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Animais, Planeta e Pessoas: Estes são os três pilares da NAE. Marca portuguesa de acessórios e calçado vegan, ecológico e ético. A sigla que deu origem ao seu nome deriva da sua missão de produzir artigos únicos, sem exploração humana ou animal.

“Aquilo que sentimos é que o calçado português é cada vez mais reconhecido em todo o mundo e o carimbo de qualidade é indiscutível”, partilha Paula Pérez fundadora da NAE, relativamente à perceção do selo Made In Portugal a nível internacional.

Quem é a NAE? De onde veio a ideia para criar esta marca?

A nae é uma marca vegan, ecológica e ética de calçado e acessórios. Foi criada em 2008 com o propósito de ser uma alternativa ética e sustentável ao calçado existente, adotando os princípios do veganismo à indústria do calçado. Veja mais sobre os três pilares da marca aqui.

calcado vegan

NAE: O que significa esta sigla e que mensagem pretende transmitir?

NAE é a sigla de “No Animal Exploitation” (Não à Exploração Animal). O nome transmite a nossa missão: propor uma alternativa amiga dos animais e contra a exploração humana. Os nossos sapatos e acessórios são 100% vegan. Nenhum dos produtos é feito de pele animal, pelo ou quaisquer outros subprodutos da carne. Optamos unicamente por materiais sintéticos, reciclados e naturais.

 

A NAE surgiu em 2008, numa altura onde a necessidade de adotarmos gestos mais sustentáveis ainda não estava tão disseminada. Como foi a reação das pessoas perante a vossa marca?

A nae surgiu numa altura em que pouco se falava do veganismo de uma forma geral. E muito menos se falava no veganismo no calçado. Por isso, a reação das pessoas foi de alguma estranheza mas também de muita curiosidade. Essa curiosidade foi muito importante para nós na altura porque permitiu-nos explicar que sapatos vegan não eram sapatos de plástico, e foi assim que fomos conquistando o nosso público. Na verdade, a curiosidade é muito importante para nós ainda hoje porque dá espaço à informação e à mudança.

mala vegan nae

 

Que tipo de produtos podemos encontrar na NAE? Têm algum best-seller?

Temos desde calçado desportivo até ao calçado mais clássico. Para complementar temos também vários tipos de acessórios como malas, carteiras, cintos e suspensórios. Os materiais que usamos são também variados e, portanto, podemos dizer que a nossa gama de produtos é bastante completa. Os nossos best-sellers são talvez os produtos mais descontraídos, não só por serem confortáveis, mas porque se conseguem adaptar a vários looks e ocasiões. Apostamos em coleções funcionais e confortáveis ​​com o objetivo claro de oferecer aos nossos clientes a oportunidade de encontrar num único par de sapatos o conforto e a versatilidade que procuram. Na nae acreditamos que ‘menos é mais’. Não é por acaso que é disso mesmo que a nossa coleção de verão fala. Por exemplo, as sandálias Bay são um modelo unissexo que foi produzido em 3 cores neutras, e que possui uma palmilha ergonómica que se adapta perfeitamente ao formato do pé.

 

Os materiais que utilizam para produzir o vosso calçado são bastante diversificados. Fale-nos um pouco sobre o tipo de materiais que mais utilizam. Como é feita essa escolha?

A nossa preocupação quando fazemos pesquisa de materiais é que o material seja 100% de origem vegetal, sustentável (quanto mais natural melhor), resistente o suficiente para calçado e produzido sem recurso à exploração humana. É um desafio interessante porque por vezes um material tem tudo o que queremos no que diz respeito à sua composição e aos níveis de sustentabilidade mas depois não é resistente e chumba no centro tecnológico do calçado. Já não podemos usar. Ou o material é extremamente resistente e a sua origem é 100% vegetal mas os níveis de sustentabilidade são baixos ou a sua produção é duvidosa. Já não usamos também. É muito difícil encontrar este equilíbrio que para nós é muito importante e para os nossos clientes também. É com esta pesquisa exaustiva que conseguimos garantir a qualidade a todos os níveis dos materiais que usamos.

calçado vegan

 

Se tivessem de descrever os vossos artigos com três palavras, quais escolheriam? E porquê?

Animais, Planeta e Pessoas porque são os três pilares da nae.

Animais porque não usamos materiais de origem animal em nenhum dos nossos produtos;

Planeta porque os materiais que usamos são sustentáveis e ajudam a minimizar o impacto no meio ambiente;

Pessoas porque valorizamos os direitos humanos e não apoiamos nenhuma empresa que pratique qualquer tipo de exploração humana.

 

A sustentabilidade não é só a nível ambiental, e a NAE sabe disso. De que forma garantem a ética laboral de quem trabalha com a marca?

Começamos por garantir a ética laboral na própria nae. Valorizamos cada membro, dando-lhe todas as condições laborais para que juntos possamos todos crescer. Porque somos uma equipa. Depois, a nossa relação com as fábricas e fornecedores. Os nossos sapatos são manufaturados em quatro fábricas no norte de Portugal, com as quais mantemos um contacto permanente. Tanto as fábricas como os espaços laborais associados à NAE Vegan Shoes são regidos por um protocolo de Higiene, Segurança e Saúde no trabalho e um Código de Ética e Conduta.

As nossas relações profissionais são estabelecidas com empresas, fornecedores e parceiros que privilegiam a ética laboral e valorizam os seus colaboradores.

cinto vegan nae

O calçado NAE é “Made in Portugal” e é exportado para todo o mundo. Na vossa opinião, como é percecionado este selo a nível internacional?

Ao longo destes 13 anos, aquilo que sentimos é que o calçado português é cada vez mais reconhecido em todo mundo e o carimbo de qualidade é indiscutível. E deixa-nos muito contentes saber que também a nae faz parte deste caminho de internacionalização do selo ‘Made in Portugal’. Aliamos a excelente qualidade da produção nacional a materiais sustentáveis e livres de crueldade animal. Isso só nos pode deixar orgulhosos.

 

Onde podemos encontrar o calçado da NAE à venda?

O nosso site foi a nossa primeira loja, a chamada loja virtual. É daqui que comunicamos para mundo. Hoje, para além do site, temos uma loja física em Lisboa, no LxFactory, e estamos prestes a abrir outra no Chiado.

foto nae

Paula Pérez

Criou a NAE em 2008 com seu marido, Alex. Nos últimos 13 anos têm desenvolvido a NAE no sentido de trazer mais sustentabilidade ao negócio da moda. Com mestrado em Gestão da Informação e licenciatura em Matemática Aplicada, Paula decidiu lançar a NAE vegan shoes para testar sua veia empreendedora e desenvolver um negócio com os valores com os quais se identifica.

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A SUMOL+COMPAL é uma marca que há muito tempo está presente na mesa dos portugueses, sendo uma empresa de destaque nos mercados de bebidas não-alcoólicas. Assumem que “a sustentabilidade faz parte de nós”, por isso fomos perceber melhor no que consiste esta afirmação.

Nesta conversa com Maria Martins, procurámos perceber que ações têm desenvolvido ao nível da sustentabilidade, de modo a responder aos desafios do mundo empresarial e consumidores cada vez mais exigentes.

A SUMOL+COMPAL diz, através do website, que “a sustentabilidade faz parte de nós”. Em que consiste na prática?

“É da Nossa Natureza deixar um legado sustentável para as gerações futuras, que sirva igualmente de homenagem àqueles que antes de nós, com o seu trabalho e dedicação contribuíram para que aqui pudéssemos ter chegado hoje.”

Na SUMOL+COMPAL vemos a sustentabilidade como uma fonte de oportunidades para fomentar o crescimento contínuo do nosso negócio e encaramos cada desafio como catalisador para a melhoria contínua da nossa atividade. Neste sentido, procuramos diariamente reduzir a nossa pegada ambiental, potenciar os nossos colaboradores e apoiar o desenvolvimento positivo da sociedade, ao mesmo tempo que inovamos para satisfazer os nossos clientes e consumidores e responder a uma realidade cada vez mais exigente.

A SUMOL+COMPAL trabalha os temas de sustentabilidade há vários anos, mas 2018 foi marcante para a empresa, com a revisão da sua estratégia de sustentabilidade e consequente publicação da sua Agenda de Sustentabilidade, para 2025. Esta Agenda de Sustentabilidade é o resultado de vários meses de trabalho interdisciplinar, em que foram envolvidas diferentes áreas e equipas da empresa a fim de criar uma estratégia completa, transversal e intrínseca a toda a SUMOL+COMPAL, ao mesmo tempo que está alinhada, e faz cumprir, uma importante parte do nosso propósito: “Orgulhamo-nos de contribuir diariamente para um mundo mais sustentável.” Adotando uma visão holística, de partilha e de longo prazo, a nossa Agenda de Sustentabilidade veio reforçar a criação de valor económico com um modelo de gestão mais responsável, que contribui de forma eficaz para o bem-estar societal.

sumol+compal imagem

Quais são os vossos compromissos a nível de sustentabilidade?

São vários (mais de 20), e seria longo elencá-los todos neste texto. Destaco, contudo, alguns, que, pela sua premência e atualidade nos parecem mais prioritários à data.

A nível de energia, queremos otimizar a sua utilização nas nossas instalações, ao mesmo tempo que promovemos a diminuição da emissão de gases de efeito de estufa ao longo da nossa cadeia de valor (instalações, frota, equipamentos de frio, distribuição externalizada, etc.). Temos como objetivo contribuir para o cumprimento da neutralidade carbónica mundial, pois acreditamos que “todas as emissões contam”.

No que refere a embalagens, a aposta é contribuir positiva e ativamente para uma economia mais circular, e para a redução dos impactos negativos indiretos que as nossas embalagens têm ao longo do seu ciclo de vida. Se por um lado estamos comprometidos, “dentro de casa”, a melhorar o ecodesign das nossas embalagens, por outro lado promovemos ativamente a separação e recolha seletiva dos resíduos pós-consumo, nomeadamente através de mensagens on pack e off pack das nossas marcas.

Em matéria de água, procuramos uma utilização cada vez mais sustentável e eficiente deste recurso no nosso processo produtivo, e pretendemos reforçar parcerias com stakeholders locais para uma gestão mais responsável nas comunidades onde nos inserimos. Ainda na esfera ambiental, comprometemo-nos a incentivar a produção local e de proximidade, e a contribuir para um fornecimento mais responsável das nossas matérias-primas.

Continuar a desenvolver os melhores produtos e desenvolver programas de nutrição positiva, é, e será sempre, o nosso compromisso para com os nossos consumidores, de forma a promover e contribuir para a adoção de uma dieta saudável e equilibrada, não apenas em Portugal, mas em todo o mundo.  Juntando conhecimento, arte, ciência e inovação, apostamos em produtos que promovam a saúde e bem-estar, ao mesmo tempo que vão de encontro às diferentes exigências de consumo.

Vamos, naturalmente, continuar a contribuir positivamente para o bem-estar dos nossos colaboradores, as Nossas Pessoas. Não esquecendo nunca a importância de nos envolvermos com a comunidade, e, juntos, podermos construir uma sociedade mais justa, informada e equilibrada.

 

De que forma esses compromissos se refletem nos vossos produtos e desenvolvimento de novos?

A Agenda de Sustentabilidade da SUMOL+COMPAL é uma peça transversal a toda a empresa, e, como tal, reflete-se na nossa atividade diária. E isso não é, naturalmente, exceção para as nossas marcas e produtos.

De facto, vários dos compromissos que temos em matéria de sustentabilidade declinam diretamente em objetivos para os nossos produtos, quer novos, quer já existentes. São exemplos disso: a cada vez maior procura por matérias-primas de fruta e vegetais de proximidade, o aumento da incorporação de materiais reciclados (nomeadamente plástico) e de materiais de fontes renováveis geridas de forma sustentável (cartão e bioplástico) que temos observado em várias das nossas embalagens, o ecodesign das nossas embalagens que visa a sua maior reciclabilidade e circularidade, o aumento da naturalidade e a redução contínua de açúcar adicionado dos nossos produtos, entre outros.

