lado com o ecoturismo, Portugal é um líder reconhecido no setor.

 

yoga - cortiça portugal

 

Quais são as ambições da Corc Yoga, em Portugal e no mundo? 

Acreditamos que a Corc Yoga é parte da solução para resolver o problema dos resíduos e das alergias ao látex/plástico. 

O nosso objetivo é ter um impacto positivo no ambiente, nas nossas comunidades locais, proporcionar empregos e fazer a diferença no bem-estar mental e físico das pessoas. 

Esperamos também aumentar as nossas parcerias com centros de bem-estar e hotéis que também estão no caminho da sustentabilidade.

 

Quem desejar saber mais sobre os retiros de bem-estar da Corc Yoga ou adquirir um tapete em cortiça, onde poderá encontrar disponível? 

Podem visitar o nosso website em www.corcyoga.com para saber mais sobre os nossos tapetes de cortiça e o nosso retiro The Renewal.

Christine Moghadam

Christine Moghadam

Corc Yoga Founder

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Não foram de modas na hora de criar uma negócio. Mas são atentos à moda! Ou não fossem as meias as novas gravatas, verdadeiros elementos de moda. Cruciais para demonstrar personalidade!

Lê a entrevista com os 3 fundadores.

Como surgiu a ideia de criar a marca Chule

A ideia surgiu após a realização de que as meias eram cada vez mais um elemento distintivo de moda. Certo dia lemos numa famosa revista internacional que “as meias são as novas gravatas”, uma vez que permitem exprimir a nossa personalidade através de um acessório. E decidimos que faria todo o sentido criar uma marca de meias divertidas com o tema da portugalidade, produzidas em Portugal e com o a vertente sustentável.

 

No vosso website falam do vosso compromisso com a sustentabilidade. Em que consiste na prática? 

Para a CHULÉ, a sustentabilidade divide-se em dois pilares principais.

1- sustentabilidade ambiental, onde tentamos continuamente reduzir o impacto ambiental da nossa operação, através da escolha dos materiais certos (e.g. algodão orgânico certificado, papel de origens sustentáveis).

2 – sustentabilidade social, onde contribuímos com uma refeição por cada caixa solidária vendida para aqueles que mais necessitam através do movimento SOUMA.

 

meias chulé

 

Os vossos clientes valorizam este compromisso?

Qual tem sido o feedback? Sem duvida que sim. Muitos dos nossos clientes e base de seguidores são millenials / gen Zs. Estas gerações, como é sabido, têm um elevado sentido de responsabilidade sustentável.

 

Como foi o processo de seleção da matéria-prima para as meias?

Conceptualmente sabíamos concretamente o que queríamos, pelo que o processo consistiu em verificar se as fábricas nas quais estávamos interessados trabalhavam com estes materiais. 

 

meias divertidas

 

Qual é a vossa proposta de valor? Em que se diferenciam da concorrência?

CHULÉ propõe ao Mercado meias divertidas, 100% originais, focadas na portugalidade e aliadas ao sentido de sustentabilidade. É uma proposta de valor única no mercado.

Existe já uma autêntica comunidade em torno da marca.

 

Sentem-se uma love brand por parte dos vossos clientes?

Sem dúvida! O numero de interações com os nossos clientes está constantemente a crescer. Do nosso lado também procuramos criar engagement com os nossos clientes. O exemplo perfeito é o #CHULEDOMES, em que mensalmente partilhamos a foto mais criativa dos nossos clientes e ele ganha um prémio (sabe mais aqui).

 

Entretanto fizeram várias parcerias. Onde podemos encontrar as Chule à venda?

Temos parcerias exclusivas a nível de desenvolvimento de produto (e.g. MAAT X CHULE, VEGAN NATA X CHULE, NEWMEN X CHULE)(podem encontrar estes produtos no nosso site e nas lojas dos parceiros) e parcerias comerciais com lojas espalhadas um pouco por todo o país.

Podem encontrar as nossas meias nestas lojas e no nosso site www.chule.pt

 

Qual o vosso par de meias best seller?

Existe um equilíbrio notável nas vendas mas a destacar um seria o pastel de nata

 

meias portuguesas

 

Qual o perfil do vosso cliente? Como se caracterizam?

O nosso cliente é um consumidor responsável, que procura uma oferta que o distinga da maioria.

Ao comprar CHULÉ está apoiar a produção nacional e a contribuir para um projeto com foco na sustentabilidade e originalidade.

 

Quais os próximos passos do vosso negócio? Prevêem expandir-se?

Continuar a expandir a nossa gama de modelos é a nossa prioridade primária, seguida de uma expansão para uma rede de parceiros mais extensa a nível nacional e internacional.

Gonçalo Nascimento

Nasceu em 1992, é mestre em Gestão pela Nova SBE e um empresário motivado. Forte experiência em Trade Marketing e Allied Business pela PepsiCo e pronto para desenvolver novos negócios!

Miguel Alemão 

Nasceu em 1994, possui um Mestrado em Gestão pela IE Business School e uma experiência consolidada nas áreas de vendas e comerciais nas indústrias de FMCG e retalho. 

João Alemão

Nasceu em 1995, é Mestre em Engenharia Mecânica pelo IST. Tem experiência em Estratégia Digital e segue a procura novos negócios.

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Criar troféus, medalhas e prémios ecológicos é o negócio da Kreative Ideas, liderada pelo Paulo Ferreira. O momento não é bom, mas as expectativas para o futuro são as melhores.

Conhece o projeto na entrevista com o co-fundador.

O que faz a Kreative Ideas e como surgiu a ideia? 

 A Kreative Ideas cria troféus, medalhas e prémios, à medida de cada evento, através de uma abordagem 100% ecológica e sustentável. 

.A ideia surgiu com o propósito de aliar a arte da personalização ao ato de homenagear, com um processo assente no uso de materiais sustentáveis e eco-friendlys, 100% portugueses.

 

Quais são os materiais preferenciais que utilizam? 

Os materiais que preferencialmente utilizamos são a cortiça e a madeira e seus derivados. Na personalização dos troféus e das medalhas privilegiámos os acabamentos ecológicos e recorremos à gravação a laser e à impressão digital UV. Escolhemos sobretudo os materiais e os acabamentos mais sustentáveis e mais “amigos do ambiente”.

medalhas ecológicas

 

Qual o tipo de produto que tem mais procura? Porquê? 

Os troféus e as medalhas produzidos em madeira ou em cortiça são os produtos que têm mais procura, porque respondem às necessidades de um cliente exigente, atento ao detalhe, que compra com consciência e que procura alternativas mais ecológicas e sustentáveis. 

As empresas, os organizadores de eventos e os consumidores estão mais atentos, mais sensíveis e, na hora de premiar ou homenagear, procuram cada vez mais produtos fabricados com materiais e acabamentos mais ecológicos e sustentáveis.

 

Quem é o vosso cliente-tipo e o que mais valoriza no que oferecem? 

O nosso cliente-tipo são essencialmente os organizadores de eventos desportivos e as empresas. Os nossos clientes procuram marcar positivamente, homenagear e premiar os melhores atletas, colaboradores, clientes e parceiros. 

O que os nossos clientes mais valorizam no produto que oferecemos é a possibilidade de criarmos para cada troféu, medalha ou prémio, uma identidade distinta, uma peça única, personalizada através de uma abordagem ecológica e sustentável.

troféu ecológico

São uma marca 100% portuguesa. Como identificam os parceiros ideais?

Procuramos essencialmente parceiros que se posicionam com a mesma proposta de valor, que partilham os nossos valores da transparência, compromisso e sustentabilidade. Privilegiámos fornecedores certificados, com as devidas garantias de sustentabilidade das suas matérias-primas.

medalha ecológica

As competições foram impactadas pela pandemia. Como têm gerido esta fase e quais são as perspetivas para o futuro? 

A pandemia gerada pela Covid-19 levou ao cancelamento da maioria dos eventos desportivos e empresariais. Como estes canais eram responsáveis pela maioria das nossas vendas fomos fortemente penalizados. 

Estamos a gerir esta fase com boas expetativas, acreditamos que, a partir do momento em que seja possível realizarem-se a maioria dos eventos, tudo começará a voltar ao normal. 

Aproveitamos esta fase para melhorar o nosso modelo de negócio, melhorámos a nossa estratégia de comunicação, estamos a trabalhar numa nova imagem e melhorámos o nosso website. Estamos a criar novas parcerias nacionais e internacionais. 

As perspetivas para o futuro são excelentes. As mudanças que estamos a implementar, felizmente, têm sido muito bem aceites no mercado. A criação de novas parcerias nacionais e internacionais leva-nos a acreditar que, em breve, tudo será diferente, tudo será melhor.

