Autor

Ricardo Lopes

A Natureza não envolve as Areias do Seixo, é parte das Areias do Seixo. Um hotel que dispõe de villas e de um abrigo, atividades como o Círculo de Fogo e está junto à Praia do Seixo, em Torres Vedras. Além de uma construção sustentável, cuidados ambientais e objetivos muito bem definidos. Lê tudo.

areias do seixo - quarto tree - natureza

De onde surgiu o nome Areias do Seixo?

‘Seixo’ pois o Hotel situa-se junto à Praia do Seixo, uma praia selvagem e beleza ímpar.

‘Areias’, por nos remeter para as dunas e para a praia.

 

Areias do Seixo é muito mais do que um alojamento, é uma experiência. Concordam com esta afirmação? Em que é que esta experiência se traduz na prática para quem vos visita?

Sim.

As Areias do Seixo tornaram-se um hotel destino, atraindo pessoas de todo o mundo até ao território (85% dos hóspedes são estrangeiros). Tal apenas foi possível, devido ao compromisso com um fornecimento de serviços turísticos de excelência, adequados às suas necessidades do mercado, destacando a sua identidade sobretudo pela competência das soluções e pelo respeito pela natureza e sustentabilidade.

A sua principal vantagem reside na oferta alargada e integrada de serviços durante a estadia, valorizando a experiência como vetor-chave na conquista de angariação e fidelização de clientes e promovendo não apenas a experiência indoor mas também outdoor e em relação direta com outros parceiros no território.

A sua estratégia de posicionamento baseia-se na diferenciação e diversificação dos seus serviços, na componente de sustentabilidade, enquadrados numa infra-estrutura única, desenhada e planeada para valorização da estadia.

O hotel destaca-se pela sua arquitetura, design, originalidade, charme, bem como, a sua forma calorosa e familiar de acolher os hóspedes, como se de uma grande casa se tratasse. Hotel perfeitamente integrado na Natureza que o envolve, rodeado de dunas, mar e pinhal.

Rege-se por princípios ecológicos e sustentáveis, aproveitando os Recursos Naturais disponíveis, enquanto se atua concomitantemente na diminuição dos impactes negativos dessa mesma utilização.

As unidades de alojamento têm um caráter único, respeitando a portugalidade e relacionando-a com influências de outras geografias.

A “experiência” Areias do Seixo reúne tudo isto.

 

O que os motivou a abrir este espaço? Como nasceu a ideia? 

O Hotel Areias do Seixo nasceu de um sonho dos proprietários Marta e Gonçalo. Era muito forte o desejo de criar um lugar único onde pudessem receber pessoas dos vários cantos do mundo, num ambiente mágico e ao mesmo tempo familiar.

Desde o sonho à construção deste espaço muitos obstáculos foram ultrapassados. Resultado? Um lugar onde todos os ingredientes que o compõem foram escolhidos a pensar na originalidade, no conforto… um sítio onde simplesmente apetece estar e viver cada momento… rodeado de mar, dunas e pinhal.

 

areias do seixo - abrigo na natureza

 

De que forma incorporam a natureza na vossa oferta?

Pela localização privilegiada de Santa Cruz… Crua, selvagem, intocada, imensa, impetuosa e arrebatadora. Com as suas praias largas, longas, ímpares e desertas. E é entre as arribas, pinheiros, dunas e rochedos, que brotam as Areias do Seixo. Um Refúgio, Paraíso, Sonho, Retiro, Um Lugar Mágico…

Mas, também, através das experiências que proporcionamos. Por exemplo:

  • O ‘Círculo do Fogo’, onde no aconchego de uma fogueira, saboreamos um Copo de Vinho ao som da doce música das cordas de uma guitarra… inspiramos o aroma da lenha, observamos as estrelas, absorvemos as mais quentes cores do pôr do sol… e brindamos à VIDA!
  • O ‘Da Terra ao Prato’, uma visita guiada pela nossa horta, onde cheiramos, provamos e colhemos legumes, frutas, flores e ervas aromáticas, que serão utilizados na confeção de um almoço delicioso, com a ajuda do nosso Chef.
  • O ‘Jantar no Abrigo do Lago’, num cenário ímpar, acolhedor, rodeado de Natureza, ao som do coaxar das rãs, da brisa que corre no canavial e do bater das ondas, ao fundo.

 

A quem se destina Areias do Seixo? Casais e Famílias?

Os clientes caracterizam-se por pessoas de rendimento elevado, casais, da faixa etária compreendida entre os 35 e 55 anos, provenientes de centros urbanos sofisticados, que buscam o rompimento com a agitação característica do seu dia-a-dia, e que, através da integração com a Natureza e com o meio rural procuram ganhar novas energias.

São pessoas com preocupações ambientais e com apetência para desfrutar de locais de qualidade e conforto num ambiente de charme, mas ao mesmo tempo descomprometido.

São provenientes maioritariamente de Portugal, Inglaterra, Alemanha, Suíça, França e Estados Unidos e são igualmente significantes os mercados Holandês, Belga e Brasileiro.

Tendo 2 modalidades de estadia diferentes – quartos de hotel e villas – ambos (casais e famílias) procuram o hotel. Sendo que os quartos de hotel proporcionam um ambiente muito mais romântico, enquanto que as villas, mais familiar, por serem casas independentes, autónomas e com capacidade para no mínimo 6 pessoas. Ambas as ofertas com atividades e experiências devidamente segmentadas.

 

Que atividades pode uma família usufruir no vosso espaço?

  • Celebrar a Natureza com um jantar, seguido de um filme, no Coreto do nosso Jardim. Sob a luz das estrelas, rodeados por dunas e pinheiros, acolhidos num cenário único
  • Visita guiada pela nossa horta, onde se cheira, prova e apanha. Todos os legumes, frutas, flores e ervas aromáticas serão utilizados na confeção de um almoço delicioso, com a ajuda do nosso Chef.
  • Círculo do Fogo, onde se juntam os hóspedes, contam-se histórias, cantam-se canções ao som de uma guitarra, celebrando – em conjunto – a ida do sol e a chegada das estrelas
  • Yoga
  • Barbecue na Villa
  • Cesto de piquenique
  • Atelier de Expressão Artística

Além de todas as atividades Surf & Action (promovidas pela Noah Surf House – hotel irmão, a 5 minutos): aulas de surf, skate, trekking, treino funcional, pilates…

 

areias do seixo - passeio na natureza

 

De que forma o vosso compromisso com a sustentabilidade está presente? Dê-nos alguns exemplos.

Ambicionando a melhoria contínua, instigando o pensamento sustentável e provando ser possível crescer economicamente em harmonia com o planeta, a conceção/construção do edifício e todo o projeto de engenharia e arquitetura foram desenvolvidos com base em boas práticas de gestão ambiental, com o objetivo de promover a integração harmoniosa com a envolvente natural, minimizar/evitar impactes ambientais e reduzir a pegada ecológica associada ao ciclo de vida do Hotel.

Destacam-se as seguintes ações que foram tomadas na fase de conceção/construção:

  1. Conceção do edifício tendo em conta a sua integração na morfologia do terreno, que é anfiteatro natural, de modo a minimizar o volume do edifício no espaço;
  2. Reutilização dos escombros e ruínas do antigo aviário que existia no terreno onde foi implantado o Hotel, os quais foram previamente britados e aplicados nas bases de pavimentação (foi escolhida para este serviço uma empresa de britagem local);
  3. Climatização do Hotel assente em sistema de geotermia.

No âmbito da nossa política da qualidade, anualmente, são definidos objetivos financeiros e ambientais, indicadores e metas com os quais a Administração e todos os colaboradores se comprometem. Estes objetivos passam pelo:

  1. Crescimento sustentado e dos resultados líquidos positivos;
  2. Rácio do custo de comidas e bebidas, face ao volume de serviços prestados;
  3. Rácio entre a quantidade de matéria-prima produzido na horta e o seu escoamento no Restaurante, evitando a deslocação de matéria-prima;
  4. Redução do custo com energia elétrica, água e gás, entre outros.

Para além disso, o projeto Areias do Seixo privilegia o critério proximidade como um dos critérios de seleção quer dos colaboradores, quer dos fornecedores, visando contribuir para a economia da região e reduzir a pegada ecológica associada ao transporte de bens e serviços.

São várias as iniciativas implementadas, das quais se destacam:

  • Climatização do Hotel assente em sistema de geotermia, composto por captação de energia vertical e horizontal, circuito térmico por pavimento radiante apoiado por bombas de calor. Este sistema ecológico permite utilizar de forma eficiente a temperatura existente no interior da terra, para posterior climatização do edifício e aquecimento das águas;
  • Utilização de cortiça nas paredes duplas para isolamento térmico do edifício (em áreas pontuais em que não pode ser utilizada a cortiça foi utilizado poliestireno expandido para isolamento);
  • Encaminhamento das nascentes – encontradas durante a fase de construção das fundações do empreendimento -, e águas pluviais para poço existente na propriedade, garantindo que os excedentes são reintroduzidos nas linhas de águas existentes; alimentação da água da piscina por furo existente na propriedade;
  • Aquecimento da piscina por recurso aos excedentes térmicos do solar e da geotermia;
  • São efetuadas compras com vista à prevenção da produção de resíduos, por exemplo compras a granel, taras retornáveis, compras em grandes quantidades;
  • A fração orgânica dos resíduos é encaminhada para a unidade de compostagem existente, obtendo-se um composto orgânico, sem aditivos químicos, que é utilizado como fertilizante natural para aplicação nos solos agrícolas da horta – que produz frutas e legumes para abastecimento do hotel;
  • Utilização de cascas de laranja desidratadas e pinhas em substituição das tradicionais e poluentes acendalhas para acender as lareiras;
  • Decoração original, baseada nos princípios do Upcycling, que consiste no reaproveitamento de objetos antigos, de forma criativa, atribuindo um novo e melhor propósito para um material que, de outra forma, seria descartado;
  • Abolição de plásticos descartáveis, nomeadamente de palhinhas;
  • Guardanapos de papel compostáveis;
  • Conceção de ementas sazonais, de acordo com a produção da nossa horta e, sempre que possível, utilizando produtos locais e biológicos;
  • A grande maioria das espécies escolhidas para as zonas ajardinadas são autóctones (locais) e não necessitam de rega, dependem apenas da água da chuva.

 

Sente que os clientes valorizam estes aspetos?

Sim, muito. Como referi em resposta anterior, os nossos hóspedes partilham as nossas preocupações ambientais e valorizam todos os esforços e medidas, visíveis ou invisíveis durante a estadia.

 

areias do seixo - quarto

 

Qual foi até hoje o melhor elogio que receberam por parte de um cliente?

É difícil escolher apenas um…

“A concept reaching far beyond mere ‘eco’ living or ‘sustainability.’”

“It is about getting back to the roots, helping the land build itself back up.”

“Never have I seen such a wonder, nor tasted such delightfully delicious fresh produce.”

”As if had been carved in the landscape by the hands of God”.

 

areias do seixo - crianças

 

areias do seixo

 

areias do seixo - casal

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A diversificação alimentar nas crianças foi o foco da conversa com a Nutricionista Mariana Batista, mas fomos mais longe e falámos de dicas para o confinamento, para a compra de alimentos e até para sermos bem-sucedidos nas resoluções de ano novo relacionadas com a alimentação.

O que a motivou a ser Nutricionista? 

A área da saúde sempre me interessou muito, nomeadamente a prevenção da doença. 

Como disse Hipócrates “que o teu alimento seja o teu medicamento” e esta é sem dúvida a mais valia que o conhecimento na área das Ciências da Nutrição nos traz. O facto de podermos usar este conhecimento tanto a nível profissional como pessoal foi também o que me cativou nesta profissão.