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Como gerem o fim de vida dos produtos? Dispõem de estratégias para a reciclagem?

A gestão dos resíduos gerados nas nossas instalações é feita em parceria com um operador especializado, que faz a recolha e correto encaminhamento dos mesmos.

Quanto ao fim de vida dos nossos produtos (ou seja, das nossas embalagens), apelamos a que os nossos consumidores façam a sua separação e deposição no ecoponto correto. Além da iconografia dos ecopontos que temos em todas as nossas embalagens, apostamos em várias mensagens on pack e off pack de incentivo às boas práticas de reciclagem – alguns exemplos são: “Não me trates como lixo. Sou 100% reciclável.” em Sumol; “Esta garrafa é 100% reciclável. É um recurso e não lixo. Deposite-a no ecoponto amarelo fechada com a tampa original.”, em Água Serra da Estrela, “Dê uma nova vida a esta embalagem.”, em Compal; entre outros. Também reforçamos esta comunicação nas redes sociais, e em materiais no ponto de consumo (como toalhetes, etc.).

Estamos, em paralelo, envolvidos no desenvolvimento e implementação dos Sistemas de Depósito e Reembolso a nível nacional, previsto entrar em vigor no início do próximo ano, e que reforçará o sistema nacional de recolha seletiva de resíduos de embalagem.

Ainda, numa ótica de economia circular, temos alguns produtos em embalagens de vidro reutilizáveis, que após consumo no ponto de venda, regressam às nossas instalações para serem lavadas e reenchidas.

 

Relativamente às embalagens da SUMOL+COMPAL, de que forma estas contribuem para um mundo mais ecológico?

A nível de desenvolvimento de embalagem, historicamente temos feito várias melhorias (otimização de peso, eliminação de material não essencial, etc.). Contudo, este compromisso tem ganho cada vez maior relevância dentro da SUMOL+COMPAL, não apenas com a aposta reforçada na incorporação de materiais reciclados (em particular plástico) e renováveis (nomeadamente cartão e bioplástico), mas também no ecodesign direcionado para aumentar a reciclabilidade e circularidade das embalagens no final do seu ciclo de vida.

Um exemplo recente, são as nossas novas embalagens de 1L de Compal Tetra Stelo™ Aseptic, que, compostas no mínimo por 86,5% de material de origem vegetal, são responsáveis por menos 20% de emissões CO2 quando comparadas com a referência de origem não vegetal. Além disso, pesam menos 14% do que a embalagem anterior, e a sua tampa provém de plástico de origem vegetal, produzido a partir da cana de açúcar.

 

A distribuição é um dos grandes desafios ambientais. Como gerem esta questão?

Sim, a logística de distribuição é responsável por uma importante “fatia” da pegada de carbono da SUMOL+COMPAL. Nesse sentido, e sabendo que a grande maioria desta distribuição é feita por operadores logísticos externos, o trabalho tem sido sempre feito em parceria. Apostando em software especializado, temos vindo a otimizar as rotas em todo o país ao longo dos anos, e, em paralelo, apostado na logística inversa.

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Que iniciativas têm desenvolvido de modo a contribuir para a sustentabilidade das comunidades?

Na SUMOL+COMPAL doamos anualmente cerca de 500.000 litros dos nossos produtos a entidades sociais de norte a sul do país, que visam a ajudar a colmatar necessidades de hidratação e nutrição. Procuramos estabelecer relações duradouras com estas entidades, de forma a garantir uma continuidade – mês após mês, ano após ano – deste apoio.

Em paralelo, respondemos proativamente a situações de “crise” nacional. Além do apoio em situações de incêndios, neste último ano o foco tem sido, naturalmente, a ajuda às entidades médicas que estão na linha da frente ao combate à pandemia por COVID-19, com entrega de Água Serra da Estrela e sumos Compal.

 

A SUMOL+COMPAL nasceu em Portugal, mas tem uma grande vocação internacional. Onde sentem que o vosso compromisso com a sustentabilidade é mais valorizado? Porque acham que tal acontece?

O nosso compromisso com a sustentabilidade é assumido de forma global pela empresa. É verdade que as prioridades em matéria de sustentabilidade são bastante diferentes quando estamos a falar com os consumidores em Portugal ou em África, por exemplo, mas tentamos trabalhar de forma transversal, adaptando-nos aos desafios mais específicos dos mercados onde atuamos.

Maria Sousa Martins

Nascida em Macau em 1988, a Maria viveu em Barcelona (Espanha), Ilha do Sal (Cabo Verde) e Paris (França), para além de Lisboa. Em paralelo, fez viagens pelos “quatro cantos do mundo”, que lhe trouxeram inúmeras e variadas experiências, que acredita fundamentais para o seu enriquecimento não só pessoal, mas também profissional.

As preocupações com estilos de vida responsáveis, a conservação ambiental, as alterações climáticas e outros temas relacionados com o desenvolvimento societal equilibrado são, e sempre lhe foram, intrínsecos a nível pessoal, mas não tem dúvida que a aposta numa formação específica em sustentabilidade foi absolutamente crucial para se tornar a profissional que é hoje.
A Maria tem formação em Biologia Marinha, que completou com um segundo mestrado em Ciências do Clima. Em 2014 completou uma pós-graduação em Gestão da Sustentabilidade, que, pelo seu cariz técnico e prático, lhe reforçou as suas competências para “gerir a sustentabilidade” de forma estratégica e transversal a nível empresarial.

Profissionalmente, abraçou vários projetos diferentes – trabalho de campo em proteção de tartarugas marinhas, análise de vídeos do fundo do mar, consultoria ambiental, organização de eventos sustentáveis – antes de se cruzar com aquele que considera o seu maior desafio até à data: trabalhar a estratégia de sustentabilidade da SUMOL+COMPAL

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Tiramos a curiosidade a quem pretende perceber de que forma uma marca com a dimensão da Makro incorpora a sustentabilidade no seu dia-a-dia, uma das principais empresas nacionais de distribuição grossista ao nível da comercialização de produtos alimentares e não alimentares.

Filipa Herédia, Communication & Engagement Manager da Makro, explicou-nos o compromisso da Makro com a transição para uma economia circular, onde se pretende eliminar o desperdício de produtos e materiais. Respondeu-nos, ainda, a algumas questões sobre de que forma a sustentabilidade está presente na estratégia corporativa e cadeia de valor da Makro, e que ações têm desenvolvido a nível da responsabilidade social, que se tornou uma necessidade ainda mais urgente na época atípica que atualmente vivemos.

De que forma uma marca com a dimensão da Makro incorpora a sustentabilidade no seu negócio e dia-a-dia?

Sustentabilidade, para nós, significa mais do que questões ecológicas e sociais: sustentabilidade é uma questão de atitude e uma forma de trabalhar. Orienta a forma como fazemos negócios e é parte integrante de nossa estratégia corporativa.

A Makro Portugal encontra-se empenhada em construir um futuro onde a sustentabilidade ambiental seja, de facto, uma realidade não só na sua operação, mas também, na dos seus clientes, fornecedores e toda a sua esfera de atuação.

Desta forma e a título de exemplo, podemos inclusivamente referir que nos encontramos empenhados na redução da utilização do plástico. Até 2023, em conjunto com os restantes países do GRUPO METRO, pretendemos economizar 300 toneladas de plástico e até 2025 ambicionamos capacitar os nossos clientes de ferramentas para reduzir a sua pegada ecológica.

Este é um processo que já vem sendo traçado desde 2014, ano em que a Makro Portugal começou a disponibilizar alternativas ao plástico provenientes de fontes renováveis, compostáveis e biodegradáveis, que não interferem na cadeia de abastecimento alimentar. Através de algumas destas matérias, os clientes Makro podem contar com uma gama completa de soluções alternativas ao plástico a preços competitivos, como palhinhas, talheres, pratos, copos, sacos.

Por outro lado, o ano passado, desenvolvemos uma parceria com a Lota Digital, através da qual os nossos clientes podem usufruir do peixe mais fresco, com qualidade garantida, capturado exclusivamente por pescadores tradicionais portugueses.

Através do marketplace online B2B da Lota Digital, a Makro pode comprar pescado nacional diretamente aos pescadores aderentes e, com essa iniciativa, reforçar o apoio à economia nacional e local. Oferecer aos nossos clientes o melhor sempre foi para a Makro uma prioridade. Se a este objetivo juntarmos a revitalização da economia em torno da pesca tradicional portuguesa, temos então o melhor de dois mundos. Na Makro estamos muito empenhados em disponibilizar aos nossos clientes produtos de qualidade provenientes de todas as esferas, com especial foco nos portugueses, naturalmente. Somos um país muito rico a nível de produtos e diversidade alimentar. Por isso a nossa gastronomia tem uma qualidade indiscutível. Com esta parceria ganhamos em qualidade, oferta, transparência e rastreabilidade, contribuindo ainda para a sustentabilidade da pesca tradicional portuguesa.

Por outro lado, existe já uma enorme preocupação por parte da empresa em procurar fornecedores que tenham eles, também, esta questão, bem presente nas suas linhas de produção. Trata-se de um trabalho conjunto que estamos a desenvolver. Se todos nos esforçarmos, então os resultados serão efetivamente compensadores.

 

É cada vez mais evidente a necessidade de utilização consciente de matérias-primas, desde a redução do desperdício à reciclagem dos produtos no fim de vida. Que iniciativas têm desenvolvido neste sentido?

A Makro trabalha para o 12º Objetivo de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas, que visa o Consumo e Produção Responsáveis. Por isso, estamos comprometidos com a transição para uma economia circular, na qual produtos e materiais circulam para eliminar o desperdício.

As próximas metas passam por aumentar a consciencialização entre colaboradores e clientes para mudar padrões de consumo, otimizar os processos de gestão de resíduos e oferecer pontos de recolha nas lojas para aumentar a taxa de recolha e reciclagem, trabalhar com os fornecedores para disponibilizar aos clientes uma gama de produtos e soluções sustentáveis, otimizar as embalagens das marcas próprias para reduzir o seu impacto ambiental, impulsionado pelo princípio dos 3R – “reduzir, reciclar, renovar”.

O futuro prepara-se no passado e faz-se no presente – esta frase ilustra bem o trabalho que tem sido desenvolvido pela MAKRO Portugal. Ao participar desde 2014 na METRO PLASTIC INICIATIVE, em conjunto com 12 países do GRUPO METRO, contribuímos para a otimização de 11.000 embalagens nas nossas marcas próprias, para a redução de 400 toneladas de material. Neste último ponto, em particular, a makro conseguiu encontrar alternativas ao PVC em 100% das embalagens nas suas Marcas Próprias (Metro Chef, Metro Professional, ARO e Rioba), substituindo um plástico considerado ’problemático’ pelos resíduos tóxicos resultantes da sua produção e eliminação.

Os nossos clientes podem assim assumir a responsabilidade e contribuir ativamente para a preservação dos ecossistemas locais. A Makro compromete-se a apoiar os seus clientes durante o período de transição dos plásticos de uso convencional com informações sobre como usar e descartar os materiais alternativos com eficiência.

 

A Makro lançou recentemente a campanha “Mais Rentabilidade” onde, entre outros tópicos, aborda a importância de reduzir o desperdício alimentar. Fale-nos um pouco sobre esta campanha.