Paulo Ferreira

Natural de Espinho,  é um empreendedor com 25 anos de experiência no mundo empresarial. Co-fundador da Kreative Ideas abraçou este projeto em meados de 2018, e tem a ambição de deixar uma marca positiva no Mundo. A procura por novos desafios é algo que o caracteriza, tendo já no seu percurso a experiência no desenvolvimento e implementação de várias marcas.

Nos tempos livres é ultramaratonista, e é no desporto, em convívio com a natureza, que encontra o seu espaço de reflexão e de harmonia. Os livros também são uma grande paixão, pois é através deles que aprende e se desenvolve pessoalmente.

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Para o António Luís Cerdeira ser pioneiro é muito mais do que ser o primeiro vinho Alvarinho de Melgaço. É manter-se a inovar, sem perder a tradição.

António, em conjunto com a irmã e mãe, gerem a Quinta do Soalheiro, mantendo a tradição do vinho alvarinho e focando-se na inovação da produção dos seus vinhos, mas também das estratégias sustentáveis que reduzem a pega ambiental da Quinta. Está tudo na entrevista.

O Soalheiro foi pioneiro na produção de Alvarinho em Melgaço, região dos Vinhos Verdes. Como surgiu e como se conta a sua história? 

A Quinta de Soalheiro é uma empresa familiar, cuja história começou a ser contada em 1974, quando a paixão pela viticultura levou o meu pai, João António Cerdeira, com o apoio do meu avô, António Esteves Ferreira, a plantar a primeira vinha de Alvarinho e a criar em 1982 a primeira marca de Alvarinho em Melgaço.

Hoje em dia, eu e a minha irmã, Maria João, juntamente com a minha mãe, Maria Palmira, damos continuidade a esse sonho.

Ao longo dos anos, a nossa visão foi sempre aliar a tradição à inovação, evidenciando o potencial da casta Alvarinho. Para isso, mantemos uma viticultura sustentável, que conduziu à certificação biológica das nossas vinhas próprias e, desde então, temos vindo a procurar conhecer e implementar boas práticas que nos permitam valorizar a riqueza do nosso terroir.

 

Uma marca de referência, num setor tradicional, como tem evoluído em relação ao tema da sustentabilidade? Qual foi o motor de inovação? 

A preocupação com a sustentabilidade é algo intrínseco ao Soalheiro. Por isso, investimos anualmente em I&D para encontrar soluções e boas práticas que nos permitam reduzir o impacto no meio ambiente.

Exemplo disso, é a recente instalação de uma cobertura vegetal na modernização da adega, que além de um melhor enquadramento paisagístico, trará uma poupança energética estimada de 26% ao ano. 

A grande novidade para 2021 é a renovação da linha de garrafas, que contam agora com um formato mais sustentável, com menos 19% de vidro, o que permite reduzir as emissões de carbono utilizadas na sua produção e transporte.

E porque a produção passou a ser feita em Portugal, há também uma importante redução de quase 8,5 vezes no impacto no transporte das garrafas até à adega, que antes provinham do centro da Europa.

Até ao final de 2021, cerca de 90% das garrafas Soalheiro irão adotar este novo formato, o que permitirá uma poupança estimada de 56 toneladas de vidro ao ano.

 

soalheiro - vinho alvarinho

 

 

Têm uma certificação biológica para as vinhas próprias. Pode explicar-nos no que consiste? 

Desde sempre percebemos a relevância e impacto de praticarmos uma agricultura responsável e preservarmos a biodiversidade das nossas vinhas, que contam com certificação biológica desde 2006. Permite-nos produzir vinhos naturais biológicos, uma tendência que no Soalheiro já ganha consistência:

  • o Soalheiro Nature Pur Terroir, o primeiro Alvarinho sem adição de sulfitos, biológico e sem filtração;
  • o Terramatter, também biológico e sem filtração, um vinho que olha para a vinificação minimalista como uma oportunidade para abordar o saber dos antepassados com uma atitude exploradora.

Este compromisso com a preservação da paisagem e da biodiversidade estende-se ao enoturismo e às experiências proporcionadas aos visitantes. Visitar o Soalheiro é muito mais do que conhecer e provar vinhos. É a descoberta de um território, das suas gentes e tradições e da biodiversidade que nele habita.  

Os programas incluem visitas às vinhas, onde os visitantes podem conhecer de perto o processo de viticultura biológica. Neste momento, estamos também a implementar novas estruturas para abrigo de insetos e refúgio de pássaros, para reforçar os ecossistemas naturais das vinhas e tornar as visitas ainda mais ricas, a nível de observação da natureza.

 

Quais são as principais diferenças entre um vinho tradicional e um vinho biológico? 

A agricultura biológica levou-nos a querer descobrir mais sobre os vinhos naturais, sobre vinificação pouco interventiva, e os resultados continuam a surpreender-nos e conduziram-nos a vinhos que são bastante diferentes uns dos outros, com personalidades próprias.

Neste momento, temos três vinhos naturais (Terramater, Nature e Espumante Nature), onde nos baseamos no saber tradicional com uma atitude exploradora e que, apesar de terem sido descobertas para nós, já se transformaram em clássicos do Soalheiro e em mais uma forma de valorizarmos a diversidade deste território que tanto nos apaixona.

 

quinta soalheiro - terroir

 

Quais são os vinhos Soalheiro que têm mais procura e o que os consumidores mais valorizam neles? 

No Soalheiro, temos como missão evidenciar a qualidade e versatilidade da casta Alvarinho, na produção de vinhos de grande qualidade e que têm no vale de Monção e Melgaço, onde estamos integrados, um terroir privilegiado, atravessado pelo Rio Minho e protegido pelas serras, o que cria condições únicas para a maturação das uvas desta casta.

Acreditamos que aqui reside o verdadeiro valor distintivo dos nossos vinhos, que dividimos em quatro famílias.

  1. Os vinhos frutados, onde se inclui o Soalheiro Clássico, que é o nosso vinho de referência, e o Allo – Alvarinho e Loureiro que conjuga duas castas e transporta para a frescura dos ventos atlânticos;
  2. Os vinhos minerais, onde destaco o Primeiras Vinhas, que é produzido com uvas das nossas vinhas mais antigas, o Mineral Rosé, que resulta de um blend de Alvarinho com Pinot Noir, e o Granit, o nosso Alvarinho de montanha, produzido em altitude;
  3. Os vinhos naturais, Terramater e Nature;
  4. Os espumantes, feitos à base de Alvarinho, pelos quais temos sido muito reconhecidos no mercado.  

 

A questão do vidro é particularmente complexa no segmento das bebidas. Como surgiu e no que consiste uma garrafa que terá menos 19% de vidro e a partir de 2021 poderá valer uma redução de uso de 56 toneladas de vidro ao ano?   

Faz parte da nossa natureza, enquanto produtores que vivem da terra, protegê-la. Por isso, estamos a repensar todas as nossas práticas no sentido de identificar pontos críticos em que podemos melhorar a nossa ação e reduzir o impacto ao mínimo possível. 

Por isso, temos vindo a repensar processos com vista à redução da nossa pegada ambiental, seja a nível da redução do consumo energético e de matérias-primas até à neutralidade carbónica da nossa operação. 

Neste processo, identificamos as garrafas como um ponto crítico e cujo impacto será determinante não só na redução muito significativa do consumo de vidro, mas também na redução do seu peso no transporte, minimizando a pegada carbónica.

De destacar, que a nossa garrafa é 100% feita em Portugal, ao contrário da anterior que provinha do centro da Europa e com isso aproximamos a cadeia de valor de produção e reduzimos significativamente o impacto no transporte. 

 

Também têm uma preocupação com o uso do cartão. No que se traduz essa preocupação? 

Com a nova garrafa surgiu o desafio de repensarmos também as caixas de cartão utilizadas no seu transporte. Criamos uma nova embalagem, com menos 39% de cartão, que é oriundo de florestas geridas de modo responsável (certificado FSC).

Com capacidade para 6 garrafas, a nova caixa pode também ser reutilizada como “garrafeira”, pois, depois de aberta, pode ser guardada em pé, por quem pretende beber o vinho ainda jovem, ou deitada, posição ideal para que o vinho possa evoluir em garrafa.

quinta soalheiro

 

No ano de 2020, receberam 30 prémios. Qual a importância dos prémios no setor dos vinhos? 

Representam um importante reconhecimento, porque são atribuídos por especialistas, sejam revistas, sommeliers, críticos de vinho, cuja opinião valorizamos e respeitamos. Mas não trabalhamos para os prémios.

Trabalhamos para produzir vinhos com qualidade e consistência, ano após ano, e para continuar a surpreender os nossos parceiros do canal HORECA e o consumidor final com vinhos que lhes deem prazer conhecer e beber. 

