Alimentação Saudável e Sem Desperdício – Sara Oliveira

por Marta Belchior

A alimentação é algo que nos interessa, pelo impacto que tem na nossa saúde, mas quando juntamos a isso o evitar de desperdício, tão importante para o equilíbrio do planeta, temos a certeza que não podemos deixar passar. Por isso, fomos falar com a Sara Oliveira, autora do blogue “Nem acredito que é saudável“, que já deu origem a um livro de receitas com o mesmo nome e que lançou recentemente mais um livro, chamado “Saudável e sem Desperdício“.

 

Como surgiu a ideia de escrever um blog dedicado à alimentação saudável?

Comecei a escrever o blogue porque percebi, sobretudo durante a minha actividade clínica, que em geral as pessoas tinham dificuldade em confeccionar receitas saudáveis e que fossem adequadas às suas restrições ou estado de saúde. Por brincadeira fui desafiada a escrever um blogue para partilhar com todos as receitas que partilhava com os meus pacientes. Foi assim que nasceu o Nem acredito que é saudável.

 

Este seu último livro alia também à alimentação saudável ao desperdício. Como despertou para esta questão?

Há muitos anos, de facto acho que desde bem pequenina que a questão ambiental e o lixo que geramos faz parte das minhas preocupações. Apesar de ter crescido durante uma altura em  que desperdiçar e estragar eram acções perfeitamente normais, nada disso me parecia correcto e não era essa a educação que tinha em casa. Sou descendente de alentejanos, que sabem como ninguém aproveitar tudo.

 

As pessoas hoje são mais preocupadas do que antes com o desperdício relacionado com a alimentação?

Sem dúvida. Tal como disse anteriormente, quando era criança não havia qualquer problema em deitar fora, deixar estragar, comprar apenas por comprar. A sociedade entretanto percebeu que não há planeta B e que as consequências dos nossos actos já não passam despercebidas. Percebeu que ou mudamos rapidamente ou iremos viver num mundo bem diferente do dos nossos país e avós.

Existe uma motivação genuína com a questão do desperdício e do ambiente ou é um “add-on”?

Não posso falar em nome de todos, penso que como em tudo, há pessoas e organizações genuinamente preocupadas, outras vêm na questão do desperdício e do ambiente uma forma de lucrar. Mas em geral acredito que as pessoas estão realmente com vontade de mudar e tornar o mundo mais verde.

 

Como caracteriza os leitores do seu livro?

O meu livro não tem um público alvo, pelo menos não o pensei dessa forma. É um livro que deveria ser transversal a todos e presente em todas as cozinhas. Ter uma alimentação saudável e gerar menos lixo e desperdício alimentar deveria ser uma preocupação de todos.

Vários estudos indicam que as pessoas compram cada vez mais produtos alimentares biológicos. Qual é na sua opinião a explicação para este fenómeno?

As pessoas estão mais preocupadas com a qualidade da sua alimentação porque percebem que isso tem impacto na sua saúde e no ambiente. O facto de também a oferta ser bastante maior, mais disponível e acessível acaba por estimular a compra destes produtos.

 

Que alimentos não podem faltar à mesa de quem quer começar a ter uma alimentação mais saudável?

Uma alimentação saudável é relativa. Depende sempre de cada um, do seu estado de saúde, da sua actividade, das suas restrições ou ideologias. Mas regra geral eu diria que legumes em abundância, cereais e grãos integrais e frutas são indispensáveis

Quais são os grandes obstáculos para uma alimentação saudável?

Penso que talvez o não saber confeccionar ou não ter tempo são as principais dificuldades que me costumam referir.

 

Para começarmos o dia com energia, um pequeno-almoço saudável deve conter…

Hidratos de carbono que podem vir de grãos ou cereais integrais e proteínas que podem ser de origem vegetal ou animal. Para ficar ainda mais completo poderemos juntar uma fonte de gordura proveniente de sementes.

Que dicas daria a quem queira começar em 2021 a ter uma alimentação saudável? Por onde se começa?

A primeira coisa a fazer é perceber o que se pretende ao certo e traçar objetivos, é importante saber se existe alguma condição de saúde que tenha que ser tida em conta.

Depois é traçar um plano alimentar e escolher os alimentos de melhor qualidade. Se for necessário deve-se procurar ajuda de um profissional, por vezes é muito útil e ajuda a a começar e a ultrapassar as dificuldades iniciais

Sara Oliveira

Autora do blogue “Nem acredito que é saudável” e do livro “Saudável e sem Desperdício”. Terapeuta de medicina tradicional chinesa. Cria receitas saudáveis, vegetarianas que permitem que todos, mesmo os que têm restrições alimentares possam ter uma alimentação equilibrada, deliciosa e mais sustentável.

 

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