 

Quais são os pedidos mais comuns das pessoas que a procuram? 

Como me dedico essencialmente à saúde materno-infantil, quem me procura são essencialmente mães (ou famílias). Muitas delas com bebés na fase da diversificação alimentar, que é uma fase que traz muitas inseguranças e preocupações aos pais, nomeadamente sobre que alimentos oferecer aos seus bebés e de que forma.

Alguns precisam de ajuda para saber apenas como começar, outros preferem um acompanhamento ao longo de toda a diversificação alimentar, até o bebé estar integrado na alimentação da família.

Surgem também pedidos de ajuda relativos à fase de rejeição de alimentos, a que chamamos ”anorexia fisiológica” e que normalmente acontece durante o segundo ano de vida, estando muito relacionada com uma desaceleração do crescimento e consequente perda de apetite.

Por fim chegam-me muitos pedidos de ideias de refeições saudáveis, receitas simples para o dia-a-dia e ainda sugestões para lanches e pequenos-almoços que é onde as famílias sentem que não variam tanto.

 

diversificação alimentar

 

Identifica uma maior preocupação das pessoas com a sua alimentação? 

Sem dúvida! Cada vez mais as pessoas estão conscientes da importância de uma alimentação saudável, equilibrada e também sustentável. A crescente procura por alimentos de produção local, de origem biológica e também uma maior tendência para optar por mais refeições de origem vegetal reflete isso mesmo.

 

Normalmente, nas resoluções de ano novo a alimentação é um dos objetivos. Como dar os primeiros passos para ter uma alimentação mais saudável, evitando a frustração?

O mais importante é não querer mudar tudo de uma só vez!

Normalmente a motivação inicial é bastante forte, mas rapidamente se desvanece se surge alguma dificuldade ou falha. Nas minhas consultas de reeducação alimentar gosto de enumerar com o paciente uma pequena lista de coisas que identificamos, em conjunto, que poderiam ser melhoradas, e dessa lista vamos trabalhando 1 a 3 coisas de cada vez.

Quando temos objetivos já alcançados, acrescentamos mais da nossa lista inicial. É um processo que pode levar alguns meses mas é sem dúvida bem mais consistente do que mudanças rápidas que serão pouco duradouras.

O mais importante é criar hábitos saudáveis que possam integrar-se facilmente na nossa rotina e não sejam vistos como um esforço extra por parte de quem os pratica.

 

O termo poderá ser arriscado, mas identificam-se atualmente “tendências” na alimentação saudável? 

A alimentação sempre esteve rodeada de tendências, modas e muitos mitos.

No entanto, gosto de acreditar e de olhar para as boas mudanças e o que se tem observado é realmente uma maior tendência para uma alimentação mais simples, de base vegetal e preparada em casa.

As marmitas estão de volta, a preocupação com a origem dos alimentos e com o que está no rótulo também, e isso tem feito diferença na forma como as pessoas se alimentam e nas suas escolhas na hora de comprar.

Claro que ainda há um grande caminho a percorrer, ainda há uma enorme prevalência de obesidade infantil que nos preocupa muito e por isso, muito trabalho a fazer. O caminho é longo, mas acredito que estamos na direção certa.

 

Com a entrada de um novo confinamento, que dicas pode dar para mantermos uma alimentação regrada e, acima de tudo, saudável? 

Passar muitas horas em casa pode levar a mais idas à dispensa e ao frigorífico.

Assim, pensarmos naquilo que vamos comprar e trazer para casa, planear bem as refeições da semana para comprar apenas aquilo que precisamos é essencial.

Ter sempre alimentos frescos (frutas e vegetais) disponíveis e evitar ter na dispensa alimentos menos interessantes que por vezes se tornam viciantes pela facilidade com que lhes acedemos e rapidez com que os preparamos e consumimos. 

Para quem está em teletrabalho é também muito importante organizar e planear as refeições com antecedência para evitar a falta de tempo e o recorrer a refeições processadas.

Não nos podemos esquecer do exercício físico, já que em casa, facilmente temos hábitos mais sedentários.

 

Cada caso é um caso, mas que alimentos considera fundamentais numa dieta equilibrada e em que momentos do dia?

De facto devemos olhar para cada pessoa de forma individualizada e a alimentação pode ser saudável e equilibrada em variadas formas. Assim torna-se injusto enumerar alimentos específicos já que nem todos se adequam a todas as pessoas e respetivas condições de saúde.

No entanto posso dizer que uma alimentação que tenha por base alimentos de origem vegetal, alimentos simples, pouco ou nada processados, alimentos da época e de produção local, será sempre uma alimentação mais saudável.

Hortícolas, frutas, leguminosas, oleoginosas devem fazer parte do nosso dia-a-dia e devem ser distribuídos pelas diferentes refeições ao longo do dia.

 

alimentação

 

Para comprarmos produtos verdadeiramente saudáveis, o que devemos analisar e ponderar na escolha? 

A origem e frescura dos alimentos – optar por alimentos de produção local, alimentos da época, pouco ou nada embalados.

Observar o rótulo e verificar a lista de ingredientes – se não é demasiado extensa e se não tem ingredientes desconhecidos ou difíceis de ler.

Verificar a forma como esses alimentos foram produzidos – se foi de forma segura para nós e respeitando o meio ambiente. São tudo pontos que devemos ter em conta na hora de adquirir os alimentos que vamos consumir.

Pensar sempre que o melhor é descascar mais e desembalar menos. E se conseguirmos plantar alguns deles melhor ainda.

 

Trabalhando a Mariana essencialmente na Saúde Materno-Infantil, que importância assume a fase da Diversificação Alimentar na saúde da criança no futuro?

A Diversificação Alimentar, inicia-se com a introdução de qualquer alimento que não o leite habitual do bebé e termina quando a criança se integra na alimentação da família durante o segundo ano de vida.

No entanto, não se resume apenas à oferta de alimentos sólidos:

  • É uma fase onde o bebé contacta com uma grande variedade de sabores e texturas;
  • Estimula as gengivas para o futuro nascimento dos dentes;
  • Activa os músculos da mastigação e da fala;
  • Desenvolve a motricidade grossa e fina sempre que tenta alimentar-se sozinho e aprende por imitação enquanto observa os pais à mesa. 

É ainda uma fase onde normalmente os bebés estão muito recetivos a conhecer novos alimentos, gostam de provar, têm muita curiosidade.

Isto deixa de acontecer uns meses mais tarde, por volta dos 18-24 meses onde muitos dos bebés entram numa fase de neofobia alimentar muito relacionada com a desaceleração do crescimento própria desta idade e que se pode estender até aos 6-8 anos.

Nesta fase de grandes oscilações do apetite e maior tendência à rejeição de alimentos, as crianças tendem a aceitar melhor aqueles alimentos que já conhecem e que estão habituadas a comer. Aqui reflete-se a importância da fase da Diversificação Alimentar onde devemos aproveitar para oferecer a maior variedade de alimentos com diferentes sabores e texturas, criando assim uma boa base para termos crianças habituadas a comer bem, a comer alimentos saudáveis, como os diferentes vegetais e frutos, mesmo que os comam em menor quantidade em alturas de menor apetite.

Lembro, no entanto, que embora a maioria dos alimentos deva ser oferecida até aos 12 meses pelos motivos acima referidos, sempre que oferecermos um alimento novo à criança, independentemente da sua idade, estaremos a fazer a introdução alimentar desse novo alimento. Estas crianças que contactarem com a maior variedade possível de alimentos mais cedo, serão também, no futuro, adolescentes capazes de fazer escolhas mais saudáveis.

 

Se tivermos vontade de fazer mais questões à Nutricionista Mariana Batista, onde a podemos encontrar? 

Podem encontrar-me na minha página do Instagram Chico-Papão @chicopapao, que está também no Facebook, ou através do email geral@chico-papao.pt.

mariana batista - nutricionista de saúde materno-infantil

Mariana Batista 

Tem 33 anos, é mãe de dois meninos e essa é, sem dúvida, a sua grande e principal missão.

É também nutricionista, licenciada pela FCNAUP (Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto). A saúde materno-infantil foi desde sempre a área que mais a cativou e à qual se dedicou com mais carinho desde o início da sua atividade profissional.

Vive fora do país há quase 8 anos e para poder continuar a apoiar as famílias no que respeita à sua alimentação e à dos seus bebés, aliando a sua paixão pela maternidade, criou a página do Instagram Chico-Papão @chicopapao onde partilha várias dicas sobre a diversificação alimentar (fase de grandes dúvidas e ansiedade para os pais) e alimentação saudável para toda a família.

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Quem nunca começou o ano com uma lista de resoluções? Todos temos ambições e legítima vontade de sermos melhores, em comparação connosco mesmo.

O que tem faltado, então, para melhorar a nossa alimentação, por exemplo?

As respostas podem ser diversas, mas há uma que nos vem à cabeça: falta de conhecimento sobre como ter uma melhor alimentação.

Com o propósito de ajudar-te nesse objetivo, falámos com 4 especialistas, que nos responderam a 4 questões cruciais para quem deseja ter uma alimentação equilibrada, saudável e sustentável.

Como Mudar Hábitos?


Ana Rita Freitas 

Psicologia | Neuropsicologia | EMDR | Hipnose Clínica.
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Para uma mudança de estilo de vida a palavra de ordem terá que ser Organização. Se quer mudar a sua vida precisa de se organizar!

Tudo o que é importante para nós tem data e hora marcada. Faça um horário semanal com todas as atividades que precisa e quer fazer, incluindo por exemplo passeios ao ar livre, a reciclagem, as compras, a confeção de refeições previamente, a plantação dos seus próprios alimentos, etc. Escolha os comportamentos que quer adotar e inclua-os na sua vida diária não como uma opção mas como uma atividade com a mesma importância do que o trabalho por exemplo. Isto irá combater a procrastinação. Nós não temos falta de tempo, temos é o nosso tempo desorganizado.

Numa fase inicial, comece por operacionalizar pequenas mudanças e ao longo do tempo vá optando por mudanças cada vez mais desafiantes para si.

Um número grande de pequenas coisas pode em conjunto representar um grande contributo para o desenvolvimento sustentável.

Vamos deixar-nos de “desculpas”. Comece hoje!

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Excerto retirado do artigo “Mudar Hábitos de Compra e Vida – Entrevista Ana Rita Freitas”

Quais São os Alimentos Indispensáveis?

mariana batista - nutricionista de saúde materno-infantil

 

 

Mariana Batista

Nutricionista e criadora da página @ChicoPapão no Instagram
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A nossa alimentação será sempre mais saudável e também mais sustentável se tiver por base essencialmente alimentos de origem vegetal.

Sejam eles hortícolas, frutas ou leguminosas, e embora já todos tenhamos ouvido, nunca é demais lembrar que estes três grupos de alimentos devem estar presentes nos nossos pratos todos os dias!

Podem ser incluídos nas diferentes refeições ao longo do dia de forma bastante variada, quer pelos alimentos que escolhemos combinar quer pela forma que escolhemos para os preparar!

  • Hortícolas na sopa e no prato, como acompanhamento ou inseridos na própria receita e combinados ou não com alimentos de origem animal;
  • Fruta como sobremesa e também incluída no pequeno-almoço e no lanche (não esquecendo ainda os frutos oleaginosos que são uma óptima opção para comer fora de casa)
  • Leguminosas que podem juntar-se tanto à sopa como ao prato e ainda serem consumidas como snack.

Não menos importante é também a água que deve ser sempre a bebida de eleição, não só às refeições como também ao longo do dia. 

Estes são pequenos hábitos que podem melhorar não só a nossa saúde como também a do nosso planeta!