 

 

Por fim, como analisam a percepção dos vinhos portugueses internacionalmente e que efeito a sustentabilidade poderá ter para os produtores nacionais? 

muito potencial de crescimento para os vinhos portugueses no panorama internacional. Já começamos a ser reconhecidos pela produção de vinhos de grande qualidade, nomeadamente no segmento dos Brancos, onde nos posicionamos. 

O Soalheiro está presente em mais de 40 países e sentimos que, a cada ano, cresce o interesse pelos nossos vinhos, sobretudo em mercados como o Norte da Europa, Ásia e Estados Unidos.

O caminho agora é interligar vinho e turismo, explorando o enorme potencial de atratividade turística para Portugal e para a região dos Vinhos Verdes, o território de Monção e Melgaço, no caso específico do Soalheiro. 

António Luís Cerdeira - Soalheiro

António Luís Cerdeira 

Natural de Melgaço, António Luís Cerdeira nasceu no mundo do vinho e da vinha. Conhecedor profundo do Alvarinho, atualmente é gestor e enólogo do Soalheiro, funções que desempenha com paixão e alegria. Com um sorriso espontâneo, sente a adega e o Soalheiro como ninguém.

Tinha dois anos quando o seu pai, com a colaboração do seu avô, plantou a primeira vinha contínua de Alvarinho em 1974. Filho dos fundadores, foi a grande ligação, desde criança, à viticultura que o conduziu ao curso de Enologia na UTAD, concluído em 1994. Depois de terminar o estágio realizado na Borgonha e apesar de acompanhar o seu pai desde que se lembra, é nesse mesmo ano que faz a sua primeira vindima como enólogo.

Em constante evolução e aprendizagem é um pilar inspirador para a criação dos novos Soalheiros. Sempre com curiosidade de saber mais e de inovar, faz com que a formação seja encarada sempre de forma continua e consistente. Participa e incentiva o Soalheiro Team a participar em provas, visitas e cursos práticos, com vista a uma evolução qualitativa e diferenciadora.

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Inspiraram-se em Barcelona e criaram um espaço em Lisboa. Chama-se Las Vegan e o veganismo é tratado com pluralidade. Impossível apenas produtos de origem animal.

De onde veio o nome Las Vegan?

O nome Las Vegan nasceu em Barcelona numa noite de brainstorming, e copos, há mais de 6 anos. Tudo por culpa do Quinoa Bar Vegetarià, um restaurante no bairro da Gràcia com uns hambúrgueres vegetarianos incríveis que frequentávamos assiduamente. Estávamos constantemente a pedir-lhes para abrirem um igual em Lisboa, até que nos disseram porque não o fazíamos nós… A partir de aí, o que começou como uma brincadeira, transformou-se num projecto de vida.

 

Qual o conceito do vosso restaurante?

Tendo como base a dieta vegana, procuramos encontrar o equilíbrio entre os produtos e a sua proximidade, analisando as consequências, e os resultados que cada uma das nossas decisões tem no ambiente.

Pretendemos ser mais do que um simples restaurante, queremos crescer, aprender e desfrutar da viagem com todos aqueles que nos queiram acompanhar.

Não procuramos perfeição, mas sentimos que cada passo dado com consciência e bom senso, é sempre bem vindo, principalmente acompanhado de Vurguers, Sandes e Saladas que despertem o nosso paladar.

Las Vegan

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Como vêm a evolução do veganismo em Portugal? Tem aumentado? É um fenómeno localizado? Mais urbano e de tribo? Ou já se vem a generalizar?

Felizmente o crescimento do veganismo em Portugal tem sido exponencial, está a deixar de ser um fenómeno localizado, urbano e de tribo e, a cada dia que passa, vai ganhando mais força e já começa a ser visto como algo habitual.

Um bom exemplo é a quantidade de opções veganas e vegetarianas que outros restaurantes acrescentaram aos seus menus.

 

O que podemos encontrar no menú Las Vegan e que é imperdível?

Na nossa humilde opinião tudo é imperdível :) mas, sem dúvida alguma, o prato mais pedido, são os nossos Gerard Vurguers (hambúrguer vegano), que podem ser de Beterraba e Millet, de Azuki e Quinoa Vermelha, ou de Grão, Millet e Caril.

Nas entradas não podem perder o nosso “Olhó Húmus” Caseiro e o “Two Too Much” (tomate cherry no forno com tomate seco e ‘parmesão’ de amêndoa), as nossas saladas cruas, ‘Send Nudles’ e ‘Nudeless Pad Thai’, e para sobremesas o ‘Fudgin’Amazin’’ de manteiga de amendoim, a ‘Na Mousse’ (de chocolate), e o ‘Mini Bolo de Cenoura’ com Chocolate e Nozes.

 

Têm algum prato que é o ex-libris?

O mais pedido e mais comentado são os nossos Gerard Vurguers, já foram alvos de críticas muito positivas por parte dos nossos clientes.

 

Quais são os ingredientes que não podem faltar na cozinha vegan?

Julgo que variam de pessoa para pessoa, mas para nós todos aqueles que não implicam a morte e o maltrato animal.

Pessoalmente, o pimentão fumado é o nosso favorito.

 

E quais aqueles que não podem constar?

Todos os que usam e abusam dos animais.

Las Vegan - sobremesa

Este fenómeno, trata-se da busca por uma alimentação saudável ou é um estilo de vida?

O veganismo é um estilo de vida, a dieta, seja ela qual for, pode ser saudável ou não. Depende mais das nossas opções, não é somente por ser Vegano, que é saudável.. Senão passávamos a vida a comer batatas fritas :)

 

De onde vos chegam os clientes? Passa palavra? Do digital?

É um mix, mas julgo que a presença digital é responsável pela maior fatia, depois o passa palavra é, para nós, a forma mais bonita e fidedigna.

las vegan - prato

Quem é o vosso cliente tipo? Como o caracterizam?

O nosso cliente tipo é um espetáculo :). São pessoas que querem continuar a desfrutar da boa comida, do hambúrguer à antiga, do menos saudável ao mais saudável, e que gostam de um ambiente muito familiar.

 

O que se come em Las Vegan, fica em Las Vegan?

Não me parece que tenham tempo suficiente para que isso aconteça :), mas o que acontece por aqui esperamos que não. É partilhar como se não houvesse amanhã, principalmente nos tempo que correm, que muitos negócios como o nosso estão necessitados de ajuda e de apoio por parte da comunidade.

 

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Consumimos mais, dependemos do carro e a consequência é o desperdício e poluição. Como controlar? Smart Cities e Pagamentos mobile.

Lê a entrevista a Andreia Pancho, com conceitos centrais do que são Smart Cities, bons exemplos como Melbourbe e Barcelona, e que tecnologias estão a ser usadas. Além de perceber o impacto futuro que os pagamentos mobile terão.

 

 

Tens vindo a desenvolver a sua carreira na área das tecnologias. Qual o impacto que as tecnologias, nomeadamente de sensores inteligentes, podem vir a ter nas denominadas smart cities?

A relevância das smart cities é absolutamente indiscutível, considerando o fenómeno que tem sido a urbanização, assim como as evidentes perspetivas de crescimento. O conceito de smart city assenta no desenvolvimento sustentável das cidades através do recurso à tecnologia, tendo como áreas de incidência focos que podem ir desde a mobilidade até à gestão de desperdício. Este crescimento sustentável tem uma relação de simbiose com a tecnologia e os sensores inteligentes têm tido um papel fulcral. Estas tecnologias baseadas em IoT (internet of things) são dotadas de características que possibilitam monitorizar, identificar e retificar ineficiências para uma otimização do funcionamento das cidades, nas mais variadas áreas de incidência.

 

Vários municípios, por exemplo Melbourne na Austrália, já conta com um sistema de recolha de lixos inteligente, com rotas otimizadas em função do estado em que se encontram os contentores. Tecnologicamente como é que funcionam estes processos?

O aumento exponencial do consumo é uma realidade, assim como o consequente desperdício, e a gestão desta problemática revela-se como um desafio que tem de ser colmatado. O sistema de recolha de lixo inteligente implementado em Melbourne é um excelente exemplo da utilização da tecnologia para o desenvolvimento sustentável e melhoria dos serviços nas cidades. Esta solução, através de sensores inteligentes, permite identificar a capacidade dos caixotes do lixo e, consoante este nível, identificar se a recolha é necessária ou não, permitindo a otimização da rota de recolha.

 

smart city - melbourne

 

Um outro benefício da utilização de sensores inteligentes é por exemplo poder-se controlar o tráfego numa cidade mais eficazmente e até detectar infrações pois estes sensores permitem ler matrículas e reconhecê-las. Há procura por este tipo de soluções?

