NOVA SCHOOL OF SCIENCE AND TECHNOLOGY contribui para a descrição de um novo grande dinossauro dos Pirinéus

Dinossauro herbívoro titanossauro Abditosaurus kuehnei contava com cerca de 18 metros de comprimento e pesava 14 toneladas.

por Marta Belchior

A NOVA School of Science and Technology | FCT NOVA anuncia o contributo dos seus investigadores para a descrição de uma nova espécie de dinossauro titanossauro Abditosaurus kuehnei dos restos escavados na yazida Orcau-1, no sul dos Pirenéus (Catalunha, Espanha).

O esqueleto semiarticulado de 70,5 milhões de anos é o espécime mais completo desse grupo herbívoro de dinossauros descoberto até agora na Europa. Além disso, Abditosaurus é a maior espécie de titanossauro encontrada na ilha Ibero-Armorica —uma região antiga que hoje compreende a Península Ibérica e o sul da França— representando um indivíduo senescente estimado em 17,5 metros de comprimento com massa corporal de 14 quilos. 

Para os investigadores, o tamanho do dinossauro é um dos factos mais surpreendentes a apontar: “Os titanossauros do Cretáceo Superior da Europa tendem a ser pequenos ou médios devido à sua evolução em condições insulares”, explicou Bernat Vila, paleontólogo do Institut Català de Paleontologia (ICP) que lidera a pesquisa. Durante o Cretáceo Superior (entre 83 e 66 milhões de anos atrás), a Europa era um grande arquipélago formado por dezenas de ilhas. As espécies que ali evoluíram tendem a ser relativamente pequenas, ou mesmo anãs em comparação com os seus parentes que vivem em grandes massas de terra, devido principalmente à limitação de recursos alimentares nas ilhas. “É um fenómeno recorrente na história da vida na Terra, temos vários exemplos em todo o mundo no registo fóssil dessa tendência evolutiva, por isso ficamos surpresos com as grandes dimensões desse espécime”, acrescenta ainda o investigador.

O trabalho de campo realizado ao longo de várias décadas desenterrou 53 elementos esqueléticos do espécime. Estes incluem vários dentes, vértebras, costelas e ossos dos membros, escapular e pélvico, bem como um fragmento semi articulado do pescoço formado por 12 vértebras cervicais.

No artigo publicado na Nature Ecology & Evolution, os investigadores concluem que o Abditossauro pertence a um grupo de titanossauros saltassauros da América do Sul e África, diferente do resto dos titanossauros europeus que se caracterizam por um tamanho menor. Os autores levantam a hipótese de que a linhagem Abditossauro chegou à ilha ibero-armórica aproveitando uma queda global do nível do mar que reativou antigas rotas de migração entre a África e a Europa.

A nova descoberta reflete assim um grande avanço na compreensão da evolução dos dinossauros saurópodes no final do Cretáceo e traz uma nova perspetiva para o quebra-cabeça filogenético e paleobiogeográfico dos saurópodes nos últimos 15 milhões de anos antes da sua extinção.

subscrever newsletter

Artigos Relacionados