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Lê a entrevista completa da Mariana Batista: “Qual a Importância da Diversificação Alimentar?”

Que Cuidados Ter na Compra de Alimentos?


Milene Lourenço

Defendeu uma Tese de Mestrado sobre Literacia Nutricional e Rótulos
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Para efetuarmos uma escolha saudável, devemos ter em conta dois aspetos fundamentais:

  1. Lista  de ingredientes
  2. Tabela nutricional

A lista de ingredientes apresenta os ingredientes presentes por ordem decrescente. Deste modo,  devemos evitar os produtos que apresentam adição de açúcares ou gorduras, especialmente  quando estes se encontram nos primeiros ingredientes listados.

É aconselhável também, procurar  evitar produtos que contenham óleos vegetais (ex.: palma, girassol, amendoim, etc.), gorduras  hidrogenadas ou açúcar (ex.: mel, maltodextrina, malte de cevada, dextrose, sacarose, frutose,  etc.).

Quanto à tabela nutricional, analisa-se sempre os valores por 100g, de forma a facilitar a  comparação entre produtos.

O ideal é que por 100g, um alimento tenha menos de 3g de gordura,  menos de 1,5g de gorduras saturadas, menos de 5g de açúcar e menos de 0,3g de sal.

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Excerto retirado do artigo “Sabe Ler Rótulos? – Entrevista Milene Lourenço”

Como Reaproveitar Alimentos?


Sara Oliveira 

Autora do blogue “Nem acredito que é saudável” e do livro “Saudável e sem Desperdício”
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O mais fácil é guardar o que nos sobra no frigorífico e comer numa próxima refeição. A melhor forma de guardar os alimentos é em caixas de vidro ou em frascos. Assim o seu sabor não se altera.

Também podemos utilizar o congelador, para isso devemos separar em doses individuais o que nos sobrou e congelar dentro de frascos de vidro, caixas próprias para esse fim ou em sacos de congelação.
(Nota: estes sacos podem ser lavados e reutilizados)

Outra forma de reaproveitar, e a minha preferida, é sermos criativos e darmos uma nova vida às sobras transformando-as noutras receitas completamente diferentes. Por exemplo:

  • Com as sobras de arroz podemos fazer bolinhas ou hambúrgueres;
  • Com o resto de legumes no forno podemos rechear uns crepes ou misturar com massa;
  • O pão duro podemos torrar e ralar;
  • A fruta madura, que não comemos, podemos usar para uma compota ou numas papas.

O limite é a nossa criatividade.

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“Alimentação Saudável e Sem Desperdício – Sara Oliveira”  Descubra mais dicas da Sara Oliveira no artigo

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Bom, bonito e barato, no geral é o que todos desejamos. Mas isso, no que se refere à roupa, é um pouco incompatível com um consumo sustentável, que não ponha em causa o planeta e as condições de trabalho de quem produz, não é?

Pode não ser! A Ana Lopes e Telma Santos criaram a reCloset, para venda e compra de roupa usada online.

No que consiste a reCloset?

A reCloset é uma plataforma online de moda em segunda mão, que procura dar novas oportunidades a roupa usada de mulher e homem. Além da loja online, disponibiliza também um Marketplace de moda em segunda mão, acessível a todos quantos pretendam vender as suas peças diretamente.

 

São duas jovens que se juntaram para fundar a reCloset. Que ocorrências na vossa vida levaram  à criação deste projeto e porquê roupa usada?

A reCloset surgiu à mesa de um restaurante sustentável, numa conversa dominada pelas preocupações com o mundo, o ambiente, a sociedade, a educação das próximas gerações e a urgência de fazer algo que ajude a sociedade a mudar e a transitar. Para nós este projeto faz todo o sentido, por conectar todos os pontos, por mostrar que todos estamos ligados e que uma vida mais sustentável passa por muitas decisões. Somos duas amigas que têm em comum o interesse pela área da sustentabilidade. 

 

Têm loja online e marketplace, quais as diferenças?

Na loja online, as peças estão do nosso lado e tratamos de todo o processo, desde a verificação das peças, à fotografia, colocação na loja online e envio aos Clientes, bem como todo o atendimento ao Cliente. O vendedor só tem de nos fazer chegar as peças e recebe uma comissão quando a peça é vendida.

No Marketplace, são as pessoas que colocam os anúncios diretamente, mediante a criação de uma conta gratuita. Quando a peça é vendida, são os vendedores que fazem o envio. No entanto, o pagamento da peça é feito no site, sendo a comissão paga por nós ao vendedor. Da nossa comissão, uma parte é entregue ao Movimento Lixo Zero Portugal, para apoio a dinâmicas ao nível pedagógico.

 

Qual o tipo de peças mais comum na reCloset? Há alguma peça que seja best-seller? 

A reCloset é um projeto muito recente, tendo sido iniciado em setembro de 2020, pelo que não é possível ainda estabelecer o tipo de peças mais vendáveis. Até agora vendemos um pouco de tudo.

roupa usada - loja online e marketplace

 

 Qual o perfil de pessoas que habitualmente compra na reCloset? 

Mulheres, entre os 25 e os 35 anos aproximadamente.

 

Diversos estudos referem que as pessoas, com a pandemia, ficaram mais conscientes sobre o seu consumo. Sentem esse impacto, ao nível de quem pretende vender e de quem pretende comprar?

Como indicámos, a reCloset já foi lançada em plena pandemia, pelo que não conseguimos estabelecer o comparativo com a situação anterior.

No entanto, notamos muitas pessoas com interesse em vender, o designado “destralhar”, o que possivelmente poderá estar ligado ao facto de terem maior disponibilidade para o fazer e repensar os seus comportamentos de compra.

 

O que fazem às peças da loja online que não conseguem vender? 

Podem ser devolvidas aos vendedores, se assim o quiserem. Se não, entregamos a instituições de solidariedade, que dela necessitem. O mesmo acontece com peças que não cumpram com os nossos requisitos, e não possam ser vendidas na reCloset.

 

Que argumentos usariam para convencer alguém reticente a comprar roupa usada? 

Existem duas grandes vantagens em comprar roupa em segunda mão.

A da sustentabilidade ambiental é, para nós, a maior motivação, dada a quantidade de roupa que se tornou descartável e vai parar a aterro todos os anos. Há também a questão da sustentabilidade social, nomeadamente ao nível da fast fashion, pois esta indústria tem padrões de empregabilidade pouco éticos, por se tratar de uma indústria de preços baixos e alta rotação.

Finalmente, e não menos importante para muitas pessoas, a questão da vantagem de preço, pois a roupa em segunda mão apresenta valores muito mais baixos, pois a roupa desvaloriza rapidamente.

recloset - roupa usada - ana e telma

Telma Santos e Ana Lopes 

Fundadoras reCloset

Telma Santos

Nos últimos anos tem trabalhado maioritariamente com a grande distribuição na área de desenvolvimento de produto. Teve a sorte de encontrar na vida pessoas que a levaram a aprofundar os temas da sustentabilidade e resiliência das comunidades. Tudo começou com a Iniciativa de Transição em Telheiras em 2010 e, até hoje, nunca mais parou de querer saber mais e de mudar o estilo de vida um bocadinho todos os dias.

Ana Lopes 

O percurso profissional foi sempre em contexto de multinacional, no setor automóvel, passando pela logística e marketing.  A nível pessoal, despertou há uns anos para as questões da sustentabilidade, tendo começado a fazer adaptações ao seu estilo de vida e comportamentos de compra. E procurando sempre informação que lhe permitissem fazer melhores escolhas. Há cerca de 2 anos, lançou-se como profissional independente, prestando serviços na área de Marketing a pequenas empresas. A reCloset surge como o resultado entre a veia de Marketeer e empreendedora e a vontade pessoal de lançar um projeto que contribua de forma ativa para um consumo mais sustentável.

 

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O consumo de produtos biológicos tem crescido, e de forma muito mais acentuada desde que começou a pandemia. Fomos conversar com a Marina Franco, autora de uma tese sobre os determinantes de compra de produtos biológicos, para perceber os motivos. Está tudo abaixo, na entrevista.

Fizeste uma dissertação de mestrado sobre os determinantes de compra de produtos biológicos. Qual a evolução no consumo de alimentos biológicos? 

O consumo de alimentos biológicos caminha de mãos dadas com o crescimento do chamado mercado da alimentação saudável. Quando conclui e apresentei a minha dissertação de mestrado, no final do ano 2017, o consumo de alimentos biológicos era uma das grandes tendências do setor agroalimentar.

Hoje, em 2021, e em plena pandemia mundial, a evolução no consumo destes produtos é incontestável. Se antes os consumidores eram mais conscientes e exigentes nas suas escolhas, atualmente essa sensibilidade sobre o que se consome é imperativa e levou a que as grandes superfícies comerciais apresentassem nas suas prateleiras opções biológicas.

Neste âmbito, passámos de um consumo de nicho, muito associado a pequenos mercados e produtores locais, para um consumo considerado mais “mainstream”, com grandes marcas do retalho alimentar a investir em espaços e marcas dedicados a esta alimentação. 

 

A pandemia veio aumentar ainda mais esta procura? 

A pandemia obrigou-nos a parar e a pensar. Foram (e são) tempos de recolha em que todos, de alguma forma, tomámos ainda mais consciência das nossas escolhas e do impacto que elas têm em nós e no mundo.

Estamos a lidar diretamente com um problema de saúde que, curiosamente, teve origem no consumo alimentar. Surgiu no outro lado do mundo, mas chegou a todos nós na forma de um vírus. Se antes já pensávamos na origem do que comíamos, este vírus veio dar-nos ainda mais razões para sermos conscientes e responsáveis pelas nossas escolhas alimentares.

Adicionalmente, creio que a procura de alimentos de origem biológica, neste contexto de pandemia, também aparece muito associado à crença de que estes alimentos são mais nutritivos e saudáveis, contribuindo para o fortalecimento das defesas do sistema imunitário, podendo assim de alguma forma ajudar a proteger-nos contra o vírus.

 

O que leva as pessoas a comprar produtos alimentares biológicos? 

Várias motivações são associadas à compra de alimentos biológicos, contudo a saúde é amplamente referida em vários estudos como sendo o principal motivo.

Associada à questão da saúde, surge também a segurança alimentar, já que o processo de produção de alimentos biológicos é considerado mais “limpo”, livre de químicos, sendo não só benéfico para a saúde dos consumidores como também para o ambiente, constituindo assim a sustentabilidade ambiental como outra das motivações.

Os consumidores também associam os alimentos biológicos a alimentos com mais sabor, por isso acaba também por ser mais um dos motivos de compra.

São depois também descritas outras motivações como o bem-estar animal. Neste âmbito os estudos indicam que a preocupação com o bem-estar animal está não só ligada a uma componente nutritiva (relacionada com a saúde dos próprios consumidores), mas também social (associada a questões de ética).

Para além disso, a produção de alimentos biológicos está intrinsecamente associada à produção local, sendo também uma das forças à compra, já que os consumidores acreditam estar a apoiar a economia e os produtores locais.

 

Produtos Biológicos - Laranja

O que fala mais alto é a preocupação ambiental ou ao invés uma preocupação com a saúde? 

Ambas as motivações são apontadas como fortes na decisão pela compra de alimentos biológicos. Contudo, o resultado de algumas investigações (inclusivamente da minha dissertação) aponta que são as preocupações com a saúde e bem-estar que acabam por ter mais peso.

Existem assim evidências que sugerem que o consumo de alimentos biológicos tem uma maior ligação a motivos relacionados com o bem-estar pessoal em detrimento de preocupações com a sustentabilidade ambiental, associando assim consumo de alimentos biológicos não apenas a uma vertente altruísta, mas também (e principalmente) focada no “self”.