O desenvolvimento crescente de soluções baseadas em IoT é evidente, assim como o interesse pelas mesmas. No caso concreto das smart cities, a utilização de sensores inteligentes para controlo de tráfego é uma solução particularmente interessante pelo facto de incidir sobre uma das áreas mais relevantes, que é a mobilidade.

Existe efetivamente a necessidade de soluções deste género para tornar a mobilidade mais eficiente e sustentável, e algumas cidades já têm soluções desta natureza em curso. A procura por estas soluções depende do nível de maturidade “smart” da cidade em questão, sendo que acredito que, num futuro próximo, iremos assistir a uma maior disseminação e adoção de sensores inteligentes para controlo de tráfego.

 

Os municípios colocam cada vez mais na sua agenda política questões como a mobilidade sustentável. Que soluções tecnológicas existem para esta finalidade?

O fenómeno da urbanização tem levantado diversos desafios, e um dos principais é sem dúvida a mobilidade. É um tópico que está na agenda política dos municípios devido à influência que exerce na qualidade de vida dos cidadãos e ao impacto ambiental.

A mobilidade urbana ainda assenta significativamente na dependência dos automóveis, o que conduz inevitavelmente a congestionamentos no trânsito e a emissões poluentes, sendo necessário um plano para uma mobilidade mais eficiente e sustentável.

De um ponto de vista global, já existem soluções inteligentes direcionadas para esta matéria e que podem ser um passo em direção a uma mobilidade mais sustentável. O conceito de mobility as a service tem emergido com aplicações que permitem aglomerar serviços de partilha de veículos, bicicletas e outros meios de transporte.

A par disto, já existem soluções baseadas em IoT que permitem uma gestão eficiente do estacionamento, através de dados que são recolhidos e permitem otimizar a localização de estacionamento, evitando congestionamentos.

No que diz respeito à mobilidade existem várias soluções a serem desenvolvidas para colmatar estas dificuldades, recorrendo a tecnologia IoT.

 

Que outros exemplos ao nível de soluções tecnológicas e smart cities gostaria de destacar?

Uma das cidades que tem tido um rumo interessante em direção à materialização das smart cities é Barcelona. Trata-se de uma cidade que teve necessidade de se reinventar, definiu uma estratégia que passa por uma transformação onde a tecnologia assume um papel fundamental.

Visando um crescimento económico sustentável e a melhoria da qualidade de vida dos cidadãos, Barcelona tem vindo a implementar soluções que a tornam como uma referência no que diz respeito às a smart cities. Algumas das soluções que se podem destacar são sistemas de semáforos eficientes do ponto de vista energético, soluções de recolha de lixo inteligentes, assim como sistemas de irrigação que permitem identificar o momento adequado para o processo de rega.

pagamento mobile

Fizeste uma dissertação de mestrado sobre pagamentos mobile. Os pagamentos mobile são uma opção mais sustentável quando comparados com pagamentos tradicionais?

O conceito e a própria materialização do pagamento por mobile podem diferir consoante a customer journey. Esta pode iniciar-se no próprio dispositivo móvel, sendo que o mais frequente é o smartphone, e passar por todo o processo em digital ou ser iniciado numa loja física, por exemplo, e recorrer-se ao smartphone para o pagamento ser realizado com tecnologia NFC (Near Field Communication), um método contactless.

Comparativamente aos pagamentos tradicionais, além de fomentar eficiência e conveniência, promove a desmaterialização. A utilização de pagamentos por mobile reduz significativamente a circulação de papel, contribuindo para uma sociedade mais sustentável.

 

Os portugueses têm vindo a adoptar mais pagamentos mobile, por exemplo NFC? 

A adoção dos pagamentos por mobile tem vindo a aumentar significativamente nos últimos anos, em grande parte como consequência da disseminação do e-commerce, sendo uma evolução natural dos métodos de pagamento tradicionais. Este crescimento acentuou-se, ainda mais, no decorrer deste período de pandemia, uma vez que os constrangimentos provocados pela Covid-19 alteraram os padrões de consumo e consequentes métodos de pagamento.

A tecnologia NFC, em particular, teve um papel relevante no boom dos pagamentos por mobile devido às suas funcionalidades que lhe dotam de conveniência, fiabilidade e segurança. É um fenómeno global, mas se validarmos os dados associados às tecnologias contactless, verificamos que os portugueses estão no topo no que diz respeito ao recurso a estas tecnologias, assistindo-se a um aumento evidente face a um período pré-covid.

 

Quais são as barreiras que ainda podem existir?

Para os nativos digitais a adoção dos pagamentos por mobile, ou de natureza contactless, é quase inata, não existindo barreiras que pelo menos sejam significativas, a este método de pagamento.

O que se verifica é que a perceção acerca da segurança se pode manifestar como uma barreira para gerações anteriores e a falta de literacia acerca da temática contribui para a problemática. A Covid-19 agiu como um catalisador para a adoção deste método de pagamento e alguns receios relativo à segurança foram ultrapassados, por necessidade.

A tendência é os pagamentos por mobile e de natureza contactless serem uma evolução natural e inevitável aos métodos de pagamento tradicionais, pelo que futuramente as barreiras que ainda existem terão cada vez menos relevância.

 

Acredita que a disseminação dos pagamentos mobile veio para ficar após a pandemia ou é um fenómeno circunscrito?

Os pagamentos por mobile não são apenas uma tendência transitória, vão passar efetivamente a ser uma realidade. E as razões não assentam apenas nas consequências resultantes da pandemia, que evidenciaram a necessidade das funcionalidades utilitárias deste método de pagamento. O smartphone tem cada vez mais influência no autoconceito e extensão do “eu”, e se formos avaliar as motivações referentes à intenção de reutilização. Isto é, a intenção de continuar a utilizar o pagamento por mobile, uma das principais motivações é a compatibilidade com o estilo de vida.

p’A realidade é que estes dispositivos fazem parte do quotidiano de todos, e a customer journey dos consumidores inicia-se, em várias instâncias, no próprio dispositivo, e a tendência futura será centralizar atividades passíveis para tal no smartphone, não só pela transformação digital a que se tem assistido, mas também pelo papel que assume no próprio estilo de vida do consumidor.

 

Andreia Pancho 

Curiosa pela realidade empresarial, licenciou-se em Gestão pela Lisbon School of Economics and Management (ISEG). Durante esse percurso apaixonou-se pela vertente estratégica do Marketing e ingressou no mestrado nesta área. O seu percurso profissional tem incidido sobre o segmento B2B e, atualmente, desempenha funções de marketing na área das tecnologias.

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De que forma a Realidade Aumentada pode apoiar a Sustentabilidade? Foi isso que fomos perceber numa entrevista à Vanessa Hipólito, que realizou uma dissertação de mestrado sobre o tema. Deixamos algumas pistas: reduzir devoluções; reduzir stocks; marcas sustentáveis que potenciam vendas com ela.

Fizeste uma dissertação de mestrado sobre realidade aumentada. Vamos começar pelo início: o que é realidade aumentada?

Apesar de ser um conceito bastante emergente e conhecido nos dias que correm, a tecnologia de realidade aumentada existe já há mais de uma década. Contudo, tem sido ao longo dos últimos anos, mais precisamente desde 2016 com o lançamento da aplicação Pokémon Go, que esta tecnologia tem vindo a ganhar importância e popularidade, não só junto dos seus utilizadores, como também das marcas e empresas.

Esta tecnologia consiste na capacidade de sobreposição de informações e objetos virtuais, gerados por um computador, sobre um ambiente físico real. É possível de ser implementada com recurso a uma câmera integrada num dispositivo móvel, como um smartphone ou um tablet, dispositivos cada vez mais comuns e  indispensáveis no nosso quotidiano. Distingue-se das restantes tecnologias não só pela sua interatividade, mas essencialmente pela possibilidade de interação em tempo real.

Apesar de ser considerada uma vertente da realidade virtual, e muitas vezes confundida com a mesma, estas duas tecnologias oferecem experiências muito diferentes. Enquanto que a realidade virtual consiste numa experiência totalmente imersiva, a realidade aumentada permite ao utilizador observar em simultâneo o mundo real e virtual, oferecendo assim uma experiência muito mais ampla e abrangente.

2020 e 2021 são anos marcados pela pandemia e pelo “boom” do digital. Nota esta evolução na adoção da tecnologia de realidade aumentada por parte das marcas?

Se antes existia uma clara distinção entre os mundos online e offline, atualmente estes dois mundos parecem começar a fundir-se num só. Este fenómeno denominado por phygital, alinhado ao forte crescimento da adoção de smartphones e outros dispositivos móveis, vem despontar a importância da adoção de inovações tecnológicas, como a realidade aumentada, por parte das marcas e empresas.