Agora que os negócios do setor Horeca começam o caminho progressivo do desconfinamento e tendo em conta as grandes dificuldades pelas quais o setor passou e ainda se encontra a passar, pensamos que esta é, sem dúvida, uma campanha que os irá apoiar a evitarem o desperdício e a serem mais rentáveis, não apenas na diversificação das suas cartas, como até mesmo do ponto de vista da gestão financeira dos seus negócios. Acreditamos que reduzir o desperdício alimentar é um passo fundamental para a sua sustentabilidade.

Caminhar ao lado dos nossos clientes é um dos nossos princípios. Aliás, o seu sucesso é o nosso negócio, e agora mais do que nunca. Por isso mesmo, desenvolvemos esta campanha, em parceria com o Chef Paulo Pinto, sendo acompanhada do lançamento de um catálogo exclusivo makro – “Mais Rentabilidade para o seu negócio”, onde o Chef deixa algumas dicas de utilização, confeção e rentabilização de diversas proteínas como: o camarão, o bacalhau, o polvo, o atum, o salmão, a pescada, o frango, o pato e o borrego.

É possível encontrar também os pratos mais confecionados em Portugal, bem como o respetivo foodcost estimativo. Estas sugestões são elaboradas por José Lino, Gastroconsultor da makro, de forma a evitar o desperdício e a rentabilizar a sua utilização, preparação e confeção.

distribuição grossista

A sustentabilidade está presente ao longo da cadeia de valor? Se sim, de que forma?

Tem cada vez mais que estar. Tem que ser um esforço concertado de todos. Por exemplo, os negócios de restauração e hotelaria querem oferecer aos seus clientes experiências únicas ligadas, entre outras, a determinados aspetos regionais ou culturais. Para eles, produtos orgânicos e responsáveis estão entre os principais meios para se diferenciar dos demais. Ao mesmo tempo, esses produtos estão no centro da transformação dos desafios mundiais em torno do consumo e da produção sustentáveis.

Na makro disponibilizamos um sortido abrangente, que ajuda os nossos clientes a diferenciarem-se eles próprios dos seus clientes e a corresponder às necessidades das gerações atuais e futuras, destacando-se pela utilização sustentável de recursos.

Por outro lado, no grupo incorporamos no nosso sortido a produção sustentável de alimentos, por meio da interação e colaboração com produtores, fornecedores e clientes onde podemos encontrar respostas para as perguntas e desafios de hoje e de amanhã.

Enfim, temos uma série de iniciativas a correr que abrangem toda a cadeia de valor de forma a oferecermos ao longo de toda a linha soluções que sejam sustentáveis também muito do ponto de vista ambiental. É uma preocupação intrínseca a todo o grupo.

 

Um dos desafios da sustentabilidade é o conhecimento dos consumidores. Como têm comunicado o vosso compromisso?

Através de campanhas de incentivo à consciencialização para as temáticas da sustentabilidade.

Por exemplo, todos os anos lançamos, em conjunto com alguns dos nossos fornecedores, a campanha Water Initiative, desenvolvida pelo Grupo Metro – ao qual a Makro pertence – e que pretende sensibilizar clientes, colaboradores e a sociedade em geral para a escassez da água e para a necessidade de haver um consumo racional, ponderado e responsável. Tem como objetivo aumentar a consciência social para a escassez e contaminação da água, influenciar clientes para que sejam mais sustentáveis e reforçar o papel da Makro enquanto empresa sustentável.

A Makro tem a particularidade de ser um negócio grossista e por esse motivo as nossas comunicações de sensibilização, tal como a campanha Mais Rentabilidade, são muito focadas nos nossos clientes, e não tanto nos consumidores, como fazem outras insígnias de retalho. Ainda assim procuramos dar visibilidade ao que estamos a fazer, mas principalmente queremos fazê-lo através dos nosso fornecedores e clientes.

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Em que medida a sustentabilidade também está presente na comunicação interna da Makro?

Na makro todas as nossas decisões são regidas pelos nossos princípios Orientadores, que estão interligados com a forma como trabalhamos diariamente: Liderar pelo Exemplo, Poder dos Relacionamentos, Faço Acontecer, Negócio Sustentável, Sucesso do Cliente. Nas nossas comunicações, os nossos princípios estão sempre presentes. Por exemplo num programa de reconhecimento, o Programa Mais, onde os colaboradores são nomeados por outro colaboradores, temos vários exemplos de como ao vivermos os princípios tomamos decisões que impactam o negócio, comunidade, planeta.

 

Referem no vosso website que a responsabilidade social é um tema de destaque para a Makro. Que passos têm dado com propósito?

Temos desenvolvido uma série de ações ao nível da responsabilidade social. É, de facto, um pilar no qual assenta a missão da empresa. Especialmente em tempos de pandemia como os que estamos a viver foram desenvolvidas uma série de ações, como:

  • ”Alimentar a Saúde

Organizado pelo chef Rui Silvestre, em conjunto com os Chefs Noélia Jerónimo, Vasco Coelho Santos, Rodrigo Castelo, Marco Gomes e a Rede de Emergência Alimentar, visou distribuir refeições aos mais carenciados a sul, norte e centro do país. Neste projeto a makro Portugal foi, maioritariamente, responsável pelo fornecimento de bens alimentares necessários para a confeção das refeições pelos vários chefs, a nível nacional. Esta ação foi estruturada a partir dos Bancos Alimentares, e encontrou-se assente em Instituições de Solidariedade Social, Juntas de Freguesia e outras entidades que prestam apoio.

“Alimentar a Saúde” teve início a 21 de março e, foram distribuídas no total mais de 14 mil refeições à população mais necessitada, de que são exemplo famílias carenciadas, crianças institucionalizadas, lares e profissionais de saúde, entre outros.

  • Projeto “É Um Restaurante”

Iniciativa da Associação Crescer que consiste em dar formação profissional e emprego a pessoas em situação de sem-abrigo, e que todos os dias distribui 200 refeições a pessoas nesta situação, em Lisboa.

Este espaço serve refeições, mas serve também esperança: nele só trabalhavam pessoas em situação de sem abrigo que ganham neste espaço a hipótese de serem reintegrados na sociedade, não só ganhando independência como conseguindo também, aos poucos, ser reinseridos no mercado do trabalho.

  • Comunidade “Ao seu Lado”

Projeto lançado a 26 de março de 2020, pela Endered, com o objetivo de ajudar a promover pequenos e médios estabelecimentos alimentares que continuam ativamente a disponibilizar bens alimentares, através de entregas em casa ou de serviços de takeaway.

Com mais de 700 estabelecimentos inscritos, a iniciativa “Ao seu Lado” teve como objetivo ajudar os comerciantes aderentes para que estes consigam reduzir os custos operacionais de aquisição de produtos, mas também ajudar as pessoas que utilizam a plataforma.

Este projeto pretendeu que as pessoas não deixassem de recorrer aos restaurantes e ao comércio tradicional, para que estes conseguissem manter a sustentabilidade do seu negócio.

  • Exército Português

Demos poio com equipamento e alimentos para refeições rápidas do CAM (Centro de Apoio Militar Covid-19), no antigo Hospital Militar de Doenças Infectocontagiosas.

  • Doação de embalagens e descartáveis takeaway, bem como produtos para confecionar e distribuir refeições para os Hospitais Santa Maria e Beatriz Ângelo

Colaboração com a Refood, Banco Alimentar, Bombeiros, entre outras instituições de Norte a Sul do País.

  • Ações regionais

A Makro está atenta a todos os pedidos que chegam diariamente para doações junto das nossas lojas e sempre que possível faz doações junto da comunidade local, como é exemplo os Bombeiros de Carnaxide, CSP de Nossa Srª. da Conceição, CASA, em Albufeira, Acreditar, Celium e APPACDM em Coimbra, Aldeias SOS em Vila Nova de Gaia, Caminho em Matosinhos,

A responsabilidade social sempre foi um pilar muito importante para a makro Portugal, tomando-se numa necessidade ainda mais urgente numa época tão complexa como a que todos vivemos atualmente.

Foto Perfil Makro

Filipa Herédia

Communication & Engagement Manager da Makro

Licenciada em Gestão de Marketing pelo Instituto Superior de Comunicação Empresarial e iniciou a sua carreira profissional em 2004 numa start-up ligada à área de publicidade e eventos. Posteriormente iniciou o seu percurso na área de comunicação numa agência de consultoria e nos últimos 8 anos fortaleceu a sua experiência como Corporate Affairs Manager Ibérica na área do grande consumo.

Com um percurso consolidado de mais de 15 anos no setor da comunicação e marketing, a responsável possui ainda uma visão estratégica robusta, a par de competências pessoais e profissionais que serão seguramente uma mais valia para a empresa em Portugal.

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A Green Turtle nasce com o desejo de ser uma voz ativa na divulgação de um estilo de vida e consumo mais conscientes. Hoje é fácil deixarmo-nos levar pelo greenwashing. Por isso é fundamental desmistificar ideias associadas à sustentabilidade e transmitir informações corretas.

Os seus fundadores, Vanessa Lopes e Jorge Mendes, partilharam connosco no que consiste a sua missão de espalhar uma mensagem de consciencialização, bem como 5 dicas que consideram fundamentais e fáceis de aplicar para quem pretende criar hábitos mais sustentáveis.

Green Turtle: em que consiste este projeto? De onde veio a ideia?

A Green Turtle é uma loja online que, como gostamos de dizer, para além de vender produtos sustentáveis, é mais do que um negócio, é como uma missão, um espalhar de mensagem e um alertar de consciências. O projeto foi lançado em março de 2020 por nós, Vanessa e Jorge, mas já tinha nascido na nossa mente há, pelo menos, dois anos.

Olhamos para a Green Turtle como uma extensão de nós e fruto da nossa educação e vivências: enquanto escaladores e amantes da natureza, damos muita importância ao impacto que as nossas decisões enquanto consumidores têm no ambiente que nos rodeia. Não somos de extremos, acreditamos em pequenas mudanças, sabemos que alterar hábitos de consumo exige o seu tempo. Queremos contribuir para estimular o consumidor a pensar em cada escolha que faz e a medir o impacto das suas decisões. Pequenos passos para um futuro mais sustentável e mais verde.

A Green Turtle nasce de um desejo comum, de fazer mais e melhor, seja nas ações do nosso dia a dia, seja como profissionais. Sempre tivemos o desejo de criar algo nosso, mas queríamos criar algo com sentido, com um propósito.

Este projeto foi lançado no início da pandemia, mas já estava pensado há mais tempo. Pensaram em adiar o lançamento? Quais foram os principais desafios que encontraram?

Não foi de todo o início que tínhamos idealizado. Precisamente na semana de março que iniciámos o confinamento, era a semana que tínhamos pensado lançar a Green Turtle. Tínhamos tudo pronto, mas dada a incerteza da situação ainda adiámos a decisão por 2 semanas por acharmos se fazia sentido lançarmos uma loja no meio do caos que se estava a viver. O desejo de abrir a loja era grande e percebendo que não seria uma situação passageira, arriscámos.

Procuramos sempre o momento certo para fazer algo que queremos muito, mas a verdade é que não existe o momento perfeito.

 

Que tipo de produtos podemos encontrar na Green Turtle? Como selecionam as marcas que vendem?

Na Green Turtle podem encontrar produtos para reduzir o plástico e o desperdício. Temos uma gama variada de produtos para várias áreas como a cozinha, casa, higiene, cosmética e escalada. Podem encontrar desde champôs sólidos, a pastilhas dentífricas, produtos de limpeza para casa ou magnésio de escalada em embalagens sem plástico. Algo que temos vindo a fazer desde a abertura da loja é diversificar ainda mais a nossa oferta de produtos, mas é um processo gradual de crescimento.

Procuramos sempre marcas que partilhem dos mesmos valores que nós. Tentamos que todos os produtos sejam sustentáveis em todos os aspetos, desde os ingredientes e materiais utilizados, ao processo de produção, embalagem e distribuição.