 

Muitos consumidores sentem, contudo, alguma confusão e incerteza quanto aos atributos de qualidade destes produtos. Quais as principais dúvidas? 

Sim, de facto o sentimento de incerteza e confusão é um dos temas na compra de alimentos biológicos. Podemos observar este ponto na discrepância que é apresentada em alguns estudos entre as atitudes e o comportamento de compra:

  • apesar grande parte dos consumidores revelarem atitudes positivas perante os alimentos biológicos, depois a percentagem de consumidores que efetivamente compra é mais reduzida.

Isto é explicado através das barreiras comuns à compra de alimentos biológicos.

Uma delas, que está relacionada com esta ideia de confusão e incerteza, é o ceticismo dos consumidores quanto à certificação dos alimentos biológicos. Isto porque existe falta de conhecimento e informação sobre o processo exato pelo qual os agricultores e as superfícies comerciais passam para receber as certificações, ou os passos necessários para fazer um produto biológico. O selo de certificação biológica funciona assim como um atributo de qualidade; uma prova de que os alimentos foram produzidos de acordo com as práticas da agricultura biológica.

 

Certificado Produtos Biológicos

 

Estudou também percepção de valor em relação estes produtos. Em que consistiu? 

No âmbito do comportamento de compra do consumidor biológico o conceito de valor tornou-se um tema central, visto que tipicamente estes consumidores não procuram apenas um produto alimentar, para satisfazer uma necessidade básica, mas sim um conjunto de valores associado ao mesmo.

Ou seja, abordando agora este tema na ótica de marketing, a ideia de valor tendo por base o chamado “trade-off” entre a qualidade e o preço, conhecida como “value-for-money” demonstrou-se insuficiente para se entender as motivações que envolvem a compra de alimentos biológicos.

Surge assim a necessidade de evocar uma abordagem multidimensional do conceito de valor, que vai para além da dimensão funcional do produto, integrando a ideia de experiência, emoções e afeções no contexto de compra. Falamos aqui de valor utilitário (racional) e hedónico (emocional).

 

Estes consumidores são mais racionais ou emocionais?

A perspetiva multidimensional do conceito de valor aplicado aos alimentos biológicos vem revelar que estes consumidores são racionais e emocionais no momento da compra.

A emoção está relacionada com sentimentos de prazer e experiência no consumo. Contudo, foi interessante concluir com a minha dissertação que é o lado racional que tem um maior peso.

Ou seja, a decisão pela compra de alimentos biológicos envolve sempre um julgamento e avaliação sobre qualidade dos alimentos e do seu desempenho e utilidade enquanto produtos que estão associados a uma alimentação saudável e segura.

Por esta razão, os consumidores no momento da compra vão sempre procurar por “pistas” que permitem tornar de alguma forma tangível a ideia de segurança e qualidade dos alimentos, como por exemplo, a certificação biológica. 

 

Quais as principais conclusões do seu estudo? Há alguma conclusão que a tenha surpreendido? 

O estudo que realizei no âmbito da conclusão do mestrado em Marketing no ISEG contribuiu para um melhor entendimento do comportamento de compra dos consumidores biológicos em Portugal.

Foi interessante concluir que a compra de alimentos biológicos é efetivamente mais motivada pela vertente utilitária e racional (apesar de a dimensão emocional e afetiva estar sempre presente, mas com menos peso).

Os consumidores avaliam e informam-se sobre os custos e benefícios da compra destes alimentos a longo prazo, principalmente dos benefícios na sua própria saúde e bem-estar, sendo a certificação biológica um atributo de qualidade importante que confere confiança aos consumidores.

De referir também a conclusão do meu estudo sobre o preço dos alimentos biológicos que, contrariamente a algumas investigações da área, concluiu que o preço tem uma influência positiva no valor hedónico, ou seja, afeta positivamente as emoções dos consumidores. Perante estes resultados, conclui-se que, eventualmente, o preço mais elevado dos alimentos biológicos origina sentimentos e emoções associados à ideia de status e reputação para quem os compra.

 

Que conselhos darias a uma marca de produtos alimentares biológicos que queira entrar no mercado? Como deve comunicar com estes clientes?

Na medida em que no mercado dos alimentos biológicos os consumidores não têm a possibilidade de verificar se a produção foi efetivamente feita de acordo com as práticas da agricultura biológica, a confiança torna-se uma questão determinante e delicada para as empresas e marcas deste setor.

É assim importante ser desenvolvida uma estratégia de marketing com uma base assente na vertente racional da compra, através da elaboração de um plano de comunicação transparente sobre a origem dos alimentos, os seus processos de produção e toda a história por detrás da marca, de uma forma educativa e informativa.

Os consumidores valorizam os atributos de qualidade destes alimentos que contribuem para o seu bem-estar, por isso diria que outro dos pilares de comunicação de uma marca que pretende entrar neste setor será ter uma estratégia de conteúdo muito focada nos benefícios destes alimentos para a saúde dos consumidores, aliando a outros atributos com a segurança alimentar, o bem estar animal e a sustentabilidade ambiental.

Adicionalmente, a vertente emocional da compra não deve ser descurada. Neste âmbito, diria que seria importante haver uma estratégia de comunicação assente no chamado “customer care”, com base na experiência dos consumidores com os produtos que a marca oferece, de forma a trabalhar toda a parte sensorial e emocional associada ao consumo dos alimentos.

Por fim, investirem na certificação biológica que é extremamente valorizada pelos consumidores e que atribuiu um selo de qualidade e confiança indiscutíveis.

Marina Franco

Desde pequenina sempre teve o sonho de ser jornalista, o que a levou a fazer uma licenciatura em Ciências da Comunicação na Universidade Nova de Lisboa. Já na faculdade, a descoberta do mundo da comunicação estratégica fê-la prosseguir o mestrado em marketing e trabalhar nesta área em empresas como Jerónimo Martins, L’Oréal, SMEG e atualmente na Samsung.

Paralelamente tem desenvolvido projetos como freelancer em consultoria de comunicação a ajudar pequenas empresas com sua presença no digital. Filha e neta de agricultores, cresceu em convívio com a natureza e desde sempre com enorme interesse pela área da agricultura e da sustentabilidade.

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Não ficamos indiferente ao artesanato português, mas quanto estamos dispostos a pagar por ele?

Esta é uma luta da Esperança Vitória, Artesã & CEO da Victoria Handmade, que, crescida numa família de artesãos de junco, desistiu da profissão antes de a começar, ao ver as dificuldades da família num produto que sempre foi vendido abaixo do preço de produção. Mas o falecimento da mãe mudou a sua história e até já venceu o Prémio Nacional de Artesannato e emprega a irmã. Lê tudo na entrevista abaixo.

Como surgiu a ideia de criar a Victoria Handmade? 

Enquanto história e tradição, esta Arte de tecer o Junco faz parte da nossa família desde 1952, quando a minha Querida Avó Vitória colocou o meu pai na escola para aprender esta Arte Ancestral – ele ainda com 9 anos de idade – nunca tendo parado desde então – e já na altura conhecido por ter as melhores cestas de junco da aldeia – ensinando posteriormente à minha mãe e a cada uma de nós desde tenra idade, suas filhas.  

Com 38 anos de idade, com o falecimento da minha mãe a juntar à falta de realização profissional que passava no momento, decidi despedir-me do emprego onde estava há 14 anos para trabalhar naquele que aprendi desde os 5 de idade. Para trabalhar naquilo que todos diziam ser impossível de sobreviver e do qual me afastei à primeira oportunidade com ainda nem 18 anos devido à sua insustentabilidade: na cestaria de junco.

Sabendo que a minha maior luta seria a desvalorização do artesanato, mas não perdendo o desejo de valorizar a arte de tecer o junco com a ousadia de lhe acrescentar modernidade, para que pudéssemos continuar a tecer estórias.

E foi assim que o projeto Victoria Handmade nasceu, em memória da minha Querida Mãe que partiu deste universo no mesmo ano, e do meu Pai que via esta arte extinguir-se entre as suas mãos, dia após dia, sem antes alcançar as suas: Uma força que nos fez renascer.

 

estória do artesanato de junco

 

Transformar cestas de junco num produto premium. Conte-nos como tem sido esta jornada?  

A jornada tem sido revolucionária, revoltante e agridoce, mas ao mesmo tempo a nossa maior vitória e sentimento de realização.

Infelizmente existe a ideia pré-feita de que o artesanato tem de ser barato, e isso tem sido o nosso maior obstáculo. Tornar este produto premium foi essencial para preservar e dignificar esta arte, cada vez mais à beira da extinção.  

O facto de toda a vida estas cestas terem sido conhecidas tradicionalmente nas feiras a preços ridiculamente baixos foi, e ainda hoje o serem, é a nossa maior batalha e revolta. Porque se por acaso tiverem a sorte de falar com o próprio artesão e questionar se a arte dele permite sobreviver dela, nós temos a certeza da resposta. Nós vivemos essa resposta na pele toda a vida dos 5 aos 17 anos ao ponto de desistir dela e estar mais de 20 anos afastadas. E chegarmos ao ponto de o público achar que os estamos a roubar, de literalmente nos chamarem de tal e até pior depois de criar a Victoria Handmade, é o nosso maior lamento.

Mas o que as pessoas não têm noção, é que já na altura em que o meu pai vendia as cestas a um comerciante para que, esse sim, as vende-se nas feiras a um preço ”justo” onde ganhava margens de 100 e 200% de lucros, o meu pai teve de as vender a um preço que claramente não pagava as horas de trabalhos que ele, as suas 3 filhas e esposa investiram. Quando as pessoas nos dizem ”encontramos cestas de junco na feira por 20€” não têm a real noção que, nesses 20€ que pagaram, o comerciante tem uma margem de 100%, e uma Esperança Vitória de 5 anos, fez essa mesma cesta a preço 0 para os pais as poderem vender a alguém que a comprasse.

Então se dissessem a essa Esperança, que aos 38 se despediria de um emprego estável, para retornar a um trabalho que fugiu a 7 pés, essa Esperança de 5 anos iria rir-se na cara da de 38 e provavelmente chamá-la de louca. Mas quando me dei conta que na minha aldeia natal – Castanheira, Cós – Alcobaça – esta arte se perdia nas mãos dos mais velhos enquanto complemento à reforma, e que a minha mãe faleceu com o desejo de poder voltar a ver cestas a saírem da nossa casa como antigamente e o meu pai cada vez mais incapacitado de continuar nesta arte, ganhei a coragem que precisava para começar esta jornada: de ser das artesãs mais novas deste mercado, e a primeira – e atualmente das muitas poucas – a ter todos os seus direitos de trabalhador assegurados – segurança social, um ordenado, portas abertas de um atelier, tudo o que uma empresa artesanal tem de encargos – e 2 anos depois, ainda conseguir empregar a minha própria irmã mais velha, Carla, desempregada na altura, foi um sonho, que não sabia ter, realizado.  

Concluindo, tornar as cestas de junco em algo premium foi a única forma de não permitir que esta arte morresse nas minhas mãos sem antes chegar às do público. Entregar a mais alta qualidade artesanal. Uma cesta Victoria Handmade tem entre 8 a 16 horas de trabalho das minhas mãos e da minha irmã. E apesar de haver um maior investimento nosso e da parte de quem compra, que opta por qualidade em vez de quantidade, o que nos consola é saber que também haverá menos desperdício, mais intenção e amor por detrás de tudo o que fazemos, temos e somos. 

 

Como se conta a história por detrás de um produto que tem uma arte ancestral incorporada?  

Conta-se muita estória, nostalgia, memórias, e paixões, numa única peça. Sentimentos esses por parte de quem faz, e por parte de quem a compra. 