Contudo, e apesar de ser uma preocupação verificada ao longo dos últimos anos, este é sem dúvida o grande momento de aposta no que diz respeito ao digital. Não só é o momento em que muitas marcas e empresas se viram obrigadas a “fechar portas” e precisam de marcar presença no digital de forma a conseguir continuar a chegar junto dos seus consumidores, como também é o momento em que o consumidor passa mais tempo em casa, está predisposto a despender mais tempo conectado a tecnologias, assim como a aprender a trabalhar e estar mais informado sobre as mesmas.

Desta forma, e com uma concorrência atual praticamente infinita no mercado digital, as marcas e empresas precisam de conseguir diferenciar-se, junto do consumidor, e acima de tudo conseguir auxiliá-lo e ajudá-lo no momento de decisão de compra, surgindo assim uma preocupação pelo desenvolvimento da melhor experiência de compra online possível. E como tudo isto é possível? Com recurso à tecnologia de realidade aumentada.

ASPORTUGUESAS, são o exemplo de uma marca portuguesa de calçado de cortiça criada por Pedro Abrantes, que desenvolveu durante o confinamento uma aplicação de realidade aumentada que permitiu aos seus clientes experimentar virtualmente os vários modelos sapatos disponíveis. Apontando a câmera de um dispositivo móvel para os pés, o cliente estava automaticamente calçado e poderia caminhar normalmente, uma vez a aplicação estava desenvolvida para acompanhar o movimento do andar, procurando aproximar o mais possível a experiência virtual da realidade.

Este é apenas um exemplo entre as muitas marcas e empresas, não só grandes como pequenas, que implementaram esta tecnologia como forma de contornar a pandemia. Desta forma, garantem assim não só o acompanhamento das tendências e evolução tecnológica, como a capacidade de criar experiências autênticas, únicas e inesquecíveis, respondendo às necessidades cada vez mais exigentes impostas pelos consumidores.

Como é que um e-commerce pode tirar partido da realidade aumentada?

Apesar das vendas online verificarem ao longo dos últimos anos um crescimento exponencial, e em especial desde o primeiro confinamento em março de 2020, são ainda bastantes as dificuldades e limitações existentes no momento de compra online por parte de muitos consumidores.

A impossibilidade do consumidor ver, tocar ou experimentar o produto é sem dúvida uma das principais, senão maior dificuldade e limitação em comprar online. Contudo, com recurso à tecnologia de realidade aumentada esta dificuldade pode ser facilmente contornada e ultrapassada.

Quando se fala de ferramenta de apoio à compra online, a realidade aumentada é sem dúvida uma das mais relevantes e mais valorizadas inovações tecnológicas.

Esta permite eliminar a barreira existente entre os mundos físico e digital, disponibilizando ao consumidor a possibilidade de experimentar virtualmente o(s) produto(s) desejado(s), quer em si mesmo, quer num espaço físico. Desta forma, esta experimentação virtual permite ao consumidor não só aumentar os níveis de confiança e satisfação no(s) produto(s) experimentado(s) e visualizado(s), como consequentemente na marca. Uma vez que é possível obter uma imagem muito próxima daquilo que será o resultado final desejado, mesmo  antes de adquirir o(s) produto(s), permitirá ainda minimizar os riscos inerentes à compra online.

Desta forma, a utilização da tecnologia de realidade aumentada no e-commerce permitirá assim não só criar uma experiência de compra online única e inesquecível, como aumentar a taxa de conversão e o volume de vendas. Uma vez satisfeito com a sua experiência online, o cliente compra e volta a recomprar, quer online, quer offline.

 

Realidade Aumentada

 

No que à sustentabilidade diz respeito, a realidade aumentada permite a experimentação virtual de artigos, reduzindo por isso o número de devoluções. Acredita que a realidade aumentada pode contribuir para vendas mais sustentáveis? Dê-nos mais alguns exemplos?

Muitas vezes as devoluções e/ou trocas ocorrem porque, ou o consumidor compra online e não tem a possibilidade de experimentar o produto antes de este chegar a sua casa, ou o consumidor está em loja e não tem tempo, paciência ou necessita efetivamente de o levar até sua casa para o experimentar.

Em qualquer uma das situações descritas, a realidade aumentada pode ajudar a diminuir o número de devoluções e/ou trocas.

Como referi anteriormente, esta tecnologia permite ao consumidor experimentar o(s) produto(s) virtualmente e de forma mais rápida e acessível, mesmo antes de o(s) adquirir. Desta forma, no momento efetivo da compra o consumidor já está consciente do seu resultado final, minimizando assim a possibilidade de troca ou devolução futura do mesmo.

Consequentemente, e alinhado à diminuição da taxa de trocas e/ou devoluções, no que diz respeito à sustentabilidade, permitirá minimizar ou mesmo eliminar outros desperdícios inerentes a este processo.

Especificamente, permitirá reduzir a utilização de sacos ou de caixas utilizadas nas trocas e/ou devoluções de compras quer offline, quer online. Por outro lado, e ainda ao nível da sustentabilidade, permitirá em vários setores diminuir o número de protótipos necessários em loja física e consequentemente os materiais e custos relacionados com a produção dos mesmos.

Estes são apenas alguns exemplos de como a tecnologia de realidade aumentada poderá contribuir para tornar o processo de venda mais sustentável, e consequentemente, contribuir para vendas mais sustentáveis.

 

Que ingredientes deve ter uma experiência de realidade aumentada para ser impactante junto do consumidor?

No desenvolvimento de uma experiência de realidade aumentada é fundamental ter em consideração ingredientes-chave como o registo, isto é, o alinhamento entre os objetos ou informações virtuais e o ambiente real, a interatividade ou a acessibilidade.

O consumidor espera ter uma experiência o mais aproximada possível à realidade, com gráficos de elevada qualidade, em HD e 360, onde os objetos tenham as dimensões proporcionais ao espaço onde estão inseridos.

Adicionalmente deve existir uma elevada preocupação com a capacidade do consumidor interagir com os objetos na aplicação, conseguindo redimensioná-los, movimentá-los ou ajustá-los, em tempo real, de modo a conseguir obter o resultado final o mais próximo possível do desejado.

E por último, mas não menos importante, estas aplicações devem ser intuitivas e acessíveis, não exigindo ao consumidor muito tempo de aprendizagem para conseguir utilizar a aplicação e usufruir de toda a experiência na sua plenitude. Apesar de grande parte dos consumidores serem tecnologicamente informados, são ainda muitos os que começam agora a explorar o mundo digital, sendo fundamental conseguir alcançar todos eles independentemente do seu grau de conhecimento da tecnologia.

 

Uma marca pode utilizar realidade aumentada para explicar ao consumidor o seu compromisso com a sustentabilidade? Se sim, dê-nos alguns exemplos de marcas que o fizeram? 

A realidade aumentada pode também também ser implementada através de QR Codes. Estes códigos são lidos, com recurso a uma câmera integrada num dispositivo móvel, que automaticamente permite ao consumidor aceder a um conjunto de informação adicional. Esta informação pode ser disponibilizada nos mais diversos formatos, como vídeos, fotografias, texto, entre outros.

Estes códigos podem, assim, ser utilizados pelas marcas e empresas nos seus produtos para fazer chegar aos seus consumidores mais informação, além da descrita no mesmo, de forma intuitiva e interativa.

Muitas marcas utilizam QR codes para divulgar campanhas de sustentabilidade e explicar o seu compromisso com a mesma. A Tetra Pack no Brasil, por exemplo, procurou através da colocação de QR Codes nas suas embalagens de leite educar o consumidor, de forma lúdica e divertida. O consumidor, através da leitura deste código conseguia posteriormente interagir com uma personagem digital que contava histórias sobre o processo correto de reciclagem das embalagens ou o processo de fabricação de novos produtos.

realidade aumentada sustentável

 

Desenvolver uma experiência de realidade aumentada é algo complexo? E em termos de custos?

A complexidade de desenvolvimento de uma experiência de realidade aumentada, assim como os custos inerentes ao mesmo, estão diretamente relacionadas com o objetivo final da mesma. Estes objetivos variam de acordo com, por exemplo, funcionalidades desejadas, quantidade de produtos disponibilizados ou qualidade dos gráficos e/ou imagens. Pelo que, é praticamente impossível standardizar um processo de desenvolvimento de uma experiência de realidade aumentada, pois cada caso é um caso.

Contudo, a aceitação desta tecnologia por parte dos utilizadores é bastante alta, o que garante um bom retorno quando o investimento é bem aplicado.