Os produtos que encontram na loja são previamente testados por nós. Apenas colocamos online aquilo que acreditamos que funciona. Tipicamente, para escolhermos um fornecedor fazemos uma primeira encomenda como cliente final para percebermos como funciona o embalamento e o produto. Posteriormente, entramos em contacto com o mesmo para obter mais informação sobre o produto e o seu processo de produção. Por vezes, esta relação com os fornecedores acaba por ser um trabalho conjunto e evolutivo, onde existe uma troca de ideias.

Consumo

Reaproveitam diferentes materiais para enviarem as encomendas. Falem-nos um pouco sobre o vosso packaging.

Para enviar as encomendas utilizamos maioritariamente caixas e enchimento reutilizado. Reutilizamos caixas que recebemos dos nossos fornecedores, caixas que família e amigos nos dão ou de clientes que as devolvem. Muitas vezes também transformamos caixas grandes em mais pequenas, fazemos autênticas cirurgias.

Mas isto não significa que não tenhamos usado já caixas novas e que não as tenhamos de ter connosco. As encomendas são todas diferentes, com necessidade de tamanhos diferentes.

Nem sempre conseguimos reutilizar uma que encaixe naquela encomenda em específico e não faz sentido enviar uma caixa grande com um produto pequeno cheia de enchimento. Por isso, quando não conseguimos fazer grandes transformações, utilizamos novas.

Como devem calcular, todas as encomendas são enviadas sem plástico e com fita de papel reciclável.

Qual é a vossa proposta de valor? De que forma se diferenciam da concorrência?

Quando olhamos para o mercado, não olhamos para a concorrência como concorrência até porque muitos são nossos parceiros desde o dia zero. Quando lançámos a Green Turtle tínhamos muitas referências que nos serviram de inspiração e esse sentimento não mudou. A área da sustentabilidade está em crescimento e queremos fazer parte dele. Queremos ser uma voz ativa na divulgação de um estilo de vida e consumo mais conscientes.

Na Green Turtle trabalhamos para que os nossos clientes fiquem satisfeitos em todo o processo de compra: no cuidado dos produtos que disponibilizamos, nos detalhes que colocamos em cada encomenda e no acompanhamento que fazemos no apoio ao cliente.

Há ideias e projetos para o futuro que estão no forno e que temos muita vontade de lançar assim que seja viável.

 

Apesar da consciencialização que hoje existe sobre a necessidade de alterarmos o nosso comportamento, algumas pessoas ainda demonstram receio em comprar produtos mais sustentáveis. Por vezes isto deve-se ao desconhecimento sobre os mesmos. Que estratégias adotaram para contrariar esta situação?

O que tentamos fazer é informar e fazer o consumidor questionar as suas opções. Partilhamos não só informações dos produtos que vendemos, mas também demonstramos quais as suas vantagens face às alternativas mais comuns e descartáveis. Algo que também gostamos de partilhar, são ideias e dicas que podem aplicar, mesmo sem comprar produtos.

Sentimos que, de repente, surgiu um boom em redor da sustentabilidade, o que é ótimo. Mas também é importante distinguir o que é certo do que é errado, desmistificar ideias e conseguir transmitir informações corretas. E isto pode ser algo complicado, mesmo para nós. É fácil sermos apanhados pelo greenwashing, por isso é importante mantermos um sentido crítico.

 

Através das redes sociais da Green Turtle costumam partilhar sugestões para um estilo de vida mais sustentável. Que dicas podem partilhar com quem pretende reduzir o consumo de plástico e a quantidade de desperdício que gera?

A melhor dica que podemos deixar é utilizarem e darem uma segunda vida ao que já têm em casa. Um erro comum é começar a trocar tudo por alternativas sustentáveis e sem plástico. O ideal é mesmo utilizarmos os produtos até ao fim e só depois irmos fazendo trocas. Ou seja, deve ser um processo gradual e que não se pretende que seja de um dia para o outro.

Deixamos aqui 5 dicas que podem aplicar facilmente:

  1. Utilizar sacos reutilizáveis nas compras. Basta vasculhar as gavetas lá em casa e de certeza que vão encontrar uns saquinhos que podem usar.
  2. Substituir os guardanapos de papel por reutilizáveis.
  3. Utilizar uma garrafa reutilizável em vez das descartáveis. Quem diz uma garrafa reutilizável, diz reutilizar um frasco de vidro para o propósito.
  4. Aproveitar a água de aquecer o banho para descargas de autoclismo, lavar o chão, regar plantas, cozinhar ou lavar a loiça.
  5. Melhorar o planeamento de refeições, começando por uma lista de compras. Comprar apenas o que é preciso, nas quantidades necessárias e congelar tudo o que não se consumir.

Jorge Mendes

As viagens permitiram-lhe olhar para o mundo de uma forma diferente. Algumas cidades europeias fizeram-no olhar para as questões da mobilidade e planeamento urbanístico com um sentido mais crítico e exigente, do ponto de vista do impacto que tem no ambiente e na nossa saúde. Numa viagem à Índia foi confrontado com a dura realidade do plástico e do lixo urbano. Na verdade, reconhece que não precisava de ter sido saído do sofá para perceber qual é a nossa realidade.

Tem vários interesses onde a escalada está no topo. Para ele a escalada é medo e prazer, é verde, amarelo, azul, castanho…

 

Vanessa Lopes

De uma maneira ou outra, a sustentabilidade sempre esteve presente ao longo da sua vida. Foi apenas há alguns anos atrás que o Jorge lhe apresentou o mundo da sustentabilidade e, desde então que, abraçou esta jornada. Para além da sustentabilidade, tem outros interesses e hobbies, como a prática da escalada onde valoriza o contacto com a natureza, o desafio e a descoberta de sítios que de outra forma não descobriria. Gosta ainda de se aventurar a fazer yoga, viajar e comer.

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Conscientes da quantidade de lixo e desperdício gerado diariamente, a Pegada Verde surge pela necessidade de alterarmos os nossos hábitos. Numa altura onde as pessoas não estavam despertas nem para o tema da sustentabilidade nem para fazer compras online, este projeto cresceu a acreditar que pequenos gestos fazem grande diferença.

À conversa com Sofia Catarino, Co-Fundadora da Pegada Verde, procurámos perceber quais os principais desafios enfrentados e como podemos começar já hoje a reduzir a nossa pegada ecológica.

A Pegada Verde já conta com mais de 10 anos de existência. Como surgiu a ideia de criar este projeto e no que consiste?

Em 2007 eu (Sofia) e o Sérgio vivemos durante 1 ano em Nova Iorque e, durante esse ano, todos os dias saíamos à rua e encontrávamos uma muralha de lixo à porta de casa.

A quantidade de desperdício criado diariamente era impressionante e, quando voltámos a Portugal, vínhamos mais sensíveis ao tema da sustentabilidade.

Em 2009, estávamos com amigos a ler um artigo sobre a jornalista Canadiana, Vanessa Farquharson, que falava do seu blog “Green as a Thistle” e do seu livro “Dormir Nu é Ecológico” em que, durante um ano, a jornalista foi introduzindo diariamente uma nova medida ecológica na sua vida. Depois desse dia compreendemos que podíamos fazer muito mais no nosso dia a dia e a ideia começou exatamente aí: com pequenos gestos podemos fazer a diferença.

Começámos a procurar soluções ecológicas que pudéssemos incluir na nossa rotina diária e fomos encontrando produtos muito interessantes. Foi aí que pensámos que seria boa ideia partilhar esses produtos com todas as pessoas que tivessem igualmente interesse em adotar comportamentos mais sustentáveis. E assim surge a Pegada Verde!

Para nós era claro, queríamos trabalhar na área da sustentabilidade, queríamos trabalhar com marcas que promovessem um estilo de vida saudável, que permitissem a reutilização e que esteticamente fossem apelativas, para que quem as usasse tivesse orgulho em mostrá-las.

Considerando que surgiu numa altura onde a preocupação com a sustentabilidade ainda não era tão notória, quais foram as maiores dificuldades para criar esta plataforma?

Em 2009 as pessoas não estavam despertas nem para o tema da sustentabilidade, nem para fazer compras online. Essas foram as grandes dificuldades.

A grande maioria das pessoas não via motivos para mudar os seus hábitos e, por isso mesmo, foi um processo nem sempre fácil, mas que colocou à prova a nossa capacidade de resiliência!

Apesar de todas a dificuldades iniciais, apostámos tudo na Pegada Verde porque acreditávamos que era este o caminho e aos poucos conseguimos mudar mentalidades e comportamentos. Felizmente hoje em dia o tema da sustentabilidade está na ordem do dia.

 

Como é feita a escolha dos vossos parceiros?

Todas as marcas com que trabalhamos respeitam elevados padrões de qualidade, são isentas de substâncias tóxicas e, por isso, podem ser reutilizadas vezes sem conta. Temos ainda em consideração todos os processos de produção, o respeito pelas pessoas e pelo ambiente. Privilegiamos marcas que, por exemplo, façam compensações carbónicas, que sejam zero emissions, B-Corps e/ou fair trade.

Julgamos que a comunidade que nos segue confia nas nossas escolhas e é isso que queremos continuar a fazer – dar a conhecer, partilhar o mais que podemos e permitir que os nossos seguidores façam as suas escolhas de mudança em consciência.

Que tipo de produtos podemos encontrar na Pegada Verde? Têm algum best-seller?

Notamos um interesse transversal em diferentes áreas, o que nos deixa bastante felizes, uma vez que significa que as pessoas estão a adotar várias medidas sustentáveis na sua rotina diária. Existe um grande interesse pela cosmética e higiene pessoal, produtos de limpeza do lar, crianças e on the go.

Felizmente temos conseguido aumentar a nossa oferta, e apresentar produtos cada vez mais interessantes pelas suas características e pelo seu design. É muito bom perceber que existem cada vez mais marcas a oferecerem soluções sustentáveis e que conseguimos apresentar cada vez mais opções.

 

Qual o perfil dos vossos clientes? Como o caracterizam?

Os nossos clientes são maioritariamente do sexo feminino, entre os 25 e os 44 anos. São pessoas informadas e com preocupações relativamente à sustentabilidade e origem dos produtos.

 

Hoje em dia a sustentabilidade é um tema que está na ordem do dia. Ainda assim, sentem que as pessoas ainda têm receio de comprar determinados produtos considerados “mais verdes”?

Não diríamos que é receio, mas ainda existe algum desconhecimento, que procuramos esclarecer e ajudar na tomada de decisão.

 

Em 2018 lançaram o vosso primeiro produto de marca própria. No futuro pretendem lançar novas coleções próprias?

Em 2018, a Pegada Verde lançou o seu primeiro produto de marca própria, a Fair Straw, uma palhinha de aço inoxidável totalmente produzida em Portugal.  Mais recentemente, em 2020, lançámos a nossa marca de cosmética natural a NAUA – Natural Care, uma marca artesanal, feita em Portugal e que originalmente surgiu com champôs sólidos, mas que pretendemos muito em breve alargar a sua gama de produtos. Temos planos para novas marcas e tipos de produtos, é uma característica que faz parte do nosso ADN.

 

Que dicas podem dar a quem, tal como vocês, pretende tornar a sua pegada mais verde e adotar um estilo de vida mais sustentável?

A verdade é que não acordamos um dia e nos tornamos os supra-sumos do ambiente. Começa como a maior parte das mudanças duradouras: devagarinho.

Podem começar por levar um saco para as compras e por deixar de beber água engarrafada. Ou começar a optar por produtos naturais e biológicos, deixar de desperdiçar comida, e comprar roupa de forma consciente. Estes podem ser pequenos gestos que nos vão moldando.