Acreditamos que a única forma de preservar as artes e ofícios é ao manter os métodos de produção inalterados, mas entregar um resultado contemporâneo diretamente das mãos do artesão até à pessoa para quem aquela peça foi feita. Há um sentimento de ”orgulho” que sai das nossas mãos, ao fazermos cada peça. E quando é entregue à pessoa para quem foi feita, sabemos que ambas as mãos, as nossas e as dessa pessoa, se fundem numa só estória: o nosso legado.

 

 

O que é que existe de local e típico na Victoria Handmade?  

Todas as nossas peças são 100% feitas-à-mão – típico da arte em questão, pois não existe outra forma de o fazer senão manualmente – com materiais naturais e 100% nacionais.

O nosso junco, uma planta que nasce selvagem em terrenos alagadiços, é apanhado por nós mesmas no centro de Portugal. Todo o nosso couro, sempre de curtimento vegetal que reduz a nossa pegada verde e permite tornar o nosso produto da mais alta-qualidade eco-friendly, advém de Alcanena classificada como a melhor zona de curtumes de Portugal.  

Portanto, de típico existe pouco enquanto resultado final de design, mas a essência de um produto 100% português mantém-se fiel.

 

Victoria Handmade - peças de junco

 

Fale-nos um pouco sobre o processo de criação destes produtos que começam com a apanha do junco.   

Existem 5 grandes fases antes de um produto victoria handmade chegar às suas mãos.

1 – Apanha do Junco

Tudo começa na apanha e secagem do junco, onde somos gratas pelo que a natureza nos traz de melhor. Esta é a fase mais difícil de todos os processos, e aquela em que a natureza tem de trabalhar a nosso favor e que torna as restantes fases possíveis.

O junco cresce selvagem em terrenos com grande abundância de água – sem água não haverá junco, então é essencial que tenhamos um inverno chuvoso, para que a semente do junco possa crescer nas terras alagadiças. Chegando a primavera, é essencial o sol para fazer brotar a espiga do junco e terminar assim a fase do seu crescimento. A partir de Maio até Agosto – dependendo do estado de espírito do tempo durante todo o ano anterior – podemos apanhar o junco, ir directamente às terras, cortar rente ao chão e dividir em fechos da braçada de um homem comum.

No fim da apanha, passamos pelo processo de secagem. Esta também é feita naturalmente. O junco é estendido em terrenos sobre o forte sol de verão para que a sua cor original verde escura, possa secar sobre o sol até ao tom ”natural” creme pérola. – Aqui é essencial que não chova pois se chove no momento em que o junco está estendido sobre os terrenos a secar, este acaba por ficar manchado e não chega a secar totalmente, ficando com junco ”imperfeito” para todo o resto do ano.

Pelo que esta fase apenas acontece uma vez por ano, tendo que apanhar junco suficiente para o ano inteiro até à próxima campanha, pois só no verão é que o junco está pronto a apanhar, e só o sol o pode secar. Se esta fase não acontecer, o junco acaba por apodrecer nos terrenos, até renovar num próximo ano. 

2 – Preparação do Junco

 Fase 2 é a preparação da matéria prima: o junco no fim de seco pelo sol, tem de ser escolhido, manualmente pauzinho a pauzinho, os juncos bons a trabalhar (que não estão muitos escuros, podres, juncos que são demasiado duros para trabalhar, ou demasiados moles, ou ervas misturadas nos molhos que foram apanhados). Além desta escolha, existe o processo de retirar a espiga/semente do próprio junco, uma vez que não podemos tecer cestas com a semente misturada! No fim da escolha feita, o junco é limpo e enxofrado para clarear – este processo é um método ancestral que faz toda a diferença para permitir que o junco seja bom a trabalhar. 

3 – Tingimento do Junco

Fase 3 é o tingimento em diferentes cores, das mais neutras às coloridas, onde o junco, a água quente e pigmentos naturais de cor são colocadas ao lume para que o junco agora de tom creme, possa ser tingido de vermelho, ou verde, amarelo, etc. No fim de tingido, o junco é novamente colocado a secar ao ar para concluir a aderência da cor. 

4 – Tecer as peças com o fio de juta (um fio natural)

Fase 4 é finalmente o tear: tecer as peças com fio de juta (um fio natural). O junco é entremeado com a juta pauzinho a pauzinho, batido com um pente de madeira, até criarmos uma esteira completa do tamanho correto. Um tear completo, pode levar entre 6 a 7 esteiras. No fim de encher o tear, cortamos, atamos as pontas e voltamos ao tear para fazer um 2º tear, este para as laterais das esteiras que fizemos primeiramente. Conclusão, para fazer uma cesta, serão sempre precisos dois teares: um para fazer o corpo principal, e um segundo para fazer os 2 cantos para esteira que irá dar forma à cesta.

5 – Acabamentos

Fase 5 são os acabamentos. Onde por fim podemos coser a peça para dar forma à cesta, ornamentamos com ferragens, colocamos asas de verga, protegemos com um acabamento à base de água para que as peças se tornem impermeáveis, assim como o couro eco-friendly desde alças, assas, cantos, etc é todo cortado manualmente por nós (compramos ao fornecedor o couro completo do animal, para ser aproveitado da melhor maneira de modo a evitar qualquer tipo de desperdício.)

Podemos ainda mencionar uma fase 6 em que a peça está por fim concluída, e toda a promoção online, fotografias, webdesign, gestão de redes sociais, atendimento ao cliente, gestão de encomendas, é ainda assegurada pela nossa equipa atual onde eu, a minha irmã e a minha filha entregamos o nosso melhor até si.´

Conclusão

Para que entendam melhor, tradicionalmente não é comum uma única família fazer todos os processos por detrás de uma cesta. Na minha aldeia, o comum é:

  1. Uma família que apanha e vende o junco;
  2. Uma segunda família que faz os tingimentos e tece no tear;
  3. Outra família que cose e dá forma à cesta,;
  4. Outro alguém que coloca as asas de vime/verga;
  5. Por fim, alguém que a vende – seja o próprio artesão (pouco comum) ou um comerciante.

Nós, na Victoria Handmade, sentimentos a necessidade, de modo a ser sustentáveis e ter total confiança que entregamos a melhor qualidade artesanal, de fazer tudo. Só deste modo poderíamos fazer a diferença. 

 

Há uma forte componente manual em toda a criação. Quantas horas demora até termos uma cesta Victoria Handmade nas mãos?  

O facto de todos os processos que referimos acima não serem feitos uns atrás dos outros, permite que todo o tempo seja diluído em mais do que uma peça. No entanto, todos estes processos consomem bastante tempo, e podemos assegurar que contabilizando todos os processos, apenas uma peça tem no mínimo entre 8 a 16 horas de trabalho artesanal: todo esse trabalho nosso do início ao fim. 

Victoria Handmade - peças premium em junco

Qual é o vosso produto estrela? Aquele que melhor simboliza a vossa proposta de valor e que mais vende.  

Sendo a nostalgia que cada peça Victoria Handmade acarreta pelos tempos e memórias felizes que vivemos no passado ao lado destas cestas, sem dúvida que há uma peça que ganha vitoriosamente o título ”Best Seller”. O nosso modelo Cesta Shoulder, Strong Escuro  é a peça favorita da grande maioria, retrata na perfeição a aliança entre a tradição e a contemporaneidade. 

 

Quem é o vosso cliente? Como o caracteriza?  

Atualmente temos dois grandes tipos de cliente:

  1. os consumidores de slow-fashion
  2. os consumidores nostálgicos.

O nosso produto retrata muita nostalgia e memórias ao público português, e a nossa alta qualidade artesanal faz com que seja cobiçado pelo público em geral, sendo o foco em mulheres modernas entre os 30-45 anos de idade de uma classe média / alta.

O facto de sermos um produto derivado de fibras naturais, e devido à nossa história, tradição e a nossa missão, encaixamos na perfeição no conceito de slow-fashion, que acreditamos ser cada vez mais o futuro para melhor. O público internacional é o que de momento mais se concentra neste conceito e estilo de vida. No entanto, apesar de partirem do princípio do contrário, especialmente nesta fase difícil que todos nós atravessamos, o público português tem uma grande parte da fatia do bolo da nossa faturação, sendo este consumidor nostálgico que atualmente se sobrepõe ao da slow-fashion, mostrando a união que é o Português comprar o que é Português. 

 

As cestas tradicionais Victoria Handmade foram distinguidas com o Prémio Nacional do Artesanato. Em que consistiu esta distinção e o que simboliza para si? 

Mais do que alguma vez poderei explicar. 

Existe um sentimento de missão cumprida, apesar de ainda haver tanto a fazer. Sinto, e tenho a certeza, que a minha mãe, onde quer que esteja, está orgulhosa do mesmo modo que os olhos do meu pai brilharam quando lhe dei a notícia. Este prémio retrata toda a minha família, e saber que tudo o que a victoria handmade é foi conquistado sempre em família e união, é surreal e impossível de transpor em palavras.

Os anos de dedicação que demos a esta arte, representados num único prémio. Pensar que tudo isto começou graças à minha avó Vitória que, apesar de não saber fazer, foi quem incentivou que esta arte fizesse parte de quem somos; que me permitiu ganhar este prémio. 

E por fim, mas não menos importante, este prémio simboliza que o artesanato tem valor, que o artesão não é um pobre coitado e sim um Artista. Que o Artesanato está cá, e merece ficar. E que não podemos lamentar as coisas, depois de as perdermos. Esta é a hora de valorizar o artesanato. Artesanato é Cultura Portuguesa, e está nas nossas mãos preservar essa cultura.  

Victoria Handmade - mala em junco

 

Quais os próximos passos para a marca? 

Continuar a investir em nós mesmas, independentes de qualquer tipo de marcas ”gigantes” para nos fazermos notar.

Continuar a deixar a nossa Arte falar por si e chegar mais longe.

Continuar a inovar em cada coleção, continuar sustentáveis e fiéis à nossa ética de trabalho e ambiental.

Continuar a tecer estórias e momentos felizes ao lado de quem nos aprecia, e por fim ser quem somos: artesãs, de corpo e alma.

Esperança Vitória - Artesã e CEO Victoria Handmade

Esperança Vitória 

Artesã & CEO – Victoria Handmade

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A roupa desportiva é associada a conforto, mas o desafio de Jorge Castro, através da Perff Studio, foi chegar mais longe. Juntar ao conforto o luxo, utilizando matérias-primas sustentáveis e produção 100% portuguesa.

Está tudo explicado na entrevista.

Moda, luxo e sustentabilidade. Como surgiu a ideia da Perff Studio? 

A Perff Studio nasceu a partir da vontade de inovar de uma empresa têxtil vimaranense, a Pimba Importação e Exportação de Vestuário Lda, que queria criar uma marca própria e que, para isso, me contactou e me desafiou para desenvolver este projeto.

Sempre foi uma ambição minha criar algo que tivesse significado e que pudesse deixar uma marca no mundo e nas pessoas, por isso, após o convite que me foi endereçado pela Pimba, apercebi-me que aquela seria a altura certa para dar esse salto.

Nos últimos anos, e devido à minha anterior experiência profissional, tive a oportunidade de viajar com muita regularidade até às grandes capitais da moda.

Nessas viagens, e dado o meu gosto pela prática desportiva, fui-me apercebendo de que havia uma oportunidade no mercado, algo que pudesse aliar a moda à performance.

Com consciência de que o que aqui (em Portugal) é feito é produzido com a máxima qualidade, percebi que, se temos know-how e capacidade para produzir para grandes marcas internacionais, também deveríamos ter know-how e capacidade para produzir em nome próprio – e foi isso que procurei concretizar.