A longo-prazo, a aplicação de realidade aumentada permitirá às empresas que a empreguem, não só reduzir custos relacionados com a loja física, mas também aumentar o seu volume de vendas, quer online, quer offline.

 

A realidade aumentada pode contribuir para a criação de experiências omnichannel no retalho? Em que sentido? 

Uma boa experiência omnichannel é fundamental para o sucesso de qualquer empresa. Garantir uma comunicação consistente em todos os canais de comunicação entre a marca e o consumidor permitirá aumentar não só os níveis de  satisfação, como a confiança e a imagem da marca perante o seu público.

Apesar de muitas vezes a customer journey dos consumidores ser iniciada e finalizada num único canal – online ou offline –, existem múltiplas situações em que o consumidor inicia a sua jornada num canal e a finaliza noutro, pelos mais diversos motivos. Quer o consumidor inicie a sua jornada em loja e finalize online, quer o consumidor escolha o produto online e dirija-se até uma loja física para efetivar a compra, é importante garantir uma experiência consistente nos diversos contactos que existem entre o consumidor e a marca.

No retalho, a tecnologia de realidade aumentada vem permitir eliminar as barreiras existentes entre os vários canais, tanto online ou offline. Permite assim oferecer uma experiência muito idêntica online àquela que até então o consumidor só poderia usufruir em loja física, otimizando assim a experiência em qualquer canal. D

esta forma, a realidade aumentada permitirá ao consumidor, através de plataformas de e-commerce não só ter acesso a informação como visualizar virtualmente o produto, tal e qual como em loja. Adicionalmente, a tecnologia de realidade aumentada pode ainda ser utilizada em loja física, auxiliando o consumidor não na experimentação do produto, mas por exemplo, também com a disponibilização de mais informação necessária para efetivar a compra.

Vanessa Hipólito - realidade aumentada

Vanessa Hipólito

Tem 24 anos e são os novos desafios que a alimentam diariamente. Após terminar a sua licenciatura em Gestão, no ISEG, procurou “fugir” à monotonia dos números e encontrou a sua verdadeira paixão, numa escolha que se veio a revelar numa das melhores da sua vida – especializar-se em Marketing. Decidiu assim ingressar no mestrado em Marketing, igualmente no ISEG, onde desenvolveu a sua dissertação sobre um tema até então muito pouco explorado e aprofundado – a realidade aumentada e o desenvolvimento do relacionamento consumidor-marca.

Atualmente, enquanto trainee na empresa Leroy Merlin, abraça um desafio relacionado com o conceito phygital, onde tem a oportunidade de conciliar duas das áreas pelas quais é apaixonada, Inovação e Marketing.

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A Circle For Purpose alimenta-se de uma comunidade para a sua produção, onde se incluem marcas de moda e design sustentáveis. Os conceitos na produção de têxteis para lar e escritório são claros: #ZeroWaste e #Upcyclling.

A ideia começou a ganhar forma quando a Mafalda, uma das fundadoras, trabalhou com a primeira editora de moda sustentável da Vogue Austrália e ficou alerta para o tema da sustentabilidade. O resto da história está na entrevista.

têxteis lar

Como surgiu a ideia da Circle For Purpose e quais os foram os primeiros passos para concretizá-la?

Há cerca de 2 anos comecei a acordar para o tema da moda sustentável e ficou na minha cabeça. Em 2020, num dos meus primeiros contactos nesta área trabalhei com a Clare Press, a primeira editora de moda sustentável da Vogue Austrália, no Sustainable Angle Event, em Londres.

Pouco depois, comecei a trabalhar numa start-up em Londres, plataforma online de detergentes eco friendly e de arranjos de roupa. Aqui tenho continuamente a oportunidade de me rodear de pessoas influentes da área, tal como a Orsola de Castro, a co-fundadora da Fashion Revolution, expandindo diariamente a minha rede de contactos. Estas pessoas inspiram-me a contribuir com soluções sustentáveis e criativas de upcycling para uma indústria tão poluente. Com base nestas conversas, comecei a questionar a minha relação com roupa e a pensar em alternativas para tanto excesso de produção: como posso ajudar a construir um planeta melhor e contribuir para a consciencialização e alteração dos hábitos de consumo.

Juntei-me a uma amiga, definimos a estratégia da marca e de seguida entramos em contacto com marcas de roupa e de design de interiores de forma a confirmar que realmente havia esta falha no mercado. Depois o processo foi fluindo, com muito trabalho e de forma orgânica, e passados uns meses nasceu a Circle For Purpose.

 

Como descrevem a Circle for Purpose, enquanto marca e os seus produtos?

A palavra para descrever a Circle é, sem dúvida, disrupção.

Não só nascemos com o objetivo de consciencializar as pessoas em relação ao impacto da indústria da moda e ao excesso de consumo no planeta, como também tentamos ter uma abordagem divertida, de forma a quebrar o tom mais clássico das lojas de produtos para casa.

Em relação aos nossos produtos, penso que “qualidade surpreendente” é a melhor forma para os descrever. A resposta dos nossos clientes tem sido de grande surpresa quando se apercebem que, apesar de serem peças feitas de tecidos não desejados, não deixam de ter uma qualidade excelente. Fazemos sempre uma seleção cuidadosa de todos os tecidos com os quais trabalhamos, não aceitamos peças em mau estado e trabalhamos com materiais de qualidade tais como: lã, algodão orgânico, linho, algodão, pele, bombazine…

texteis lar - eco friendly

 

Podem explicar-nos um pouco os conceitos de Zero Waste e Upcycling e de que forma estão incorporados na Circle for Purpose?

O termo zero waste aplica-se no sentido que aproveitamos todos os têxteis possíveis, trabalhamos sempre com amostras, fins de rolo ou retalhos. Pela sua natureza, as nossas coleções são muito limitadas, com poucos exemplares de cada peça.

No que diz respeito ao upcycling, todos os tecidos que nós trabalhamos nasceram com a intenção de serem casacos, t-shirts, vestidos, amostras para capas de almofada ou até mesmo coberturas para transportadora de bebés (coques).

A nossa função é pegar nestas amostras e dar-lhes um novo propósito, como tal, o nosso processo de desenvolvimento de produto é contínuo. Uma das partes mais desafiantes do trabalho é perceber como transformar retalhos tão pequenos, como as amostras da Barreiros & Barreiros ou os pequenos cortes de tecido da Cocoon, e dar-lhes uma nova vida. Olhar para estes pequenos excedentes e conseguir criar uma peça bonita, com qualidade e prática para o nosso dia-a-dia, é realmente o mais gratificante.

têxteis

Nunca como este ano as pessoas passaram tanto tempo em casa. Isso teve impacto na procura pelos vossos produtos? Há algum que se destaque?

O website só ficou disponível há menos dum mês, como tal, ainda não deu para medir esse impacto. No entanto, vimos certamente uma grande procura dos tapetes de rato em pele – que levou à rutura de stock de algumas cores no próprio dia do lançamento.

Entendemos que esta procura se deve ao facto de que hoje em dia os dois espaços (casa e trabalho) se sobrepõem. Como tal, temos em pipeline mais novidades para facilitar o teletrabalho.

 

Têm parcerias com outras marcas sustentáveis. No que consistem estas parcerias?

Para já temos parcerias com a One of Us Kids, IMAGO, Naz (já entrevistada no Green Purpose), Cocoon, Barreiros & Barreiros e Vidi Studio – os nossos parceiros entregam-nos tecidos que não irão utilizar mais ou que tenham defeitos.

Contudo, as nossas parcerias não se limitam a tecidos – com o apoio da Struts Lisbon conseguimos, também, que as caixas onde enviamos algumas das nossas encomendas fossem produto de reutilização de caixas de sapatos que, noutra situação seriam deitadas fora.

 

O que sentem que os vossos clientes mais valorizam? Exclusividade? Sustentabilidade? Preço?

A componente sustentável tem um impacto muito forte. A Circle nasceu com o propósito de mostrar que o futuro é circular e passa por um processo educacional de conseguirmos mudar mindsets. A exclusividade é uma das nossas maiores características. Havendo poucos exemplares de cada peça faz com que tudo o que produzimos seja extremamente exclusivo e único, o que motiva os nossos clientes.

têxteis eco friendly

 

Qual o perfil do vosso cliente habitual?

Ainda é muito cedo para conseguir delinear um perfil completo, no entanto com base nestas primeiras semanas conseguimos pelo menos apontar para uma média de idades entre os 30 e os 45 anos.

 

Que ambições têm para o futuro da Circle for Purpose e onde podemos encontrar os seus produtos?

De momento estamos em contacto com marcas no Reino Unido e, aos poucos, o plano é conseguir chegar às grandes marcas que são maioritariamente responsáveis pela poluição na indústria da moda. Consideramos isso naturalmente um pipe-dream.