Acreditamos que cada pessoa deve fazer o seu caminho, dando sempre o seu melhor.
Somos pelo compromisso, pelo positivismo, até porque a sustentabilidade não tem de ser angustiante, tem de ser um momento feliz, que nos torna melhores no nosso dia a dia.

Sofia Catarino

Co-Fundadora da Pegada Verde

Nasceu em Lisboa e cresceu em Manique, nos arredores do Estoril. Estudou psicologia, mas só trabalhou 6 meses na área. Aprendeu que a nossa área de formação não nos define, apenas nos ajuda a orientar para as oportunidades que vão surgindo. Tem 2 filhos pequenos, que a desafiam sempre a ser uma pessoa melhor.

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Consumimos mais, dependemos do carro e a consequência é o desperdício e poluição. Como controlar? Smart Cities e Pagamentos mobile.

Lê a entrevista a Andreia Pancho, com conceitos centrais do que são Smart Cities, bons exemplos como Melbourbe e Barcelona, e que tecnologias estão a ser usadas. Além de perceber o impacto futuro que os pagamentos mobile terão.

 

 

Tens vindo a desenvolver a sua carreira na área das tecnologias. Qual o impacto que as tecnologias, nomeadamente de sensores inteligentes, podem vir a ter nas denominadas smart cities?

A relevância das smart cities é absolutamente indiscutível, considerando o fenómeno que tem sido a urbanização, assim como as evidentes perspetivas de crescimento. O conceito de smart city assenta no desenvolvimento sustentável das cidades através do recurso à tecnologia, tendo como áreas de incidência focos que podem ir desde a mobilidade até à gestão de desperdício. Este crescimento sustentável tem uma relação de simbiose com a tecnologia e os sensores inteligentes têm tido um papel fulcral. Estas tecnologias baseadas em IoT (internet of things) são dotadas de características que possibilitam monitorizar, identificar e retificar ineficiências para uma otimização do funcionamento das cidades, nas mais variadas áreas de incidência.

 

Vários municípios, por exemplo Melbourne na Austrália, já conta com um sistema de recolha de lixos inteligente, com rotas otimizadas em função do estado em que se encontram os contentores. Tecnologicamente como é que funcionam estes processos?

O aumento exponencial do consumo é uma realidade, assim como o consequente desperdício, e a gestão desta problemática revela-se como um desafio que tem de ser colmatado. O sistema de recolha de lixo inteligente implementado em Melbourne é um excelente exemplo da utilização da tecnologia para o desenvolvimento sustentável e melhoria dos serviços nas cidades. Esta solução, através de sensores inteligentes, permite identificar a capacidade dos caixotes do lixo e, consoante este nível, identificar se a recolha é necessária ou não, permitindo a otimização da rota de recolha.

 

smart city - melbourne

 

Um outro benefício da utilização de sensores inteligentes é por exemplo poder-se controlar o tráfego numa cidade mais eficazmente e até detectar infrações pois estes sensores permitem ler matrículas e reconhecê-las. Há procura por este tipo de soluções?

O desenvolvimento crescente de soluções baseadas em IoT é evidente, assim como o interesse pelas mesmas. No caso concreto das smart cities, a utilização de sensores inteligentes para controlo de tráfego é uma solução particularmente interessante pelo facto de incidir sobre uma das áreas mais relevantes, que é a mobilidade.

Existe efetivamente a necessidade de soluções deste género para tornar a mobilidade mais eficiente e sustentável, e algumas cidades já têm soluções desta natureza em curso. A procura por estas soluções depende do nível de maturidade “smart” da cidade em questão, sendo que acredito que, num futuro próximo, iremos assistir a uma maior disseminação e adoção de sensores inteligentes para controlo de tráfego.

 

Os municípios colocam cada vez mais na sua agenda política questões como a mobilidade sustentável. Que soluções tecnológicas existem para esta finalidade?

O fenómeno da urbanização tem levantado diversos desafios, e um dos principais é sem dúvida a mobilidade. É um tópico que está na agenda política dos municípios devido à influência que exerce na qualidade de vida dos cidadãos e ao impacto ambiental.

A mobilidade urbana ainda assenta significativamente na dependência dos automóveis, o que conduz inevitavelmente a congestionamentos no trânsito e a emissões poluentes, sendo necessário um plano para uma mobilidade mais eficiente e sustentável.

De um ponto de vista global, já existem soluções inteligentes direcionadas para esta matéria e que podem ser um passo em direção a uma mobilidade mais sustentável. O conceito de mobility as a service tem emergido com aplicações que permitem aglomerar serviços de partilha de veículos, bicicletas e outros meios de transporte.

A par disto, já existem soluções baseadas em IoT que permitem uma gestão eficiente do estacionamento, através de dados que são recolhidos e permitem otimizar a localização de estacionamento, evitando congestionamentos.

No que diz respeito à mobilidade existem várias soluções a serem desenvolvidas para colmatar estas dificuldades, recorrendo a tecnologia IoT.

 

Que outros exemplos ao nível de soluções tecnológicas e smart cities gostaria de destacar?

Uma das cidades que tem tido um rumo interessante em direção à materialização das smart cities é Barcelona. Trata-se de uma cidade que teve necessidade de se reinventar, definiu uma estratégia que passa por uma transformação onde a tecnologia assume um papel fundamental.

Visando um crescimento económico sustentável e a melhoria da qualidade de vida dos cidadãos, Barcelona tem vindo a implementar soluções que a tornam como uma referência no que diz respeito às a smart cities. Algumas das soluções que se podem destacar são sistemas de semáforos eficientes do ponto de vista energético, soluções de recolha de lixo inteligentes, assim como sistemas de irrigação que permitem identificar o momento adequado para o processo de rega.

pagamento mobile

Fizeste uma dissertação de mestrado sobre pagamentos mobile. Os pagamentos mobile são uma opção mais sustentável quando comparados com pagamentos tradicionais?

O conceito e a própria materialização do pagamento por mobile podem diferir consoante a customer journey. Esta pode iniciar-se no próprio dispositivo móvel, sendo que o mais frequente é o smartphone, e passar por todo o processo em digital ou ser iniciado numa loja física, por exemplo, e recorrer-se ao smartphone para o pagamento ser realizado com tecnologia NFC (Near Field Communication), um método contactless.

Comparativamente aos pagamentos tradicionais, além de fomentar eficiência e conveniência, promove a desmaterialização. A utilização de pagamentos por mobile reduz significativamente a circulação de papel, contribuindo para uma sociedade mais sustentável.

 

Os portugueses têm vindo a adoptar mais pagamentos mobile, por exemplo NFC? 

A adoção dos pagamentos por mobile tem vindo a aumentar significativamente nos últimos anos, em grande parte como consequência da disseminação do e-commerce, sendo uma evolução natural dos métodos de pagamento tradicionais. Este crescimento acentuou-se, ainda mais, no decorrer deste período de pandemia, uma vez que os constrangimentos provocados pela Covid-19 alteraram os padrões de consumo e consequentes métodos de pagamento.

A tecnologia NFC, em particular, teve um papel relevante no boom dos pagamentos por mobile devido às suas funcionalidades que lhe dotam de conveniência, fiabilidade e segurança. É um fenómeno global, mas se validarmos os dados associados às tecnologias contactless, verificamos que os portugueses estão no topo no que diz respeito ao recurso a estas tecnologias, assistindo-se a um aumento evidente face a um período pré-covid.

 

Quais são as barreiras que ainda podem existir?

Para os nativos digitais a adoção dos pagamentos por mobile, ou de natureza contactless, é quase inata, não existindo barreiras que pelo menos sejam significativas, a este método de pagamento.

O que se verifica é que a perceção acerca da segurança se pode manifestar como uma barreira para gerações anteriores e a falta de literacia acerca da temática contribui para a problemática. A Covid-19 agiu como um catalisador para a adoção deste método de pagamento e alguns receios relativo à segurança foram ultrapassados, por necessidade.

A tendência é os pagamentos por mobile e de natureza contactless serem uma evolução natural e inevitável aos métodos de pagamento tradicionais, pelo que futuramente as barreiras que ainda existem terão cada vez menos relevância.

 

Acredita que a disseminação dos pagamentos mobile veio para ficar após a pandemia ou é um fenómeno circunscrito?

Os pagamentos por mobile não são apenas uma tendência transitória, vão passar efetivamente a ser uma realidade. E as razões não assentam apenas nas consequências resultantes da pandemia, que evidenciaram a necessidade das funcionalidades utilitárias deste método de pagamento. O smartphone tem cada vez mais influência no autoconceito e extensão do “eu”, e se formos avaliar as motivações referentes à intenção de reutilização. Isto é, a intenção de continuar a utilizar o pagamento por mobile, uma das principais motivações é a compatibilidade com o estilo de vida.

p’A realidade é que estes dispositivos fazem parte do quotidiano de todos, e a customer journey dos consumidores inicia-se, em várias instâncias, no próprio dispositivo, e a tendência futura será centralizar atividades passíveis para tal no smartphone, não só pela transformação digital a que se tem assistido, mas também pelo papel que assume no próprio estilo de vida do consumidor.

 

Andreia Pancho 

Curiosa pela realidade empresarial, licenciou-se em Gestão pela Lisbon School of Economics and Management (ISEG). Durante esse percurso apaixonou-se pela vertente estratégica do Marketing e ingressou no mestrado nesta área. O seu percurso profissional tem incidido sobre o segmento B2B e, atualmente, desempenha funções de marketing na área das tecnologias.

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De que forma a Realidade Aumentada pode apoiar a Sustentabilidade? Foi isso que fomos perceber numa entrevista à Vanessa Hipólito, que realizou uma dissertação de mestrado sobre o tema. Deixamos algumas pistas: reduzir devoluções; reduzir stocks; marcas sustentáveis que potenciam vendas com ela.

Fizeste uma dissertação de mestrado sobre realidade aumentada. Vamos começar pelo início: o que é realidade aumentada?

Apesar de ser um conceito bastante emergente e conhecido nos dias que correm, a tecnologia de realidade aumentada existe já há mais de uma década. Contudo, tem sido ao longo dos últimos anos, mais precisamente desde 2016 com o lançamento da aplicação Pokémon Go, que esta tecnologia tem vindo a ganhar importância e popularidade, não só junto dos seus utilizadores, como também das marcas e empresas.

Esta tecnologia consiste na capacidade de sobreposição de informações e objetos virtuais, gerados por um computador, sobre um ambiente físico real. É possível de ser implementada com recurso a uma câmera integrada num dispositivo móvel, como um smartphone ou um tablet, dispositivos cada vez mais comuns e  indispensáveis no nosso quotidiano. Distingue-se das restantes tecnologias não só pela sua interatividade, mas essencialmente pela possibilidade de interação em tempo real.

Apesar de ser considerada uma vertente da realidade virtual, e muitas vezes confundida com a mesma, estas duas tecnologias oferecem experiências muito diferentes. Enquanto que a realidade virtual consiste numa experiência totalmente imersiva, a realidade aumentada permite ao utilizador observar em simultâneo o mundo real e virtual, oferecendo assim uma experiência muito mais ampla e abrangente.

2020 e 2021 são anos marcados pela pandemia e pelo “boom” do digital. Nota esta evolução na adoção da tecnologia de realidade aumentada por parte das marcas?

Se antes existia uma clara distinção entre os mundos online e offline, atualmente estes dois mundos parecem começar a fundir-se num só. Este fenómeno denominado por phygital, alinhado ao forte crescimento da adoção de smartphones e outros dispositivos móveis, vem despontar a importância da adoção de inovações tecnológicas, como a realidade aumentada, por parte das marcas e empresas.