Foi então que surgiu a oportunidade de criar uma nova visão, um novo conceito, uma fusão contemporânea de moda e performance, que permite às pessoas ativas desfrutar do conforto e de todos os benefícios da roupa desportiva, quer durante a atividade física quer no seu dia-a-dia, nunca comprometendo a sua elegância e sofisticação. Com a ambição de criar design de topo e produtos de alta qualidade, foi então que, em novembro de 2017, nasceu a Perff Studio.

perff studio - roupas desportivas sustentáveis

De que forma a sustentabilidade impacta o processo de produção da Perff Studio? 

A sustentabilidade é parte integrante da Perff Studio desde o seu primeiro dia. Aliás, a primeira legging lançada pela marca em 2017 já era feita a partir de materiais reciclados, nomeadamente a partir de Econyl – fio regenerado a partir de resíduos do fundo do mar, por isso a sustentabilidade sempre fez parte do cerne da marca.

A marca nasceu com o propósito de deixar uma marca no mundo e nas pessoas e isso só poderia ser feito tendo como base a preocupação com a sustentabilidade. Não pretendemos que a sustentabilidade seja o fator distintivo da marca, mas sim algo intrínseco à sua identidade. 

A sustentabilidade faz parte da nossa essência. Desde matérias-primas, passando pelos processos de fabrico, até aos produtos finais, defendemos os nossos valores ecológicos e esforçamo-nos por tomar decisões inteligentes e amigas do ambiente.

 

Referem as malhas Econyl como das mais usadas nas vossas peças. No que consistem estas malhas? 

Na Perff Studio utilizamos malhas sustentáveis de alta performance e qualidade. Grande parte das peças é, efetivamente, produzida a partir de malhas feitas a partir de Econyl, isto é, fio que é composto por materiais de pós-consumo como redes de pesca e plásticos industriais.

Os resíduos recolhidos do fundo do mar utilizados na produção deste tecido são requalificados, deixando de prejudicar/poluir os oceanos. Para além do Econyl, utilizamos também Reco Nylon (fio de nylon produzido a partir de desperdícios do processo produtivo) e temos também na nossa coleção peças feitas a partir de fibras naturais orgânicas.
Neste momento, podemos afirmar que todos os produtos são feitos a partir de materiais sustentáveis e que a percentagem de produtos feitos a partir de materiais reciclados ultrapassa os 60%.

perff studio - roupas de luxo sustentáveis

 

Os produtos Perff referem características como não engelhar e conforto no corpo. Qual a relação com as malhas recicladas que usam? 

Mais do que a performance, procuramos sempre as melhores malhas que garantam o maior conforto para usabilidade. Felizmente, conseguimos encontrar e incorporar estas tecnologias utilizando fio produzido a partir de material regenerado.

 

Slow Fashion é a resposta da moda às exigências de um mundo mais sustentável. O que é para a Perff o Slow Fashion e de que forma está incorporado na vossa roupa? 

Para nós a sustentabilidade começa no design. Procuramos desenvolver peças que são versáteis, intemporais e duradouras, e qualquer pessoa vai apreciar usá-las durante longos anos.

Criar algo que dure durante longos anos, mantendo sempre a elegância, nunca passando de moda, e estando sempre a par das necessidades do dia-a-dia das pessoas permite-nos desenvolver soluções com um menor impacto ambiental e, ao mesmo tempo, diferenciar e valorizar o design das nossas peças. Acreditamos que o segredo do slow fashion é exatamente este, menos quantidade, maior durabilidade e qualidade: menos é mais.

 

A parte social é um dos pilares da Sustentabilidade e a vossa produção é 100% portuguesa. Que critérios usam na escolha dos vossos fornecedores e parceiros? 

Temos a plena noção de que as pessoas com as quais trabalhamos são parte imprescindível do sucesso da marca. Por isso, é primordial que elas se sintam reconhecidas e valorizadas pelo trabalho que todos os dias desenvolvem. Temos muito orgulho de afirmar que a produção da Perff Studio é 100% feita em Portugal, mais propriamente no norte do país, e por isso todo o processo de fabrico é realizado num raio de 30km.


A escolha dos nossos parceiros recai, sobretudo, de acordo com a sua capacidade de inovação tecnológica e as suas práticas sustentáveis e, principalmente, sociais. O facto de trabalharmos de perto com os nossos parceiros, permite-nos aferir e garantir que todos os colaboradores têm acesso a condições de trabalho e remuneração dignas, e que seja promovida a defesa dos seus direitos.

perff studio - roupas de luxo desportivas sustentáveis

Têm algum produto que se destaque em vendas? Conseguem identificar a que se deve essa preferência dos clientes? 

Podemos destacar dois produtos, que são, indubitavelmente, as nossas peças mais vendidas: a legging Intuition e o macacão Out of the cage.

Temos a plena noção que estas peças são as preferidas dos nossos clientes por englobarem um design minimalista, distinto e sofisticado aliados um elevado conforto e performance, o que faz com que as pessoas se sintam seguras e confortáveis quando as estão a usar. Para além disso, ambas as peças são feitas a partir de malhas que incorporam materiais reciclados, conferindo assim uma característica distintiva extra às peças: a sustentabilidade. São peças versáteis, para usar durante anos.

 

Quem é o vosso cliente-tipo? 

A marca foi criada com o intuito de responder às necessidades de um cliente exigente, atento ao detalhe, que compra com consciência, que gosta de praticar desporto e do conforto que a roupa desportiva confere, sem nunca descurar a elegância e a sofisticação em todas as situações do dia-a-dia. 

 

A pandemia fez crescer as vossas vendas online. Sentem que foi uma mudança do canal de compra, ou a própria situação está a fazer pessoas investirem mais em si e na sua saúde, através do desporto?

Apesar da crise que se instalou face a esta pandemia, as nossas vendas aumentaram substancialmente neste último ano. Creio que este crescimento, para além de estar associado ao aumento da notoriedade da marca nos diversos mercados de atuação, deve-se bastante a uma grande mudança no modo como as pessoas passaram a fazer compras durante a pandemia.

Com as políticas de isolamento social a forçar o encerramento das lojas físicas em vários países, o e-commerce viu o enorme crescimento e passou a ser uma opção “segura” e prática para os consumidores. Para além disso, creio que a pandemia também trouxe uma maior consciencialização acerca dos hábitos de vida saudável para as pessoas. A ideia de que o desporto contribui para uma vida saudável fez com que mais pessoas passassem a adotar novas práticas desportivas, como forma de prevenção de doenças e proteção da sua saúde física e mental.

Toda a gente teve de se adaptar e transformar os seus hábitos de vida e de consumo, hábitos esses que acredito que se vão permanecer na nossa sociedade nos próximos anos.

Estas mudanças foram significativamente positivas para nós, uma vez que o nosso maior canal de venda é online e, acima de tudo, porque o nosso produto responde às atuais necessidades das pessoas: são versáteis, confortáveis e permitem que uma pessoa se sinta sempre confiante, mesmo estando em casa.

perff studio - roupas materiais sustentáveis

 

Onde podemos encontrar a Perff Studio e que planos tem para o futuro? 

Neste momento, podemos encontrar a Perff Studio online no nosso website (www.perff.com) e em marketplaces como a La Redoute, em França, e a Zalando, na Alemanha. Estamos também presentes em lojas físicas no Reino Unido e em Malta.

Se não estivéssemos a atravessar esta fase de pandemia, os próximos passos da marca, além da contínua aposta no digital, também seriam, certamente, a aposta em lojas físicas. No entanto, dada a conjetura atual no setor do retalho, tivemos de alterar um pouco a nossa estratégia, dando enfoque à nossa presença digital e à abertura de novos mercados.

Nesta ótica, iremos apostar ainda mais em estratégias de marketing de influência, uma vez que acreditamos que esta é uma das formas mais interessantes de a marca se aproximar do seu público. Para além disso, iremos apostar na presença em marketplaces a nível europeu, com o intuito de introduzir a marca em novos mercados.

Jorge Castro

CEO da Perff Studio

Empreendedor por natureza e apaixonado pelo que faz, Jorge Castro, co-fundador e CEO da Perff Studio, tem a ambição de deixar uma marca positiva no Mundo. A busca por novos desafios é algo que o caracteriza, tendo já no seu percurso a experiência no desenvolvimento, implementação e digitalização de várias marcas.

Ávido desportista, é no mar onde encontra o seu espaço de reflexão e de harmonia com a natureza. A literatura é outro dos seus passatempos, e é através dos livros que encontra uma forma de aprendizagem e de desenvolvimento pessoal.

Os números e a inovação sempre foram o seu forte, o que o levou a estudar Engenharia e Gestão Industrial pela Universidade do Minho. No entanto, a sua sensibilidade estética e o gosto pela moda, a par do seu lado mais criativo, levaram-no a frequentar uma pós-graduação em E-business & Marketing Digital e a estudar o universo do luxo, ao integrar a pós-graduação em Luxury Brand Management na Catolica Lisbon School of Business and Economics. 

Jorge Castro, com uma visão global, criou, através da Perff Studio, uma marca que, à sua semelhança, pretende aliar o melhor da performance e da moda, de uma forma sustentável.

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O Azeite tem um papel central na gastronomia portuguesa e faz sucesso além fronteiras. Fomos falar com a Monterosa, uma marca algarvia que já recebeu diversos prémios internacionais, para perceber como a sustentabilidade é incorporada no processo produtivo.

 

 

Como surgiu a ideia de criar azeites de qualidade superior com a marca Monte Rosa?

Os Viveiros Monterosa têm como a sua atividade principal a produção de plantas ornamentais, atividade que já dura há mais de 40 anos. O interesse pela produção de azeite só apareceu muito mais tarde (em 2006) e resulta da necessidade de converter um laranjal, que cultivávamos na quinta e que necessita de grandes quantidades de água por uma cultura com baixa manutenção e muito pouca o nenhuma de rega, como é o caso da oliveira ( a maioria dos olivais no mundo são de sequeiro).

Esse interesse foi crescendo com o passar do tempo e o grande desafio sempre foi produzir azeites de alta qualidade e com uma pegada ambiental o mais baixa possível.

 

Monterosa viveiros

 

Os vossos azeites são produzidos seguindo um rigoroso sistema de Produção Integrada que garante o respeito pelo ambiente . Em que consiste este método de produção?

A produção integrada é um sistema agrícola de produção de produtos agrícolas e géneros alimentícios de qualidade, baseado em boas práticas agrícolas, com gestão racional dos recursos naturais e privilegiando a utilização dos mecanismos de regulação natural em substituição de fatores de produção, contribuindo, deste modo, para uma agricultura sustentável.

No nosso caso em particular, adicionalmente fazemos toda a reciclagem dos resíduos que resultam desta atividade, transformando-os em sub produtos e desta forma adicionando valor a toda a cadeia de produção.

Um bom exemplo é o que fazemos com o bagaço da azeitona que resulta da extração do azeite ou seja toda a polpa e caroços das azeitonas. Nós compostamos o bagaço de azeitona e mais tarde este é utilizado como um adubo biológico 100% natural.

 

Têm um método de fabrico que remonta ao tempo dos romanos. Em que consiste? Qual a importância de manter este legado?

Nós temos um processo de extração que é um misto de tradicional e moderno. A maior parte dos lagares, hoje em dia, utiliza maquinaria e processos de produção modernos, no entanto independentemente do processo e maquinas que se usem, as etapas da linha de produção e extração do azeite continuam a ser as mesmas desde o tempo dos romanos.

Obviamente hoje em dia sabemos muito mais sobre este produto e temos um grau e frescura no azeite que os romanos não tinham nessa altura, mas sem o desenvolvimento que eles alcançaram não seria possível termos os azeites que temos hoje.