Apesar de sermos uma marca focada na criação de têxteis para casa e escritório, já tivemos alguns contactos para criar peças exclusivas em parceria com a Circle. De momento podem encontrar todos os nossos produtos no website e, por agora, o plano é manter a venda online exclusivamente. No futuro, se estrategicamente fizer sentido, não excluímos a possibilidade de estar presente num espaço físico.

Mafalda

Co-founder Circle For Purpose

Nascida no Porto, trabalho há 5 anos como brand manager, tendo passado por varias industrias. Comecei numa empresa global no sector da hotelaria e eventualmente mudei-me para o mundo das start ups, pelo desafio. O meu foco sempre foi fazer as marcas crescer, principalmente através da comunicação e visibilidade que as mesmas podem alcançar. Atualmente, sou a responsável do departamento de marketing de uma start up em Londres, na área da moda sustentável – a principal fonte de inspiração para a criação da Circle For Purpose.

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Pretendem fazer mais e melhor pela Padaria e Pastelaria. Como? Inovando, trabalhando em grande medida por encomenda para evitar desperdício e, claro, fazendo o que querem.

De onde surgiu a ideia de abrirem um negócio de padaria artesanal?

O nosso negócio de padaria e pastelaria artesanal surgiu, antes de mais, da nossa paixão pela padaria e pela pastelaria. E pela nossa vontade de mostrar que é possível fazer uma pastelaria e padaria diferente e inovadora, sem nunca esquecer o que o tradicional tem de bom.

A vontade de fazermos à nossa maneira foi crescendo à medida que íamos trabalhando noutros sítios, até que achámos que chegou a altura de arriscar.

 

Em que consiste o processo de fabrico artesanal?

Todos os nossos produtos são feitos por nós na loja. Procuramos ser o mais sustentáveis possível na medida que escolhemos, assim como com matéria-prima da época e local.

Com base na nossa experiência e conhecimentos de técnicas profissionais, desenvolvemos os nossos produtos a uma escala pequena, mas pensada e feita da melhor maneira que sabemos. E fazemos para os nossos clientes com a mesma dedicação que fazemos para nós, família e amigos.

 

The Rebel Bakers: de onde veio este nome? Tem que ver com a vossa proposta de valor?

Sim, tem que ver com a nossa maneira de olhar e de estar na pastelaria e padaria. Ambicionamos fazer pastelaria à nossa imagem e de uma maneira diferente.

Não queremos usar preparados (mixes), não queremos ter produtos em que o processo de fabrico não seja 100% nosso. É um grito de rebeldia que queremos dar na pastelaria portuguesa

 

padaria e pastelaria - rebel bakers

 

Quem é o vosso cliente tipo? Jovens urbanos ou também pessoas de outras gerações?

Apesar de comunicarmos para um público mais jovem, que gosta de produtos diferentes, mas sempre saborosos e feitos da melhor maneira possível, e de utilizarmos maioritariamente canais utilizados por eles, como as redes sociais, também estamos localizadas numa zona mista e eclética em termos de público mais próximo.

Não queremos descurar os nossos clientes que não se enquadrem nessa faixa etária mais jovem, mas que não deixam de ter os mesmos valores que os nossos.

Nesse sentido, tentamos que os nossos produtos vão ao encontro dum vasto tipo de cliente.

  • Os jovens urbanos que procuram uma experiência de padaria e pastelaria mais saudável, mais pensada e completa tendem a procurar mais os nossos cruffins;
  • Um público mais experiente valoriza mais o nosso pão Sem Tretas e broa, feitos de um modo mais artesanal e com métodos mais antigos, que mantêm assim também os sabores do pão tradicional.

 

Falem-nos dos vossos produtos. Quais os vossos produtos estrela?

Sem dúvida que os cruffins e o pão Sem Tretas são os nossos best-sellers. Mas tentamos estar sempre a inovar e a fazer coisas novas e diferentes, misturando sabores inovadores com os tradicionais.

 

Estão situados na Ajuda. Por algum motivo em especial? Existe uma lógica de padaria de bairro no sentido da proximidade?

Ambicionamos contribuir e criar um sentido de comunidade, mas ser uma padaria e pastelaria de bairro não estava nos nossos planos originais. Queríamos e queremos sobretudo trabalharpor encomenda, no sentido de garantir que não há desperdício alimentar. No entanto, com a pandemia tivemos que nos adaptar e, por enquanto, estaremos com as portas abertas ao público.

A Ajuda sempre nos pareceu um bairro em crescimento, ainda que com um grande sentido bairrista, e que acaba por estar na mesma fase de crescimento que nós. Em direcção ao futuro, sem esquecer o passado e tradicional.

Acreditamos que há um meio termo que se pode encontrar e juntamente com a Ajuda iremos fazer essa ligação entre o que de melhor a tradição e o futuro têm para nos dar.

 

padaria e pastelaria - confinamento

 

Dizem os estudos que com a pandemia o consumo de pão disparou. Sentem esta tendência no vosso negócio? Têm tido maior procura?

A procura por um pão mais saudável tem vindo a crescer nos últimos anos, especialmente desde que reapareceu no mercado uma grande variedade de pães de massa mãe.

Não temos comparação em termos de negócio pois somos novas no mercado, mas como consumidoras temos a noção que há cada vez mais procura por um pão mais simples e que somente contenha os ingredientes que conhecemos bem.

Foi por essa razão que chamamos ao nosso pão “Pão Sem Tretas”, porque é isso mesmo, um pão de fermentação lenta, feito com massa velha, farinha, fermento de padeiro, água e sal. Tudo ingredientes que sabemos o que são.

 

Ao nível da pastelaria, quais os vossos produtos mais procurados?

Os cruffins são os nossos produtos mais procurados dentro da padaria, principalmente o recheado com creme de pastel de nata.  Mas temos outros que também vendem bem, como os bolos à fatia (que variamos todas as semanas) e os de aniversário, que tentamos diferenciar em termos de sabores e texturas dos bolos de aniversários simples e tradicionalmente encontrados nas pastelarias mais comuns.

 

padaria e pastelaria - bolo aniversário

 

Há cada vez mais pessoas a preferir uma alimentação vegan ou saudável. Que produtos vossos estão alinhados com esta tendência? 

Os nossos produtos são confeccionados conscientemente, isto é, temos noção que cada vez mais há uma procura de produtos saudáveis. Com isso em mente somos os primeiros a reduzir o açúcar nas nossas receitas. Dito isto, temos por base a pastelaria portuguesa e temos noção que o açúcar está e estará presente.

Por agora não temos produtos 100% vegan, no entanto estamos sempre a testar novas receitas e técnicas para fazermos melhor e mais pelo nosso público.

 

Quais os vossos planos futuros? Prevêem expandir-se para outras localizações?

Queremos sobretudo trabalhar neste projecto que, no fundo, é fazer um upgrade rebelde à pastelaria e padaria tradicional. Assim como criar uma melhor comunidade à volta da pastelaria e padaria.

Queremos ter uma grande avalanche de encomendas, sobretudo quando voltarmos ao normal com as celebrações, eventos e aniversários em que possamos contribuir com o que de melhor fazemos. A expansão ainda não está nos planos, mas quem sabe!

The Rebel Bakers
(Andrea Soares e Lara Melo)

Os bolos, as bolachas, os gelados, os chocolates e os pães juntaram-nos. A criatividade e vontade de fazer mais pela pastelaria e pela padaria portuguesa faz-nos seguir em frente e evoluir. Estamos sempre a aprender e a rir uma com a outra. E apesar de não sermos iguais e de nem sempre gostarmos das mesmas coisas, vemos o mundo da mesma maneira e acreditamos nos mesmos valores de honestidade, qualidade e de valorização do que realmente importa na vida. E acima de tudo acreditamos que podemos tornar o mundo dos nosso clientes um pouco mais doce, mais divertido, e único.

Somos bakers, mas à nossa maneira rebel!

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Faro caminha para ser uma smart city,  amiga dos peões e promotora de uma qualidade de vida onde a tecnologia a favor do ambiente não é esquecida. Por exemplo, estão a ser adquiridos os sensores para recolha de lixo otimizado.

A mobilidade é essencial para a qualidade de vida das cidades. Qual a visão da Divisão de Mobilidade, Ambiente e Energia da Câmara Municipal de Faro?

Nesse âmbito a nossa visão é que Faro se assuma no decurso da corrente década como uma cidade cada vez mais amiga do peão e dos modos de transporte suaves.

Pensamos que essa é melhor filosofia de desenvolvimento do território e da vida societária, privilegiando o valor intrínseco dos espaços físicos com a qualidade de vida, num ambiente integrador e capaz de assegurar a transição climática com garantias para as novas gerações. 

