Dia Internacional da Mulher: (Des)Igualdade de Género – Isabel Domingues

por Marta Belchior

O Dia Internacional da Mulher celebra as conquistas das mulheres provenientes dos mais diversos contextos étnicos, culturais, socioeconómicos e políticos. É um dia em que todos devemos refletir acerca do progresso a nível de direitos humanos, e honrar a coragem e determinação das mulheres que ajudaram e continuam a ajudar a redefinir a história, local e globalmente.

Apesar de todos os avanços relativos aos direitos das mulheres, nenhum país atingiu a igualdade plena entre homens e mulheres.

O Green Purpose pretende assinalar esta data e desafiou algumas mulheres com cargos de liderança a responder a 5 perguntas sobre a desigualdade de género no meio laboral. São testemunhos que revelam a realidade que ainda se vive e refletem que, no que diz respeito a Portugal, na prática, ainda estamos longe de alcançar a igualdade.

line no background

Isabel Domingues,
Gestora de Sustentabilidade na Riopele

line no background

Já sentiu algum tipo diferença no tratamento dos outros para consigo no ambiente de trabalho por ser mulher? 

Ao longo dos meus 25 anos de trabalho na Indústria, tive a oportunidade de aceitar e participar em vários desafios que me permitiram crescer profissionalmente. Ao longo destas várias experiências, algumas em áreas tradicionalmente dominadas por homens, sempre me senti respeitada, e nunca senti, a nível profissional, qualquer tipo de barreira ou de tratamento diferenciado por ser mulher.

 

Acha que é mais fácil liderar uma equipa sendo homem ou mulher? 

Na minha opinião, a liderança de uma equipa depende de um conjunto de características intrínsecas de um indivíduo e não propriamente do género. Liderar não é apenas gerir. Liderar implica mobilizar a equipa para alcançar os resultados. É um processo que implica motivação, persuasão e inspiração. Um dos grandes desafios é liderar pelo exemplo. Há também outros fatores que influenciam a liderança, como a cultura onde estamos integrados, a educação e a formação da equipa. Considero, por isso, que, em última instância, não é o género que irá determinar uma maior facilidade nos processos de liderança, mas sim o tipo de pessoa que somos para a equipa enquanto líderes.

 

Sente que teve de se esforçar mais para atingir o cargo que ocupa por ser mulher? 

Sinto que houve sempre um esforço maior para conciliar a minha vida profissional com a familiar. Se por um lado, procurei sempre fazer mais e melhor pela organização, desenvolvendo as minhas competências técnicas e comportamentais e desafiando as minhas equipas; por outro, procurei, igualmente, nunca falhar com os meus. Enquanto mulher isto implica uma grande organização e planeamento das nossas vidas, significando muitas vezes não termos tempo para nós, para não falharmos com nenhuma das partes.

 

Algum conselho que gostaria de deixar para as jovens mulheres que entram no mercado de trabalho? 

Quando entramos no mercado de trabalho há duas características pessoais que considero muito importantes: a humildade e o respeito. Sermos humildes para aprendermos uns com os outros e respeitarmos, se queremos ser respeitados. Estes dois fatores são muito importantes para sermos bem acolhidos, independentemente do género. Enquanto jovens mulheres, procurem ser independentes, aprendam a valorizar-se e desafiem-se.

 

Em que pontos considera que Portugal ainda tem de evoluir para que sejamos um país com uma sociedade com total igualdade de género no mundo laboral? 

Para evoluirmos em Portugal para uma sociedade com igualdade de género é preciso uma mudança cultural, de valores e de comportamentos. A igualdade de género não pode ser apenas promovida no plano legislativo e em contexto profissional, são também necessárias alterações mais profundas no plano educacional e familiar. As empresas e organizações devem fazer a sua parte, mas nós, enquanto indivíduos e atores sociais, também temos um papel fundamental a desempenhar. 

line no background

subscrever newsletter

Artigos Relacionados