No nosso caso, continuamos a utilizar  um moinho de pedras de granito muito tradicional que está integrado na linha de extração em conjunto com as restantes máquinas.

 

monterosa azeites sustentáveis

 

Os vossos azeites têm vindo a ser premiados com várias distinções um pouco por todo o mundo. Qual o significado que tem para vocês estas distinções?

Como noutros produtos alimentares, e não só, os concursos internacionais são muito importantes para dar a conhecer as marcas a potenciais clientes e também ao consumidor final. Principalmente para os micro produtores e produtores artesanais, que têm como objetivo principal a qualidade do produto.

Este reconhecimento gera curiosidade e dá garantias de qualidade aos clientes e consumidores finais, principalmente se isso sucede ano após ano. Os nossos azeites têm sido premiados ano após ano em vários concursos internacionais, desde os Estados Unidos até ao Japão e Europa.

 

Quem é o vosso cliente? Como se carateriza? É maioritariamente nacional ou internacional? De que mercados?

Cerca de 75% da nossa produção anual destina-se á exportação, maioritariamente para os países do norte da Europa mas também pequenas quantidades para o Japão e Estados Unidos.

O restante fica em Portugal e pode ser encontrado em diversas casas especializadas em produtos alimentares gourmet na hotelaria e restauração também. Tipicamente o nosso cliente é um cliente que procura um produto de alta qualidade, muito benéfico para a sua saúde e com um baixo impacto ambiental.

 

O que mais valorizam os clientes nos vossos produtos?

Produzimos vários azeites mono varietais a partir de 5 variedades de azeitona diferentes e isso faz com a tenhamos uma gama muito abrangente em termos de aroma, sabor e intensidade. Penso que temos um azeite para cada pessoa e o seu gosto pessoal, seja ele um azeite suave e frutado ou um azeite intenso, amargo e picante. Tudo isto aliado a um grau de acidez máximo de 0,2% em toda a gama.

 

monterosa azeite maçanilha

 

Ser um produto “made in Portugal”, ou melhor “made in Algarve”, é valorizado?

Esse é um trabalho que ainda está muito no inicio. A “marca” Algarve é muito associada ao turismo, praia e golf pelo que no caso dos produtos alimentares ainda temos um longo caminho a percorrer na divulgação e reconhecimento da qualidade dos nossos produtos.

De salientar que recentemente a hotelaria e restauração do Algarve perceberam que os produtos regionais adicionariam valor ás suas ofertas e desta forma temos assistido a um aumento dos nossos produtos no setor, o que tem sido um fator muito positivo na divulgação e promoção dos produtos Algarvios junto dos que nos visitam.

Tipicamente nos produtos alimentares “made in Portugal” são associados a uma qualidade muito alta, mas relativamente difíceis de encontrar quando comparamos com outros países como é o caso da Espanha ou Itália.

 

Para lá os azeites, oferecem também experiências de degustação. Em que consistem?

Como estamos localizados numa zona turística, o nosso projecto de visitas guiadas ao olival foi quase uma inevitabilidade. Esta experiência é uma forma de dar a conhecer aos visitantes os nossos produtos e também de desmistificar alguns conceitos que muitas vezes são errados sobre o azeite.

A degustação é o culminar da visita e é dirigida pela nossa equipa de guias especializados em prova de azeite. Os clientes são conduzidos durante a degustação por forma a poderem identificar os diversos atributos dos azeites que estão a provar e assim identificarem qual é o perfil de azeite que mais gostam.

 

Onde podemos encontrar os azeites Monte Rosa à venda?

Podem encontrar os nossos azeites na nossa loja online; nos supermercados Apolónia no caso do Algarve bem como outras casas da especialidade e restaurantes; no Club del Gourmet do Corte Inglés em Lisboa e em Gaia; nas lojas A Vida Portuguesa entre outras.

 

 

Qual o vosso best-seller e que características tem este produto.

O nosso bestseller é o azeite Monterosa Premium Maçanilha. Este é o azeite que mais vendemos. É um azeite muito equilibrado, de intensidade média e feito com uma variedade de azeitona do Algarve chamada Maçanilha Algarvia.

Tem notas de erva fresca cortada; fruta madura e baunilha. Ideal para saltear legumes, numa salada de tomate e queijo fresco.

António Duarte

Comercial Monterosa

Tem várias formações profissionais em prova de azeite, a nível nacional e internacional. Em 2014 entrou para a empresa com o objetivo de desenvolver a parte comercial dos azeites Monterosa, no mercado nacional e internacional, paralelamente ao projeto turístico composto por visitas guiadas à quinta, workshops de prova de azeite, e desenvolvimento do branding da marca.

Nos tempos livres, as suas maiores paixões são as viagens e também os desportos náuticos, como é o caso do surf e kitesurf.

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A iluminação LED é cada vez mais procurada, quer ao nível corporativo para criação de ambientes quer ao nível doméstico, por questões de eficiência energética. Os produtos desenvolvidos pelo Beau McClellan conjugam não só atributos funcionais, como esta da questão energética, como também de design. E são a prova que um produto pode ser simultaneamente eficiente e belo.

Fomos conhecer o Beau McClellan , artista e autor de vários produtos que incorporam esta premissa e que já foram reconhecidos um pouco por todo o mundo.

bybeau - arte iluminação led

És um artista e designer conhecido pelas tuas extraordinárias instalações de luz e linhas de marcas vencedoras de vários prémios. Como começaste a tua carreira? Conta-nos um pouco sobre o teu percurso…

Acho que sempre fui criativo, desde criança sempre procurei novas formas de me expressar: arte, música, escultura … esse desejo nunca me abandonou. Isso levou-me a ser metalúrgico, trabalhando com a luz do fogo. Isso inspirou-me, e comecei a ficar cada vez mais fascinado pela própria luz como forma de criar emoção e humor.

Sempre estive envolvido com teatro e cinema, por isso a teatralidade é algo natural para mim. Adoro ver a reação no rosto das pessoas, quando vêem algo que simplesmente as deixa boquiabertas. É como estar no palco. É rock and roll.

Essa paixão ficou comigo também, ainda fico tão entusiasmado com um projeto novo, quando vejo o que quero criar, algo apodera-se de mim – é como ser criança de novo! A melhor coisa é poder levar essa faísca para a minha equipa, atear as chamas e começar a fazer o que amamos – tornar a luz mágica.

 

Crias magníficas instalações de luz em grande escala, em todo o mundo. E estás baseado no Algarve. Porquê Algarve e não Nova York, Dubai ou Londres, por exemplo?

No final do dia, trabalho a partir de onde me sinto inspirado, onde me sinto em casa. O Algarve tem sido uma espécie de musa para mim, ao longo do meu trabalho. Tem uma cultura incrivelmente diversa que me ajudou a crescer como artista. As pessoas daqui, os meus amigos e a minha família ajudaram-me a crescer como pessoa. É um lugar que dá as boas-vindas e isso é importante para mim.

Num sentido mais prático, agora é muito mais fácil trabalhar em qualquer lugar, algo que está se a tornar cada vez mais parte das nossas vidas. Tenho sorte, conforme a tecnologia evoluiu, tornou-se cada vez mais fácil trabalhar a partir de um lugar onde sou mais feliz.

 

Beau - arte iluminação led

 

O que te inspira nos produtos e instalações de iluminação que crias?

A inspiração é abrir os olhos para o mundo. A luz é como vemos o mundo, não é? É como processamos tudo, todos os dias.

Assim, considero que luz é vida, que é uma parte viva do nosso dia-a-dia, que afeta os nossos estados de espírito e movimentos. Momentos de calma e momentos de drama, o nosso trabalho tenta refletir essas coisas.

Trabalhamos muito para tentar trazer os nossos projetos conceptuais para a vida cotidiana, e não apenas para feiras de arte ou passareles, mas sim para a casa ou o escritório. É para todos, porque acho que todos nós precisamos disso, de um pouco de magia nas nossas vidas.

 

As tuas coleções apresentam as mais recentes inovações em iluminação, como LEDs da mais alta qualidade. Porquê LEDs?

Estou sempre interessado em ultrapassar os limites. Mas também adoro usar as tecnologias e métodos certos para transformar um sonho em realidade.

Acho que, como artista, preciso de ter cada pincel, cada tinta, cada tom, pronto na minha paleta. Os LEDs dão-me uma quantidade incrível de controle enquanto permaneço extremamente eficiente em termos de energia, permitindo-nos criar esses designs e experiências espetaculares sem comprometer o nosso compromisso com o design sustentável.

 

Beau - arte iluminação led - moda

 

A sustentabilidade está a tornar-se trendy. Sentes isto na tua área?

No fim de contas, trabalhamos para clientes e, por isso, como os seus valores, e como eles mudaram ao longo dos anos, vão afetar nosso trabalho. Mas, pelo menos para nós, passamos anos a tentar defender o uso de LEDs com eficiência energética e materiais de origem responsável. Então, é realmente gratificante ver o mundo começar a pedir soluções sustentáveis sem termos que persuadi-los para isso!

 

Os clientes preocupam-se mais com a sustentabilidade hoje? É um requisito ou um “nice to have“?

Preocupam-se absolutamente. Não são “extras”, como costumavam ser, cada vez mais os clientes estão a considerar os elementos sociais e ecológicos do nosso trabalho como essenciais.

Isso significa que podemos aprofundar os princípios sustentáveis no nosso trabalho, de modo a que eles se tornem fundamentais para um design, algo que orienta e inspira um projeto, ao invés de algo em que trabalhamos em torno das especificações do cliente. Agora eles parecem fazer parte das especificações do briefing inicial! Este é um grande passo positivo em frente.

 

Qual é o produto mais sustentável que desenvolveste? Como incorporas questões de sustentabilidade no desenvolvimento de produtos?

Sustentabilidade para nós significa uma combinação de coisas. Cada projeto parece ter adicionado uma camada extra à forma como trabalhamos de forma sustentável e ética. A escolha do material, como criamos alguns formulários enquanto mantemos uma pegada ecológica mínima, tem sido um foco particular recentemente.

Desde que começamos, aprendemos uma nova lição a cada design. E não apenas em termos de preocupação ambiental, também precisamos considerar as nossas responsabilidades sociais. O nosso vidro soprado, por exemplo, foi proveniente de um pequeno atelier de artesanato familiar, ajudando a proteger uma tradição artesanal. Muitas dessas técnicas são passadas de pai para filho, ou de mestre para aprendiz, através das gerações. Portanto, se pararmos de usá-las, poderemos perder milhares de anos de conhecimento.

Ao trabalhar as técnicas tradicionais em designs contemporâneos, esperamos manter as gerações mais jovens apaixonadas pela sua herança. Não se trata apenas de seguir as tendências de design, esperamos que os nossos produtos possam permanecer atuais por muitos anos, ao invés de serem descartados conforme as tendências de design avançam. Tentamos preparar tudo para o futuro, para que possamos atualizar a tecnologia sem ter que redesenhar ou refazer a estrutura.

beau - iluminação led

 

Acreditas que existe uma “luz” em relação à sustentabilidade na nossa sociedade futura?

Acho que, para uma mudança real, temos que ver algo para lá do que está à superfície. Precisamos de uma mudança nos corações e mentes das pessoas. E é isso que eu vejo a acontecer.

Vejo mais e mais clientes a partilharem da nossa própria filosofia de design sustentável. Portanto, vejo uma luz no fundo do túnel, gerada por paixão e preocupação genuínas. Por isso, um futuro melhor parece-me não apenas possível, como também sustentável.

