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Falámos com Rita Andrade Soares, CEO da Herdade da Malhadinha Nova, um projeto de turismo com alojamento que nasce com a recuperação de uma ruína do Monte da Peceguina, uma unidade com 10 quartos dedicada a proporcionar experiências inspiradas no Vinho, na Gastronomia e na cultura e tradições locais.

Fale-nos um pouco sobre a história da Herdade da Malhadinha Nova e o conceito a ela associado. 

A Malhadinha Nova é um projeto familiar, iniciado em 1998 com a compra de uma propriedade abandonada no baixo Alentejo, numa das zonas menos povoadas da Europa. O conceito transversal a todas as áreas de negócio da Herdade centra-se na preservação das características endógenas da propriedade e no desejo imenso de preservar este espaço singular, de o melhorar através do desenvolvimento de atividades diversas, sempre com a enorme aposta na qualidade e com o objetivo de deixar um legado.

O projeto inicia com a plantação dos primeiros 20 hectares de vinha, com a construção de uma adega e culmina hoje com várias áreas de negócio desenvolvidas na propriedade, toda ela em produção biológica certificada, auto suficiência em vinho e azeite, ambos produzidos a partir das vinhas maioritariamente de castas portuguesas existentes na propriedade; azeitonas 100% de variedade galega de Olival tradicional; a produção agrícola e a pecuária através da criação das raças autóctones, Vaca Alentejana, Porco Preto e Ovelha Merina, todas elas de denominação de origem protegida (DOP); e da criação do cavalo Puro Sangue Lusitano. 

O projeto de turismo com alojamento nasce com a recuperação de uma ruína do Monte da Peceguina, uma unidade com 10 quartos dedicada à comercialização de experiências inspiradas no Vinho, na Gastronomia e na cultura e tradições locais. Culmina, mais recentemente, com a recuperação de todas as ruínas existentes nos 450 hectares da propriedade, nas quais hoje se oferecem 26 quartos espalhados por cinco diferentes unidades hoteleiras, onde mais uma vez se proporcionam experiências criativas e inovadoras com respeito pela natureza, pelo tempo, num espaço único, como expoente máximo do Luxo.

Que experiência pretendem proporcionar a quem visita o alojamento? 

Todas as experiências que proporcionamos na Malhadinha são desenhadas à medida de quem nos visita, pelas mãos de uma equipa criativa e dedicada, inspiradas em diversos temas, tais como o vinho, o pilar central, a gastronomia, a cultura, a aventura, o desporto, o romance, o bem estar, entre outros, sendo que o limite do que queremos criar e proporcionar é a imaginação . 

De que forma a sustentabilidade está presente na Herdade? 

A sustentabilidade está presente transversalmente:

Desde o início do projeto, o projeto HMN (Herdade da Malhadinha Nova) de imediato se transformou também no enorme desafio de manter a sustentabilidade e o equilíbrio natural  de uma propriedade singular, nunca antes agredida por explorações exaustivas de solos através de adubações químicas e/ou usos de pesticidas ou plantações de qualquer monocultura intensiva, ou ainda alvo de qualquer especulação imobiliária que facilmente teria levado à edificação de centenas ou milhares de metros quadrados de construção para garantia de uma sustentabilidade económica fácil de encontrar. 

A preservação de um ecossistema perfeito constituído por montado de azinho, olivais tradicionais, searas de trigo, aveia e cevada e pradaria natural, a preservação e recuperação das edificações seculares existentes na propriedade, rapidamente se transformaram num objetivo primordial. 

Surgem assim, antes das primeiras plantações de vinha, a exploração de forma sustentável de todo este gigantesco potencial através da aquisição de diversas espécies animais tais como os animais de denominação de origem protegida.

Todo o potencial de exploração das terras da Malhadinha passou de um estado de total abandono de há décadas para uma utilização de todos os recursos naturais  de forma absolutamente sustentável a todos os níveis:

  • Económico – (rentabilidade garantida em todas as áreas de exploração): o enorme investimento na qualidade e na exclusividade do produto, na primazia da imagem, na excelência do serviço, transportaram a marca MALHADINHA para um reconhecimento e consolidação nos mercados nacionais e internacionais que garantem o escoamento total dos artigos produzidos.

  • Social – (criação da empresa em 1999 com dois trabalhadores da região, pessoal efetivo atual superior a 70 pax sendo mais de 80% da região): utilização na recuperação e construção de todos os edifícios de boa parte de materiais tradicionais tais como a terracota e os azulejos fabricados por artesãos da região, madeiras da região e carpintarias produzidas por empresas locais.
    A enorme preocupação com a necessidade de partilhar e preservar conhecimento, saberes e tradições resulta num envolvimento das comunidades locais de artesãos, músicos, artistas em todas as experiências promovidas pela HMN na sua atividade turística, tal como em peças decorativas produzidas por estes artesãos e que serão comercializadas nas unidades .
  • Ambiental: a totalidade dos 455 hectares da propriedade convertidos para modo biológico no início de 2017, tratamentos de água realizados em toda a herdade por ETARES BIOLÓGICAS (plantas). Uso eficiente da água, monitorização de todo o gasto de água na propriedade por caudalímetros instalados em todos os pontos de consumo e supervisionado por um parceiro independente (Aquagri) em regime de avença, boas práticas agrícolas, fertilização natural dos solos com utilização de estrume e culturas auxiliares em toda a vinha capazes de aportar azoto ( fava, tremoço, trevo), corte natural das ervas infestantes com recurso a pastoreio das ovelhas em determinadas épocas. A recente aquisição de 10 veículos 100% elétricos para deslocação interna de colaboradores e hóspedes.

