Dia Internacional da Mulher: (Des)Igualdade de Género – Mafalda Almeida

por Marta Belchior

O Dia Internacional da Mulher celebra as conquistas das mulheres provenientes dos mais diversos contextos étnicos, culturais, socioeconómicos e políticos. É um dia em que todos devemos refletir acerca do progresso a nível de direitos humanos, e honrar a coragem e determinação das mulheres que ajudaram e continuam a ajudar a redefinir a história, local e globalmente.

Apesar de todos os avanços relativos aos direitos das mulheres, nenhum país atingiu a igualdade plena entre homens e mulheres.

O Green Purpose pretende assinalar esta data e desafiou algumas mulheres com cargos de liderança a responder a 5 perguntas sobre a desigualdade de género no meio laboral. São testemunhos que revelam a realidade que ainda se vive e refletem que, no que diz respeito a Portugal, na prática, ainda estamos longe de alcançar a igualdade.

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Mafalda Almeida,
CEO & Owner na Rising Group – HR Management | Executive Coach & Mentor | Leadership Expert | Chief Happiness Officer

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Já sentiu algum tipo diferença no tratamento dos outros para consigo no ambiente de trabalho por ser mulher? 

Sim, infelizmente já passei por isso, no passado (não agora que tenho o meu negócio próprio). 

Desde desigualdades óbvias a nível salarial, entre colegas que ocupavam exactamente o mesmo cargo que eu, passando por atitudes de desprezo para comigo (por ser mulher e ter um aspecto jovem), em situações de reunião e negociação, com grandes cargos na área da Banca, por exemplo.  

 

Acha que é mais fácil liderar uma equipa sendo homem ou mulher? 

Penso que pode ser mais desafiante a liderança sendo mulher. Embora existam cada vez mais cargos de chefia a serem ocupados por mulheres, a verdade é que esta “posição” (chefia / liderança) ainda é muito associada aos homens. Poderá ser mais fácil para uma equipa maioritariamente (ou totalmente) masculina respeitar um líder homem do que uma líder mulher.

Sei-o porque acompanho algumas Líderes neste momento que enfrentam exatamente esse desafio: serem respeitadas por equipas maioritariamente masculinas. 

Ainda existe um grande caminho a percorrer no que diz respeito ao mindset das pessoas relativamente a esta temática.

 

Sente que teve de se esforçar mais para atingir o cargo que ocupa por ser mulher? 

Não sinto isso, porque criei as minhas marcas e as minhas empresas, e penso que os desafios que passei são os mesmos no âmbito do empreendedorismo, tanto para homens como para mulheres. 

No entanto sinto que, se continuasse a trabalhar por conta de outrem, isso seria uma enorme possibilidade. Ter colegas homens dificulta desde logo o caminho rumo a ascensão da carreira. A “culpa” não é de ninguém em particular, é de todos: empresas, pessoas, sociedade, cultura.

 

Algum conselho que gostaria de deixar para as jovens mulheres que entram no mercado de trabalho? 

Nunca se deixem desmotivar se começarem a assistir a desigualdades no vosso emprego. Isso só vos deve dar mais força para chegarem longe nas vossas carreiras. As desigualdades vão continuar a existir, por enquanto, e devemos saber lidar com isso, sempre com foco no que realmente queremos para nós como profissionais.

 

Em que pontos considera que Portugal ainda tem de evoluir para que sejamos um país com uma sociedade com total igualdade de género no mundo laboral?

Principalmente em dois âmbitos: planear e acima de tudo, fazer. Como se altera uma forma de pensar (quase) colectiva? Colocando em prática aquilo que se diz. Mostrando, passando das palavras às ações. Nós planeamos muito, temos as melhores intenções do mundo, mas depois na prática quase nada acontece. Possivelmente porque ainda não é uma real prioridade na nossa sociedade…

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