Contudo, e apesar de ser uma preocupação verificada ao longo dos últimos anos, este é sem dúvida o grande momento de aposta no que diz respeito ao digital. Não só é o momento em que muitas marcas e empresas se viram obrigadas a “fechar portas” e precisam de marcar presença no digital de forma a conseguir continuar a chegar junto dos seus consumidores, como também é o momento em que o consumidor passa mais tempo em casa, está predisposto a despender mais tempo conectado a tecnologias, assim como a aprender a trabalhar e estar mais informado sobre as mesmas.

Desta forma, e com uma concorrência atual praticamente infinita no mercado digital, as marcas e empresas precisam de conseguir diferenciar-se, junto do consumidor, e acima de tudo conseguir auxiliá-lo e ajudá-lo no momento de decisão de compra, surgindo assim uma preocupação pelo desenvolvimento da melhor experiência de compra online possível. E como tudo isto é possível? Com recurso à tecnologia de realidade aumentada.

ASPORTUGUESAS, são o exemplo de uma marca portuguesa de calçado de cortiça criada por Pedro Abrantes, que desenvolveu durante o confinamento uma aplicação de realidade aumentada que permitiu aos seus clientes experimentar virtualmente os vários modelos sapatos disponíveis. Apontando a câmera de um dispositivo móvel para os pés, o cliente estava automaticamente calçado e poderia caminhar normalmente, uma vez a aplicação estava desenvolvida para acompanhar o movimento do andar, procurando aproximar o mais possível a experiência virtual da realidade.

Este é apenas um exemplo entre as muitas marcas e empresas, não só grandes como pequenas, que implementaram esta tecnologia como forma de contornar a pandemia. Desta forma, garantem assim não só o acompanhamento das tendências e evolução tecnológica, como a capacidade de criar experiências autênticas, únicas e inesquecíveis, respondendo às necessidades cada vez mais exigentes impostas pelos consumidores.

Como é que um e-commerce pode tirar partido da realidade aumentada?

Apesar das vendas online verificarem ao longo dos últimos anos um crescimento exponencial, e em especial desde o primeiro confinamento em março de 2020, são ainda bastantes as dificuldades e limitações existentes no momento de compra online por parte de muitos consumidores.

A impossibilidade do consumidor ver, tocar ou experimentar o produto é sem dúvida uma das principais, senão maior dificuldade e limitação em comprar online. Contudo, com recurso à tecnologia de realidade aumentada esta dificuldade pode ser facilmente contornada e ultrapassada.

Quando se fala de ferramenta de apoio à compra online, a realidade aumentada é sem dúvida uma das mais relevantes e mais valorizadas inovações tecnológicas.

Esta permite eliminar a barreira existente entre os mundos físico e digital, disponibilizando ao consumidor a possibilidade de experimentar virtualmente o(s) produto(s) desejado(s), quer em si mesmo, quer num espaço físico. Desta forma, esta experimentação virtual permite ao consumidor não só aumentar os níveis de confiança e satisfação no(s) produto(s) experimentado(s) e visualizado(s), como consequentemente na marca. Uma vez que é possível obter uma imagem muito próxima daquilo que será o resultado final desejado, mesmo  antes de adquirir o(s) produto(s), permitirá ainda minimizar os riscos inerentes à compra online.

Desta forma, a utilização da tecnologia de realidade aumentada no e-commerce permitirá assim não só criar uma experiência de compra online única e inesquecível, como aumentar a taxa de conversão e o volume de vendas. Uma vez satisfeito com a sua experiência online, o cliente compra e volta a recomprar, quer online, quer offline.

 

Realidade Aumentada

 

No que à sustentabilidade diz respeito, a realidade aumentada permite a experimentação virtual de artigos, reduzindo por isso o número de devoluções. Acredita que a realidade aumentada pode contribuir para vendas mais sustentáveis? Dê-nos mais alguns exemplos?

Muitas vezes as devoluções e/ou trocas ocorrem porque, ou o consumidor compra online e não tem a possibilidade de experimentar o produto antes de este chegar a sua casa, ou o consumidor está em loja e não tem tempo, paciência ou necessita efetivamente de o levar até sua casa para o experimentar.

Em qualquer uma das situações descritas, a realidade aumentada pode ajudar a diminuir o número de devoluções e/ou trocas.

Como referi anteriormente, esta tecnologia permite ao consumidor experimentar o(s) produto(s) virtualmente e de forma mais rápida e acessível, mesmo antes de o(s) adquirir. Desta forma, no momento efetivo da compra o consumidor já está consciente do seu resultado final, minimizando assim a possibilidade de troca ou devolução futura do mesmo.

Consequentemente, e alinhado à diminuição da taxa de trocas e/ou devoluções, no que diz respeito à sustentabilidade, permitirá minimizar ou mesmo eliminar outros desperdícios inerentes a este processo.

Especificamente, permitirá reduzir a utilização de sacos ou de caixas utilizadas nas trocas e/ou devoluções de compras quer offline, quer online. Por outro lado, e ainda ao nível da sustentabilidade, permitirá em vários setores diminuir o número de protótipos necessários em loja física e consequentemente os materiais e custos relacionados com a produção dos mesmos.

Estes são apenas alguns exemplos de como a tecnologia de realidade aumentada poderá contribuir para tornar o processo de venda mais sustentável, e consequentemente, contribuir para vendas mais sustentáveis.

 

Que ingredientes deve ter uma experiência de realidade aumentada para ser impactante junto do consumidor?

No desenvolvimento de uma experiência de realidade aumentada é fundamental ter em consideração ingredientes-chave como o registo, isto é, o alinhamento entre os objetos ou informações virtuais e o ambiente real, a interatividade ou a acessibilidade.

O consumidor espera ter uma experiência o mais aproximada possível à realidade, com gráficos de elevada qualidade, em HD e 360, onde os objetos tenham as dimensões proporcionais ao espaço onde estão inseridos.

Adicionalmente deve existir uma elevada preocupação com a capacidade do consumidor interagir com os objetos na aplicação, conseguindo redimensioná-los, movimentá-los ou ajustá-los, em tempo real, de modo a conseguir obter o resultado final o mais próximo possível do desejado.

E por último, mas não menos importante, estas aplicações devem ser intuitivas e acessíveis, não exigindo ao consumidor muito tempo de aprendizagem para conseguir utilizar a aplicação e usufruir de toda a experiência na sua plenitude. Apesar de grande parte dos consumidores serem tecnologicamente informados, são ainda muitos os que começam agora a explorar o mundo digital, sendo fundamental conseguir alcançar todos eles independentemente do seu grau de conhecimento da tecnologia.

 

Uma marca pode utilizar realidade aumentada para explicar ao consumidor o seu compromisso com a sustentabilidade? Se sim, dê-nos alguns exemplos de marcas que o fizeram? 

A realidade aumentada pode também também ser implementada através de QR Codes. Estes códigos são lidos, com recurso a uma câmera integrada num dispositivo móvel, que automaticamente permite ao consumidor aceder a um conjunto de informação adicional. Esta informação pode ser disponibilizada nos mais diversos formatos, como vídeos, fotografias, texto, entre outros.

Estes códigos podem, assim, ser utilizados pelas marcas e empresas nos seus produtos para fazer chegar aos seus consumidores mais informação, além da descrita no mesmo, de forma intuitiva e interativa.

Muitas marcas utilizam QR codes para divulgar campanhas de sustentabilidade e explicar o seu compromisso com a mesma. A Tetra Pack no Brasil, por exemplo, procurou através da colocação de QR Codes nas suas embalagens de leite educar o consumidor, de forma lúdica e divertida. O consumidor, através da leitura deste código conseguia posteriormente interagir com uma personagem digital que contava histórias sobre o processo correto de reciclagem das embalagens ou o processo de fabricação de novos produtos.

realidade aumentada sustentável

 

Desenvolver uma experiência de realidade aumentada é algo complexo? E em termos de custos?

A complexidade de desenvolvimento de uma experiência de realidade aumentada, assim como os custos inerentes ao mesmo, estão diretamente relacionadas com o objetivo final da mesma. Estes objetivos variam de acordo com, por exemplo, funcionalidades desejadas, quantidade de produtos disponibilizados ou qualidade dos gráficos e/ou imagens. Pelo que, é praticamente impossível standardizar um processo de desenvolvimento de uma experiência de realidade aumentada, pois cada caso é um caso.

Contudo, a aceitação desta tecnologia por parte dos utilizadores é bastante alta, o que garante um bom retorno quando o investimento é bem aplicado.

A longo-prazo, a aplicação de realidade aumentada permitirá às empresas que a empreguem, não só reduzir custos relacionados com a loja física, mas também aumentar o seu volume de vendas, quer online, quer offline.

 

A realidade aumentada pode contribuir para a criação de experiências omnichannel no retalho? Em que sentido? 

Uma boa experiência omnichannel é fundamental para o sucesso de qualquer empresa. Garantir uma comunicação consistente em todos os canais de comunicação entre a marca e o consumidor permitirá aumentar não só os níveis de  satisfação, como a confiança e a imagem da marca perante o seu público.

Apesar de muitas vezes a customer journey dos consumidores ser iniciada e finalizada num único canal – online ou offline –, existem múltiplas situações em que o consumidor inicia a sua jornada num canal e a finaliza noutro, pelos mais diversos motivos. Quer o consumidor inicie a sua jornada em loja e finalize online, quer o consumidor escolha o produto online e dirija-se até uma loja física para efetivar a compra, é importante garantir uma experiência consistente nos diversos contactos que existem entre o consumidor e a marca.

No retalho, a tecnologia de realidade aumentada vem permitir eliminar as barreiras existentes entre os vários canais, tanto online ou offline. Permite assim oferecer uma experiência muito idêntica online àquela que até então o consumidor só poderia usufruir em loja física, otimizando assim a experiência em qualquer canal. D

esta forma, a realidade aumentada permitirá ao consumidor, através de plataformas de e-commerce não só ter acesso a informação como visualizar virtualmente o produto, tal e qual como em loja. Adicionalmente, a tecnologia de realidade aumentada pode ainda ser utilizada em loja física, auxiliando o consumidor não na experimentação do produto, mas por exemplo, também com a disponibilização de mais informação necessária para efetivar a compra.

Vanessa Hipólito - realidade aumentada

Vanessa Hipólito

Tem 24 anos e são os novos desafios que a alimentam diariamente. Após terminar a sua licenciatura em Gestão, no ISEG, procurou “fugir” à monotonia dos números e encontrou a sua verdadeira paixão, numa escolha que se veio a revelar numa das melhores da sua vida – especializar-se em Marketing. Decidiu assim ingressar no mestrado em Marketing, igualmente no ISEG, onde desenvolveu a sua dissertação sobre um tema até então muito pouco explorado e aprofundado – a realidade aumentada e o desenvolvimento do relacionamento consumidor-marca.

Atualmente, enquanto trainee na empresa Leroy Merlin, abraça um desafio relacionado com o conceito phygital, onde tem a oportunidade de conciliar duas das áreas pelas quais é apaixonada, Inovação e Marketing.

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Na Indústria Têxtil existe em Portugal uma empresa que se destaca no percurso de sustentabilidade que tem feito, ao nível de uso de materiais, processos produtivos e certificações obtidas, além de prémios internacionais. Chama-se Tintex e falámos com o seu CEO, Ricardo Silva.

A Tintex nasceu como uma empresa de tingimento de tecidos e evoluiu para a criação de têxteis próprios, através do Lyocell. O que diferencia este material?

O Lyocell que utilizamos na produção das nossas malhas é originário da Europa, onde é transformado em fibra através de um processo muito limpo, sem emissões perigosas, pelo nosso parceiro industrial Lenzing, na Áustria. As malhas que produzimos com esta fibra magnífica distinguem-se pelo toque sedoso, brilho discreto e luxuoso, cair fluído e frescura singular. 

Fomos pioneiros, nos inícios do século, na produção e transformação de malhas em Lyocell, estabelecendo uma parceria muito próxima com a Lenzing, que dura até aos dias de hoje.