Beau McClellan

Beau McClellan é um artista e designer apaixonado por design de iluminação. Seja produzindo instalações de luz extraordinárias e espetaculares como encomendas especiais, ou linhas de produtos acessíveis, como a sua coleção de marca  vencedora de vários prémios, Beau é uma força criativa com um entusiasmo ilimitado por seu meio.
O seu atelier, ByBeau, fica no Algarve e os seus clientes são provenientes de todo o mundo.
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A capacitação para o empreendedorismo e o apoio à criação de pequenos negócios são as novas prioridades da TESE na Guiné-Bissau, em São Tomé e Príncipe e em Cabo Verde. Não pode perder esta entrevista, com Luís Matos Martins, Presidente da TESE

Quais são as principais áreas da atuação da TESE?

A TESE é uma organização não governamental (ONG) para o desenvolvimento que se dedica à promoção do emprego, água, saneamento e energia. Utiliza a inovação social como instrumento da sua atuação em Portugal e em países em desenvolvimento, nomeadamente os que fazem parte da comunidade dos países de língua portuguesa (CPLP). A TESE investiga, cria, implementa e sensibiliza, construindo um ciclo de soluções socialmente inovadoras e sustentáveis como resposta a necessidades tradicionais e emergentes.

Desde o dia 30 de julho – data em que fui eleito presidente – a TESE colocou São Tomé e Príncipe, Guiné-Bissau e Cabo Verde como destinos prioritários dos seus projetos. A capacitação da população ativa destes países para o empreendedorismo e para o lançamento dos seus próprios negócios – identificando pessoas com potencial para organizarem pequenas empresas a partir da prestação de serviços para os quais vão ser preparados – passou a ser a missão principal da TESE nestes territórios. Para isso, a TESE está a dinamizar programas de formação em mentoria de micronegócios e irá lançar, de forma gradual, programas de formação básica em ciências empresariais (noções de contabilidade, processos administrativos, gestão de stocks, etc.).

Para além de constituir as equipas que irão apoiar os negócios nos países em causa, a TESE irá também dinamizar um programa de formação em mentoria de micronegócios para capacitar técnicos locais no apoio aos projetos que forem lançados. Os negócios apoiados nos seus programas de formação em empreendedorismo poderão ser em diversos setores, sendo que a TESE tem particulares competências em áreas em que já trabalha, como o fornecimento água, de energia, o saneamento ou a recolha e tratamento de lixo.

Se antes o foco estava apenas em fazer um sistema de painéis solares numa escola ou um sistema de bombas de água numa tabanca na Guiné-Bissau, neste momento a TESE envolve-se também na complementaridade dos projetos que já desenvolvia: capacita os agentes locais para montarem os seus próprios negócios e, assim, conseguirem eles próprios fazer a instalação, manutenção e reparação, quer das bombas de água, quer dos painéis fotovoltaicos.

 

A TESE é a promotora de projetos de instalação de centrais solares na Guiné, tendo inaugurado em 2016 uma grande unidade que abastece mais de 600 famílias na cidade de Bambadinca

 

Quais são os principais desafios que a pandemia vos colocou?

Devido à pandemia da Covid-19, os projetos comunitários desenhados para Portugal tiveram que ser realizados on-line, o que criou algum distanciamento e dificultou a angariação de novos participantes. Ainda assim, acredito que este processo foi superado com sucesso.

Os projetos desenvolvidos fora de Portugal estiveram pouco tempo parados, uma vez que os países a que se destinavam – São Tomé e Guiné – tinham um número reduzido de casos de infetados. Conseguimos rapidamente voltar à atividade, adotando sempre as medidas de segurança recomendadas pela Direção Geral de Saúde.

 

 

Ao longo do seu percurso na TESE quais os projetos que tiveram maior significado para si?

O projeto que estamos atualmente a desenvolver na Guiné-Bissau é muito interessante. Para além de instalarmos painéis solares e bombas de água em algumas tabancas, vamos também dar formação a 30 potenciais técnicos de instalação, manutenção e reparação de bombas de água e de painéis fotovoltaicos.

A TESE é a promotora de projetos de instalação de centrais solares na Guiné, tendo inaugurado em 2016 uma grande unidade que abastece mais de 600 famílias na cidade de Bambadinca. É também responsável pela instalação de pequenos sistemas fotovoltaicos autónomos para fornecer energia elétrica a centros comunitários. Tem igualmente projetos de saneamento básico em curso, os quais contam com programas de apoio à construção de latrinas para unidades familiares, de latrinas comunitárias e de ações de sensibilização à população. Na região do Oio e em Bafatá desenvolve projetos de abastecimento de água, para uso doméstico e comunitário, associando os seus projetos de energia elétrica à construção de sistemas de irrigação de campos de arroz.

Através do projeto que está em curso, a TESE montará em cada um dos seus projetos unidades de formação que irão preparar as mulheres e os homens guineenses do ponto de vista técnico para a manutenção dos sistemas ao longo dos anos e para a reparação de inevitáveis avarias. Também irá capacitá-los para desenvolverem essas mesmas atividades a partir de pequenas empresas, pessoais ou familiares, que prestem esses serviços às entidades que gerem os projetos, às comunidades ou ao próprio Estado guineense.

Através da capacitação da população local para o empreendedorismo, a TESE irá contribuir para o desenvolvimento da Guiné-Bissau, para o aumento das suas produções e para a redução da sua dependência do exterior.

 

TESE - ONG Guiné Bissau

 

Alguém que esteja interessado em desenvolver projetos e carreira nesta área, com que apoios por parte da TESE pode encontrar? 

De acordo com as linhas de financiamento, com os apoios e com as necessidades dos Governos, a TESE apresenta propostas de inovação institucional, inovação de processos, inovação social e inovação tecnológica com vista a implementá-las nos países onde atua.

Atualmente temos escritórios em Portugal, Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe e em Moçambique. Prevemos que, a curto prazo, a TESE tenha também delegações em Angola, Cabo Verde e Timor. Esta previsão passa também pela transferência de competências inter-países, adaptando-as sempre a cada contexto e a cada país.

Por exemplo: queremos transferir as competências que temos no âmbito do emprego e do empreendedorismo em Portugal para os outros países – algo que já está a acontecer na Guiné-Bissau e em São Tomé e Príncipe – e transferir para Portugal o conhecimento que a TESE tem em várias áreas, nomeadamente na da água.

Assim, a TESE tem dois tipos de “cliente”:

  1. As instituições que querem desenvolver os projetos de intervenção
  2. Os beneficiários que acabam por usufruir destes projetos, que podem ser desde tabancas a jovens de um determinado bairro ou de uma comunidade em Portugal que querem desenvolver um projeto de vida ou querem criar um pequeno negócio.

Estes dois tipos de público-alvo podem vir ter connosco para trabalharmos em conjunto.

 

Através destes projetos de capacitação da população local para o empreendedorismo, iremos contribuir para o desenvolvimento destes países, para o aumento das suas produções e para a redução da sua dependência do exterior.

 

No que diz respeito aos projetos em África, quais os próximos passos? 

Vamos identificar oportunidades de financiamento junto da União Europeia e do Instituto Camões para a África Ocidental, dirigindo-as para a Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe e Cabo Verde – onde a TESE já está instalada ou tem projetos – para capacitar pessoas locais para a iniciativa empresarial e fomentar o seu empreendedorismo e a criação do seu próprio negócio.

A TESE irá lançar de forma gradual programas de formação básica em ciências empresariais (noções de contabilidade, processos administrativos, gestão de stocks, etc.), identificando pessoas com potencial para empreenderem negócios a partir da prestação de serviços para os quais vão ser preparados. Os formadores da TESE terão depois programas de mentoria para acompanhar os formandos que lancem pequenas empresas sozinhos ou com sócios, ajudando-os a identificarem oportunidades de mercado. Haverá também sessões de marketing e de angariação de clientes, bem como apoio para elaborar candidaturas para financiamento com base em microcrédito.

Através destes projetos de capacitação da população local para o empreendedorismo – que já estão a ser implementados na Guiné e em São Tomé – iremos contribuir para o desenvolvimento destes países, para o aumento das suas produções e para a redução da sua dependência do exterior.

 

ONG TESE - Guiné Bissau

 

Para lá da TESE, existem os Territórios Criativos. Em que consiste este projeto?

Os Territórios Criativos, para além de um projeto, são uma empresa de consultoria, formação, apoio à gestão e inovação, focada nas áreas do empreendedorismo, estratégia e gestão. Estamos presentes em 116 territórios, distribuídos por seis países.

Em Portugal atuamos de norte a sul do país – incluindo Madeira e Açores – através do desenho, montagem e desenvolvimento de incubadoras e de centros de negócios, programas de formação para empreendedores, empresários e técnicos de municípios. Organizamos programas de curta duração, como “bootcamps”, e apoiamos organizações sociais, autarcas e autarquias a definirem a sua visão estratégica, privilegiando sempre territórios do interior de baixa e média densidade.

Atualmente, os Territórios Criativos contam com mais de 8.000 empreendedores envolvidos nas suas iniciativas e projetos e com 66 “bootcamps” realizados. Ao nível internacional, para além de alguma experiência no mercado angolano, temos projetos na Roménia e em Cabo Verde: são locais onde também prestamos apoio ao nível da consultoria, elaboração de planos estratégicos e planos de negócio.

Neste momento estamos a dinamizar o “Green UP”, um programa de ideação na área do Turismo. Procuram-se ideias inovadoras, com soluções interessantes para apresentar, quer a empresas do setor, quer ao consumidor final.

Essas soluções que irão ser propostas às empresas do setor turístico, deverão inspirar-se nos princípios da economia circular e cumprir as metas de sustentabilidade definidas pelo Turismo de Portugal. A valorização dos produtos e dos serviços endógenos, a sustentabilidade dos territórios e a promoção da economia circular são os pilares deste programa. O aumento de procura turística no interior só será bem aproveitado por novos empreendedores se os investimentos potenciarem os produtos e os serviços locais, ou seja: se qualificarem a oferta turística adaptando-a à identidade de cada território. Só com essas lógicas se conseguirá qualificar uma oferta turística que seja competitiva e sustentável nos tempos em que vivemos.

 

A TESE foi eleita para integrar a direção da plataforma portuguesa das Organizações Não-Governamentais para o Desenvolvimento – ONGD. Enquanto representante da TESE nesta plataforma, fale-nos um pouco sobre o que espera deste novo desafio.

A TESE tem vindo a participar na plataforma portuguesa das ONGD através de seminários, iniciativas e identificação de parceiros para candidaturas. Neste âmbito, fomos desafiados e entendemos que estávamos disponíveis para assumirmos um lugar na direção desta plataforma. Iremos trabalhar em diversos projetos, fazer advocacy e apoiar todas as ONGD portuguesas.

Destaco o evento que irá decorrer – em formato online, disponível para todos aqueles que queiram assistir – no próximo dia 12 de janeiro: “Por uma Europa aberta, justa e sustentável no mundo”. Irão ser apresentadas e debatidas as prioridades para a presidência portuguesa do Conselho da União Europeia, com especial foco nos temas priorizados pela sociedade civil resultantes de um processo de consulta realizado no quadro do projeto.

 

Com tanta ‘obra feita’, o que ainda lhe falta concretizar?

Ainda falta concretizar muita coisa. À semelhança do que acontece com o conhecimento – em que quando mais sabemos, mais percebemos que não sabemos nada e mais vontade temos de saber – também este fenómeno acontece com a concretização de tarefas: quanto mais fazemos, mais percebemos o que ainda há por fazer.

Portanto, falta trabalhar muito estas questões do desenvolvimento do empreendedorismo e da criação de negócios próprios, quer nos territórios portugueses de média e baixa densidade, quer nos PALOP-TL. Só assim haverá desenvolvimento da economia, aumento de produção e redução da dependência do exterior dos países em causa.

Luís Matos Martins 

Presidente da TESE e CEO dos Territórios Criativos.

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