  • Energética: garantida em boa parte pela utilização de energia solar em todas as unidades de alojamento da propriedade, pela utilização de caldeiras de aquecimento a lenha proveniente da poda das azinheiras seculares existentes na propriedade, pela recuperação e construção de todos os edifícios com técnicas tradicionais e materiais de elevadíssima eficiência energética, pela aquisição apenas de equipamentos de última geração com eficiência energética máxima.

A participação e integração, desde o início, com grande sucesso no Plano de Sustentabilidade dos Vinhos do Alentejo comprovam bem as práticas e a  visão estratégicas da HMN

A cultura alentejana é um aspeto importante para a Herdade da Malhadinha Nova. Como a incorporam no hotel? 

A cultura do nosso país, a cultura alentejana e a história e tradições da região e do passado desta propriedade agrícola são uma enorme inspiração desde o início do projeto, em todas as áreas. Cada casa do projeto hoteleiro inspira-se nas atividades locais do passado, na geologia, na avifauna e flora locais, na natureza da Malhadinha, e em todos os espaços encontramos peças fabricadas por artesãos locais; nas experiências, esses mesmos artesãos vêm partilhar o seu saber e as suas atividade artesanais, através de workshops ou apresentações dos seus trabalhos.

 

Quais são as atividades que disponibilizam para quem visita o vosso espaço? Qual é a que tem maior procura? 

As atividades mais procuradas ou as experiências que mais desenhamos são as dedicadas ao Vinho e Gastronomia, culturais e desportivas, programas em família com o intuito de partilhar a cultura local são cada vez mais procurados, os clientes procuram a Malhadinha para estadias cada vez mais longas, em que a natureza e as preocupações com a preservação do planeta são cada vez mais aspectos que famílias multigeracionais desejam vivenciar. Viajar com um propósito é hoje um dos principais objetivos de quem nos procura. 

Existe uma maior preocupação dos clientes em relação à sustentabilidade? Notam que tal já é um fator que pesa na decisão de escolha? 

Sendo a Malhadinha, na sua essência, um projeto de vinhos, e estando localizada numa região em que a tradição gastronómica é tão rica, já por si é uma das preocupações dos nossos hóspedes. É uma propriedade inserida num ambiente natural com uma diversidade e dimensão considerável, o que a torna também bastante apetecível, sobretudo pelas atividades desportivas e de aventura, as iniciativas e experiências culturais e as viagens com o propósito de conhecer a cultura e as tradições locais. O  tema cultural e o sentido de pertença são cada vez mais procurados. Sem dúvida que a sustentabilidade é uma preocupação crescente dos nossos clientes, e a Malhadinha encontra-se neste momento a desenvolver novas experiências dedicadas à preservação da Natureza e ao potencial deste espaço . Entre outras atividades, dispomos de uma forte colaboração com o Centro de Conservação da Natureza, de maneira a poder dar a conhecer as espécies de avifauna, através de materiais criativos de comunicação e apresentação das variadas espécies protegidas.

A Malhadinha está dentro de uma das zonas mais importantes do país para a criação e o desenvolvimento de espécies de aves em vias de extinção. Dar um exemplo a outros projetos para que se desenvolvam de acordo com os mesmos princípios  e valores, preservar e melhorar um espaço natural único e deixar um legado são as nossas principais motivações. 

Rita Andrade Soares

Nasceu em Lisboa, a 4 de Julho de 1972. Em 1993 inicia a colaboração na gestão do negócio da Garrafeira Soares, em conjunto com o seu marido João Soares e o irmão Paulo Soares. Em 1998 Adquire uma propriedade no Alentejo de 450 hectares, com o objetivo de produzir vinhos de elevada qualidade. Em 2007 inaugurou o Restaurante Gourmet da Malhadinha, e em Fevereiro de 2008, O Country House & Spa, um hotel de charme. Inicia, em 2012, uma “joinventure” no algarve com a produção de vinhos, Quinta do Convento do Paraiso. Em 2015 lança-se como autora na área do ENOTURISMO com a obra “ Portugal Wine & Lifestyle”. É responsável pela organização de um dos eventos mais mediáticos em Portugal na área dos vinhos e das bebidas espirituosas “ Algarve Trade Experience”.  Autora de vários artigos de Turismo para várias publicações entre elas, Forbes Magazine e Revista Vilas e Golf.

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