Desenvolvemos, na altura, uma tecnologia especial e revolucionária que permite transformar esta fibra em materiais luxuosos e de conforto para poderem ser vestidos por todos nós, aguentando inúmeras utilizações sem estragar ou ganhar “borboto”. 

 

A Tintex destaca a sustentabilidade na sua apresentação. O que faz dos vossos têxteis únicos e sustentáveis? 

Com um forte posicionamento na inovação sustentável, conseguimos implementar tecnologias têxteis que nos posicionaram como uma empresa mundialmente diferenciada no setor, com um foco claro no conforto e durabilidade dos materiais têxteis, com superfícies muito sedosas e aspeto contemporâneo e tecnológico. 

A suavidade, as superfícies limpas, o brilho luxuoso e o aspeto sóbrio e intemporal das nossas coleções fazem com que os clientes sejam capazes de reconhecer os produtos TINTEX mesmo que estes não estejam identificados. Isto é algo em que temos muito orgulho, mas que por si só nunca foi suficiente para nós. Porquê? Porque não basta ter produtos esteticamente diferenciadores se isso não for feito de mãos dadas com a sustentabilidade.

 Para a TINTEX, isso representa muito mais do que trabalhar com fibras orgânicas ou recicladas. É algo que deve estar presente em todas as fases do produto produtivo, desde a escolha de fornecedores certificados, produtos certificados, fibras certificadas e rastreáveis, processos internos certificados, gestão de efluentes, maquinaria de ponta com foco na otimização de consumos energéticos, monitorização constante da pegada de carbono. De um ponto de vista mais humano e de sociedade entendemos que é o nosso compromisso em sermos sempre melhores, em fazermos as escolhas mais acertadas para o ambiente e para as pessoas, em nunca dizermos “chega” mas sim encararmos a sustentabilidade como um processo contínuo, uma jornada que nunca terminará. 

 

Tintex - sustentabilidade

 

Trabalham com materiais eco-friendly, como soja, bamboo e milho. Como os incorporam no produto final e quais as vantagens do seu uso?

Sempre procurámos ingredientes novos, que nos proporcionassem as características certas para os nossos materiais. Em tempos, de facto, experimentámos fibras provenientes de soja, bamboo e milho. Atualmente, continuamos a explorar uma delas, a que provém do milho, que tecnicamente tem o nome PLA (em português, tem um nome estranho, Ácido Polilático). 

 

Em 2014 receberam a certificação GOTS para algodão orgânico com o projeto ALGO.NATUR. O que representa esta certificação e qual a importância das certificações neste setor?

O projeto ALGO.NATUR foi o nosso primeiro grande projeto de Inovação e Desenvolvimento estruturado e com equipas externas multidisciplinares, começado em 2013, que tinha como objetivo o tingimento de têxteis usando apenas plantas e vegetais. Até aos dias de hoje, teve várias evoluções e continuações, incluindo uma marca registada e uma patente internacional, que nos orgulha muito.

O início da certificação GOTS (Global Organic Textile Standard) ocorreu, na mesma altura, em 2014, e representou uma nova jornada na aposta da Tintex em materiais e processos sustentáveis, utilizando ingredientes biológicos, sem pesticidas químicos. É um sistema de certificação muito conhecido e reputado no mundo têxtil e da moda. 

A partir daí, ganhámos conhecimento profundo e montámos um sistema de gestão integrado e complexo que atua sobre produtos químicos, ingredientes têxteis e a sua utilização inteligente, para continuarmos a cimentar o nosso caminho de produção responsável para todos nós. Aqui estão listados todos estes referenciais: ISO 9001, ISO 14001, NP 4457, STeP by Oeko-tex, Bluesign, Oeko-tex standard 100, GOTS, OCS, GRS.

 

tintex - empresa sustentável

 

Têm o projeto Picasso, que foi vencedor do Prémio Techtextil Innovation Award, na categoria de Sustentabilidade. No que consiste este projeto? 

O Projeto Picasso foi a evolução do projeto Algo.Natur que falámos anteriormente e que deu origem à tecnologia COLORAU, um processo revolucionário e patenteado de tingimento que apenas utiliza componentes de origem natural e vegetal. Os tons baseiam-se em cores terra e quentes, encontradas na Natureza, como é o caso do Castanheiro, por exemplo. 

 

O vosso cliente é quem comercializa ao cliente final. Sentem da parte dele maior procura por soluções sustentáveis? Auditam o vosso processo?

Sem dúvida. Notamos, a cada dia que passa, uma procura e exigência por soluções melhores, mais sustentáveis, processos mais transparentes e rastreáveis até à origem. Para as marcas emergentes (e mesmo já existentes), dizer que a t-shirt é feita de algodão orgânico ou reciclado já não basta.

A nova geração de consumidores exige saber mais acerca daquilo que está a comprar e porque o deve comprar – é preciso saber a história por detrás do produto, as suas certificações, o que a sua produção envolveu, o que a torna a melhor opção em detrimento da peça ao lado.

Mas é exatamente graças a esta busca pela transparência que a Indústria Têxtil evolui, é puxada para fora da zona de conforto e forçada a repensar processos e produtos e tudo o que estes envolvem e por isso, a nosso ver, é algo crucial e muito benéfico. 

Em relação às auditorias, sim temos auditorias de clientes, tanto sociais como na vertente ambiental. Alguns clientes também solicitam determinadas certificações como validação das nossas práticas (certificações essas que disponibilizamos sempre).

 

 

Nos últimos anos investiram mais de 10 milhões de euros em inovação. No que consistiu este investimento?

Investimos mais de 26 milhões de Euros em inovação, mais concretamente: na contratação de recursos humanos especializados; na aquisição de maquinaria com tecnologia de ponta que nos permite obter excelentes consumos energéticos e de produtos químicos; no desenvolvimento de tecnologias de acabamento; em inúmeros projetos de I&D (a tecnologia COLORAU é um exemplo disso); e na modernização da nossa comunicação e ferramentas de marketing. Graças a este investimento, conseguimos alinhar ainda mais quem somos com o que de melhor fazemos todos os dias. 

 

tintex

 

A Sustentabilidade existe também no vosso funcionamento enquanto empresa? Controlam a vossa pegada ecológica?

A Sustentabilidade e Inovação fazem parte do ADN da Tintex, desde a sua génese, tanto nos processos como nos produtos.

Sendo uma empresa deslocada do centro têxtil tradicional, foi este ADN o factor diferenciador que a fez destacar-se da concorrência. Atualmente temos várias certificações que validam estas práticas e nos vinculam em metas com uma forte redução ecológica, aliadas a projetos de IDI. STeP by Oeko-tex e Bluesign são certificações exigentes e específicas da área têxtil, abordando requisitos tanto a nível de ambiente como de responsabilidade social. 

Os nossos compromissos e metas atingidas nos últimos anos, como:

  • Instalação de painéis solares para a produção de energia;
  • Redução de 30% no consumo de água e energético com substituição das máquinas produtivas por novos equipamentos de última geração, mais eficientes energeticamente e com necessidades menores de consumo de água;
  • Substituição de produtos químicos e desenvolvimentos de alternativas ao tingimento convencional por exemplo, demonstram o nosso caminho de redução da pegada ecológica.

 

Têm ações na área da responsabilidade social?

Sim, temos! A Tintex é investidor Social da Ação MEERU – Abrir Caminho; doa 10% do valor das vendas às iniciativas do Drip by Drip, cuja ação se concentra na limpeza da água em países fortemente industrializados, mas pouco desenvolvidos, como o Bangladesh. A empresa revê também as suas atividades na abordagem baseada nos Dez Princípios do Pacto Global das Nações Unidas.

 

Sendo industriais e tendo a sustentabilidade muito incorporada no vosso ADN, que conselhos dariam a outras indústrias portuguesas?

Dar conselhos é sempre algo delicado, mas aquilo que podemos dizer, com base na nossa experiência, é que o investimento na sustentabilidade é um investimento acertado no futuro, não só da Indústria, mas do nosso planeta. Acreditamos verdadeiramente que este é o único caminho que nos pode levar a um amanhã melhor, mais limpo, mais positivo, deixando uma herança saudável para todos os que virão a seguir a nós. Se não evoluirmos em conjunto, esquecendo as nossas diferenças, se não tomarmos as escolhas mais acertadas HOJE, poderemos não ter um amanhã saudável e bom para os nossos filhos.

 

Existe alguma ação, produto ou processo que não destácamos nesta entrevista e que consideram importante de realçar na vertente sustentável?

As indústrias produtoras e o consumidor estão ligados mais do que nunca. Cada um de nós, enquanto pessoa, tem curiosidade em perceber como são produzidas as coisas que compramos e consumimos. Nós acreditamos que essa ligação, de forma transparente e fácil, é o clique que está a transformar a forma como compramos, enquanto valorizamos cada vez mais as experiências e as pessoas envolvidas em todos os processos, para que sintamos total confiança nas nossas “coisas”.

Na TINTEX, temos esta visão muito presente, temos um foco estratégico nesta ligação com as pessoas que nos rodeiam e que estão apenas à distância de um clique. Assim com o passar dos tempos, a TINTEX vai estar cada vez mais próxima de todos nós.

ricardo silva

Ricardo Silva 

CEO Tintex

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Os vinhos da Adega Mayor nascem do sonho do Comendador Rui Nabeiro e são perpetuados no trabalho que Rita Nabeiro tem feito. Numa adega desenhada por Siza Vieira, que respira Alentejo e incorpora a sustentabilidade na essência e produção. Está tudo na entrevista.

Vinhos Adega Mayor - Adega

A Adega Mayor é um sonho do Comendador Rui Nabeiro. Quando sentiram que era o momento de passar do sonho para a realidade? 

O meu avô, desde sempre empreendedor e apaixonado pelo mundo do vinho, queria recuperar a tradição vitivinícola no Alentejo, mais concretamente em Campo Maior, terra que foi perdendo esta cultura com a passagem do tempo.

Assim, e de forma a inverter esta tendência, os primeiros passos para a construção do projecto vinícola tiveram início com a plantação das primeiras vinhas em 1997, na Herdade da Godinha. Dez anos mais tarde, em 2007, foi inaugurada a Adega Mayor.

Um projecto singular desenhado pela mão do arquiteto Siza Vieira, a primeira adega de autor do país, que veio reforçar o caráter pioneiro do Grupo Nabeiro ao mesmo tempo que traz mais riqueza quer industrial, quer patrimonial para a região.

 

Siza Vieira foi o arquiteto escolhido para desenvolver a Adega Mayor. De que forma está o Alentejo incorporado no projeto? 

Pelas linhas simples e depuradas do seu desenho, pelos materiais e técnicas usadas na construção, claramente inspirados na alvura das casas alentejanas e que se traduzem em grandes muros caiados que rasgam o chão, aos materiais da região como os mármores de Vila Viçosa e Estremoz.

A Adega Mayor deixa brilhar o que de melhor temos em Campo Maior: a paisagem de um Alentejo interminável, onde o horizonte se estende no infinito. A sobriedade dos seus traços, reforça a identidade da Adega Mayor: a união entre contemporaneidade e o profundo respeito pelos valores do Alentejo e pela natureza.

 

O que caracteriza os vinhos da Adega Mayor? 

Os vinhos da Adega Mayor são vinhos que convidam a abrir os sentidos para o que se faz de “Mayor” no Alentejo. Frescos e minerais pela proximidade das vinhas à Serra de São Mamede, são os solos graníticos e o clima temperado, que lhes conferem a sua elegância, frescura e singularidade.

São vinhos que surpreendem por conseguirem aliar a subtileza da sua composição à intensidade e caráter dos vinhos do Alentejo. 