 

Quais são os grandes pilares de intervenção da Divisão de Mobilidade?

Três eixos fundamentais estão presentes na essência do plano de mobilidade e transportes (PMT) que aprovámos em 2018 e que constitui a “magna carta” da nossa actuação.

  1. Apostamos numa política de reforço da quantidade e qualidade do transporte colectivo urbano e interurbano, com mais rotas e melhores condições para que todos considerem o autocarro como uma primeira opção, quer residam no casco urbano, quer residam na praia ou na campina;
  2. Reforço da micro e da mobilidade partilhada e para isso temos dado passos atempados e decididos;
  3. O peão e nele pensamos em cada intervenção de requalificação que fazemos no espaço público, conscientes do muito que há a fazer em matéria de acessibilidades e circulação pedonal.

E, por isso, em consonância com o nosso PMT criámos uma espécie de roteiro para a acessibilidade pedonal, com um conjunto de regras de cumprimento obrigatório em cada intervenção que é realizada no espaço público e na adaptação de todas as passadeiras a atravessamentos de via do concelho.

 

Consideram a definição de estratégias de mobilidade fundamentais para Faro ser uma cidade mais sustentável?

Completamente. Trabalhamos todos os dias do ano para que assim seja e estamos convencidos de que essa estratégia pagará dividendos com antecipação, fruto da coerência das apostas e das boas respostas que a nossa população está a dar.

Não basta fazer o que estamos a fazer: na mobilidade, no ambiente, na gestão da água e parques verdes. Há também uma grande componente de civismo e educação ambiental a trabalhar e esse é um desafio que todas as autarquias vão experimentar nos próximos 5 anos.

As comunidades que derem melhores respostas a esse nível serão aquelas cujos ganhos de competitividade serão mais evidentes. A prazo, a sustentabilidade e a qualidade ambiental serão os factores primordiais na tomada de decisão de investidores ou dos próprios cidadãos quando equacionarem onde querem trabalhar, estudar, ou simplesmente passar férias. As primeiras cidades a darem mostras dessa capacidade serão as que melhor se posicionarão no desafio da competitividade até 2030.

 

faro - smart city

 

Existe uma associação das pessoas entre mobilidade, smart cities e tecnologia. Faz sentido esta associação?

Não só faz sentido como é uma associação obrigatória.

Os verticais que sustentam o nosso conceito de smart city são justamente:

  • Mobilidade sustentável e integradora;
  • Qualidade ambiental;
  • Recurso à tecnologia para que todos esses verticais se articulem, com harmonia e vantagem quer para a vida em comunidade quer para quem gere o território.    

 

Os transportes públicos e partilhados que impacto terão na mobilidade?

O transporte faz parte do dia-a-dia de uma cidade. No nosso caso, constituímos uma autoridade de transporte para gerir esses fluxos e capacitar-nos para ganhar dois desafios:

  1.  Conseguir a adesão de cada vez mais munícipes;
  2.  Fazer com que o impacto dos mesmos na qualidade ambiental seja minimizado, em todas as vertentes.

É um processo complexo e que, muitas vezes, depende da participação dos próprios utilizadores e da sua consciencialização de que essa decisão é racional e potencia a sua qualidade de vida e dos seus circunstantes.

No que respeita à mobilidade suave partilhada, Faro acolhe com sucesso, desde 2018, algumas experiências de sistemas integrados de trotinetas partilhadas (e nisso fomos os primeiros a Sul do Tejo), com as pessoas a aderirem numa lógica de “last mile”.

Entendemos que essa aposta teria que ser ganha à partida e por isso, decidimos acompanhar de perto essas operações e, em articulação com as autoridades de segurança, monitorizamos essa rede com esmero e atenção. Era essa, de resto, uma das premissas da Carta dos Princípios da Mobilidade Partilhada, que subscrevemos em 2018, com o apoio da americana Robin Chase a “mãe” da mobilidade partilhada.

O futuro, que queremos antecipar, é também marcado pela implementação de um sistema de bicicletas partilhadas e temos já em orçamento os montantes necessários ao arranque desse desafio. Pensamos que numa cidade tão jovem e promissora, a aposta vai valer a pena. 

 

Muitos estudos e tendências referem que, com a transição para o teletrabalho, muitas pessoas desmobilizarão dos grandes centros urbanos. Assumindo este pressuposto, que impactos antecipam para a cidade de Faro?

Faro é um concelho servido por uma boa rede de vias de comunicação. Quem vive no centro urbano ou na aldeia mais remota, está quase em igualdade de circunstâncias. Isso acontece também no que respeita à qualidade do urbanismo e do cenário ambiental – com vantagem na periferia.

Estas são realidades que vêm levando cada vez mais pessoas a procurar fora da cidade a sua primeira habitação. Portanto, conhecemos essa tendência há largos anos, mas admitimos que as circunstâncias que atravessamos a possam potenciar. Estamos preparados, pois sentimos que as freguesias têm, também elas, um enorme potencial de desenvolvimento assente nas mesmas premissas a partir das quais montámos a nossa estratégia: o respeito pelo ambiente, a qualidade de vida e o acesso às oportunidades.

 

Outro dos eixos das smart cities tem que ver com gestão de resíduos, como por exemplo, otimização de circuitos de recolha de lixo com recurso a sensores. Está nos vossos planos?

Mais do que em plano, está em implementação. No momento, a FAGAR, empresa municipal que gere os resíduos sólidos urbanos, está com um projecto piloto num conjunto de rotas, que recorre à tecnologia para monitorizar o volume de carga de cada subtainer. 

Isto está a ter excelentes resultados na optimização das rotas, dos recursos afectos e na redução da emissão de CO2. Em face destes resultados, posso adiantar, talvez em primeira mão, que a FAGAR abriu já procedimento concursal para aquisição dos sensores e da tecnologia complementar para equipar toda a rede contentores subterrâneos do concelho, o que esperamos concluir ainda durante o ano corrente.

 

No âmbito das smart cities como imaginam Faro do futuro?

Faro deverá afirmar-se como um concelho inteligente e articulado na gestão dos seus eixos de actuação. Não basta fazer o que estamos a fazer na rega inteligente, com uma poupança efetiva da água, na mobilidade partilhada e na rede de ciclovias, na Ria Formosa e nas suas pradarias marinhas com um efeito de oxigenação, na execução do PMT, com o terminal municipal já em funcionamento e o interface modal regional no Patacão em projecto. É preciso articular todos estes verticais e desenvolver o complexo.

Temos excelentes condições para o fazer: porque esse é um compromisso deste executivo e do Presidente Rogério Bacalhau, porque temos os meios próprios para isso e porque os nossos stakeholder, em particular a Universidade do Algarve, estão perfeitamente alinhados com essa estratégia.

Faro já é uma cidade do conhecimento e da tecnologia. No futuro, aspiramos a que todo esse know-how reverta no incremento da qualidade de vida de todos os farenses  e de quem nos escolhe para viver, trabalhar, estudar ou simplesmente visitar-nos para apreciar as nossas muitas virtudes. 

Sophie Matias - Camara Municipal de Faro

Sophie Matias 

Vereadora das Infraestruturas e Urbanismo da Câmara Municipal de Faro

Licenciada em Arquitetura pela Escola Superior Artística do Porto (ESAP) desde 1998, tendo posteriormente frequentado o Mestrado Integrado em Arquitetura na Universidade Lusíada do Porto.

De 1998 a 2001 trabalhou em vários ateliers de Arquitetura no Porto e no Algarve. De 2001 a 2015 desempenhou funções de Técnica Superior no Município de Faro nas área do Urbanismo, Gestão Urbanística, Projetos Municipais e ainda Ordenamento do Território, tendo sido Co- Autora do projeto de Arquitetura do Teatro Municipal das Figuras, com o Arq. Gonçalo Byrne, tendo sido finalizada a obra em 2005. Sai da Câmara Municipal de Faro em 2015  e cria a Empresa Black is Black, Lda de Arquitetura de Interiores com a sócia e irmã, a Designer de Interiores  Stephanie Matias (https://www.blackisblack.co/).

Neste momento desempenha funções de Vereadora das Infraestruturas e Urbanismo no Município de Faro, e acumula a presidência da Empresa Municipal Ambifaro- Gestão de Equipamentos Municipais, E.M., desde junho de 2019, empresa que gere o Mercado Municipal, promove a Feira de Santa Iria e ainda as zonas de estacionamento tarifado da cidade de Faro.

É ainda vogal no Conselho de Administração do Teatro das Figuras, desde 2017 e foi vogal da Ambifaro de 2017 a 2019.

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