 

Têm algum vinho que se destaque dos outros? 

É difícil responder a essa questão. Todos os nossos vinhos primam pela qualidade mas acima de tudo, todos eles são indicados para diferentes perfis e situações de consumo.

Posso destacar três vinhos de três gamas diferentes:

  1. O AM Touriga Nacional pela sua frescura e carácter marcante;
  2. O AM Reserva do Comendador (seja tinto ou branco) pelo sua nobreza e consistência ao longo dos anos;
  3. O Grande Reserva Pai Chão, que é uma homenagem ao meu avô e fundador da Adega Mayor. Trata-se de um vinho que só existe em anos de exceção, quando a natureza e o homem se encontram.

Cada garrafa abre um novo mundo, são vinhos diferentes para circunstâncias distintas.

 

A exportação é uma parte importante da Adega Mayor. Sendo Portugal uma referência internacional na produção de vinhos (11º maior produtor a nível mundial e 8º exportador), em que países mais se destaca e que perceção têm os consumidores internacionais do vinho português?  

Além do mercado nacional a Adega Mayor está presente em diferentes países com destaque em França, Suíça, Luxemburgo, Alemanha, Reino Unido, Dinamarca, Angola e Brasil.

A reputação internacional dos vinhos produzidos em Portugal tem vindo a evoluir no sentido positivo e o aumento das exportações comprovam-no, assim como as várias distinções conquistadas nos melhores concursos de vinho internacionais. No entanto considero que ainda há muito trabalho a fazer do ponto de vista da valorização da marca Portugal.

 

Vinhos Adega Mayor - Colheita

 

Os vinhos orgânicos tiveram um crescimento de 20% em França e 15% em Itália nos últimos 7 anos. Como veem esta tendência? 

Nos últimos anos assistiu-se a um aumento da dinâmica do sector vitivinícola, nomeadamente através do surgimento de novos conceitos e é nesse sentido que surge esta tendência internacional na procura de vinhos orgânicos. Esta tendência não é exclusiva do sector vitivinícola, mas é o reflexo de uma preocupação dos consumidores de produtos que sejam bons para a saúde e para o planeta. Temos este fator em consideração e em breve apresentaremos o nosso primeiro vinho orgânico.

 

Ao nível do sabor, que diferenças um consumidor encontra num vinho natural ou orgânico?

Depende muito do tipo de vinificação do produtor, mas diria que a maioria procura intervir o mínimo no vinho, evitando estágios intensos em madeira. Nesse sentido, tendencialmente encontramos um perfil mais leve frutado na maior parte dos vinhos orgânicos.

 

O consumidor de vinho tem as preocupações ambientais e sociais incorporadas na sua escolha? 

Existem diferentes tipos de consumidores de vinho, no entanto os consumidores mais exigentes são aqueles que relevam preocupação por adquirir um vinho de produção sustentável, que reconhece um conjunto de boas práticas económicas, sociais e ambientais.

 

Vinho Adega Mayor

 

A Adega Mayor, na sua missão, refere “entregar às próximas gerações uma terra melhor que a que encontrámos”. Como está a sustentabilidade e o lado social incorporados na vossa produção? 

A sustentabilidade ambiental é parte integrante do negócio da Adega Mayor, porque os nossos resultados dependem do seu equilíbrio.

Alinhada com o propósito de reforçar a sustentabilidade no seu negócio e nos processos envolventes, em 2016 a Adega Mayor aderiu ao PSVA, um programa diferenciador que visa construir uma estratégia de rede sobre sustentabilidade para a produção vitivinícola da região do Alentejo, incentivando à prática de abordagens inovadoras na produção de vinho, que levem à correta utilização do meio ambiente e à conservação de recursos naturais e biodiversidade. 

Desta forma, contribui para o combate às alterações climáticas ao mesmo tempo que promove o desenvolvimento económico e social da região.

A Adega Mayor assume ainda o compromisso claro de contribuir ativamente para estimular o crescimento económico sustentável da região do Alentejo, ao apostar cada vez mais em soluções eco eficientes, capazes de responder eficazmente às problemáticas socioambientais geradas pelos atuais modelos de desenvolvimento.

Desta forma, trabalhamos no sentido de minimizar os impactos ambientais de ano para ano, como a gestão da água, da energia e dos resíduos na adega.

Neste sentido, a Adega Mayor apresenta uma constante preocupação em obter a máxima eficiência em todo o processo produtivo, pensando sempre no futuro e nas próximas gerações.

Rita Nabeiro - Vinho - Adega Mayor

Rita Nabeiro 

CEO Adega Mayor

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O Azeite tem um papel central na gastronomia portuguesa e faz sucesso além fronteiras. Fomos falar com a Monterosa, uma marca algarvia que já recebeu diversos prémios internacionais, para perceber como a sustentabilidade é incorporada no processo produtivo.

 

 

Como surgiu a ideia de criar azeites de qualidade superior com a marca Monte Rosa?

Os Viveiros Monterosa têm como a sua atividade principal a produção de plantas ornamentais, atividade que já dura há mais de 40 anos. O interesse pela produção de azeite só apareceu muito mais tarde (em 2006) e resulta da necessidade de converter um laranjal, que cultivávamos na quinta e que necessita de grandes quantidades de água por uma cultura com baixa manutenção e muito pouca o nenhuma de rega, como é o caso da oliveira ( a maioria dos olivais no mundo são de sequeiro).

Esse interesse foi crescendo com o passar do tempo e o grande desafio sempre foi produzir azeites de alta qualidade e com uma pegada ambiental o mais baixa possível.

 

Monterosa viveiros

 

Os vossos azeites são produzidos seguindo um rigoroso sistema de Produção Integrada que garante o respeito pelo ambiente . Em que consiste este método de produção?

A produção integrada é um sistema agrícola de produção de produtos agrícolas e géneros alimentícios de qualidade, baseado em boas práticas agrícolas, com gestão racional dos recursos naturais e privilegiando a utilização dos mecanismos de regulação natural em substituição de fatores de produção, contribuindo, deste modo, para uma agricultura sustentável.

No nosso caso em particular, adicionalmente fazemos toda a reciclagem dos resíduos que resultam desta atividade, transformando-os em sub produtos e desta forma adicionando valor a toda a cadeia de produção.

Um bom exemplo é o que fazemos com o bagaço da azeitona que resulta da extração do azeite ou seja toda a polpa e caroços das azeitonas. Nós compostamos o bagaço de azeitona e mais tarde este é utilizado como um adubo biológico 100% natural.

 

Têm um método de fabrico que remonta ao tempo dos romanos. Em que consiste? Qual a importância de manter este legado?

Nós temos um processo de extração que é um misto de tradicional e moderno. A maior parte dos lagares, hoje em dia, utiliza maquinaria e processos de produção modernos, no entanto independentemente do processo e maquinas que se usem, as etapas da linha de produção e extração do azeite continuam a ser as mesmas desde o tempo dos romanos.

Obviamente hoje em dia sabemos muito mais sobre este produto e temos um grau e frescura no azeite que os romanos não tinham nessa altura, mas sem o desenvolvimento que eles alcançaram não seria possível termos os azeites que temos hoje.

No nosso caso, continuamos a utilizar  um moinho de pedras de granito muito tradicional que está integrado na linha de extração em conjunto com as restantes máquinas.

 

monterosa azeites sustentáveis

 

Os vossos azeites têm vindo a ser premiados com várias distinções um pouco por todo o mundo. Qual o significado que tem para vocês estas distinções?

Como noutros produtos alimentares, e não só, os concursos internacionais são muito importantes para dar a conhecer as marcas a potenciais clientes e também ao consumidor final. Principalmente para os micro produtores e produtores artesanais, que têm como objetivo principal a qualidade do produto.

Este reconhecimento gera curiosidade e dá garantias de qualidade aos clientes e consumidores finais, principalmente se isso sucede ano após ano. Os nossos azeites têm sido premiados ano após ano em vários concursos internacionais, desde os Estados Unidos até ao Japão e Europa.

 

Quem é o vosso cliente? Como se carateriza? É maioritariamente nacional ou internacional? De que mercados?

Cerca de 75% da nossa produção anual destina-se á exportação, maioritariamente para os países do norte da Europa mas também pequenas quantidades para o Japão e Estados Unidos.

O restante fica em Portugal e pode ser encontrado em diversas casas especializadas em produtos alimentares gourmet na hotelaria e restauração também. Tipicamente o nosso cliente é um cliente que procura um produto de alta qualidade, muito benéfico para a sua saúde e com um baixo impacto ambiental.

 

O que mais valorizam os clientes nos vossos produtos?

Produzimos vários azeites mono varietais a partir de 5 variedades de azeitona diferentes e isso faz com a tenhamos uma gama muito abrangente em termos de aroma, sabor e intensidade. Penso que temos um azeite para cada pessoa e o seu gosto pessoal, seja ele um azeite suave e frutado ou um azeite intenso, amargo e picante. Tudo isto aliado a um grau de acidez máximo de 0,2% em toda a gama.

 

monterosa azeite maçanilha

 

Ser um produto “made in Portugal”, ou melhor “made in Algarve”, é valorizado?

Esse é um trabalho que ainda está muito no inicio. A “marca” Algarve é muito associada ao turismo, praia e golf pelo que no caso dos produtos alimentares ainda temos um longo caminho a percorrer na divulgação e reconhecimento da qualidade dos nossos produtos.

De salientar que recentemente a hotelaria e restauração do Algarve perceberam que os produtos regionais adicionariam valor ás suas ofertas e desta forma temos assistido a um aumento dos nossos produtos no setor, o que tem sido um fator muito positivo na divulgação e promoção dos produtos Algarvios junto dos que nos visitam.

Tipicamente nos produtos alimentares “made in Portugal” são associados a uma qualidade muito alta, mas relativamente difíceis de encontrar quando comparamos com outros países como é o caso da Espanha ou Itália.

 

Para lá os azeites, oferecem também experiências de degustação. Em que consistem?

Como estamos localizados numa zona turística, o nosso projecto de visitas guiadas ao olival foi quase uma inevitabilidade. Esta experiência é uma forma de dar a conhecer aos visitantes os nossos produtos e também de desmistificar alguns conceitos que muitas vezes são errados sobre o azeite.

A degustação é o culminar da visita e é dirigida pela nossa equipa de guias especializados em prova de azeite. Os clientes são conduzidos durante a degustação por forma a poderem identificar os diversos atributos dos azeites que estão a provar e assim identificarem qual é o perfil de azeite que mais gostam.

 

Onde podemos encontrar os azeites Monte Rosa à venda?

Podem encontrar os nossos azeites na nossa loja online; nos supermercados Apolónia no caso do Algarve bem como outras casas da especialidade e restaurantes; no Club del Gourmet do Corte Inglés em Lisboa e em Gaia; nas lojas A Vida Portuguesa entre outras.

 

 

Qual o vosso best-seller e que características tem este produto.

O nosso bestseller é o azeite Monterosa Premium Maçanilha. Este é o azeite que mais vendemos. É um azeite muito equilibrado, de intensidade média e feito com uma variedade de azeitona do Algarve chamada Maçanilha Algarvia.

Tem notas de erva fresca cortada; fruta madura e baunilha. Ideal para saltear legumes, numa salada de tomate e queijo fresco.

António Duarte

Comercial Monterosa

Tem várias formações profissionais em prova de azeite, a nível nacional e internacional. Em 2014 entrou para a empresa com o objetivo de desenvolver a parte comercial dos azeites Monterosa, no mercado nacional e internacional, paralelamente ao projeto turístico composto por visitas guiadas à quinta, workshops de prova de azeite, e desenvolvimento do branding da marca.

Nos tempos livres, as suas maiores paixões são as viagens e também os desportos náuticos, como é o caso do surf e kitesurf.

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