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A Ecocubo, startup incubada na UPTEC – Parque de Ciência e Tecnologia da Universidade do Porto, está a revolucionar a experiência de imersão na natureza, com um cubo ecológico e sustentável. Este novo conceito da Ecocubo está a ser apresentado na BTL, no stand do Turismo Centro de Portugal, que decorre até 20 de março, em Lisboa. 

Criada em Portugal, a Ecocubo destaca os produtos endógenos tanto nos materiais de construção – madeira e cortiça –, como no mobiliário interior – a cama, colchão e têxteis que são feitos em Portugal. “Queremos ligar as diferentes regiões, cubo a cubo, atuando como referência, como um marco no território, de forma a democratizar a vivência na natureza, sem que isso implique impacto negativo no ambiente.”, destaca António Fernandes, criador da Ecocubo. 

Com um design minimalista e completamente desmontável, o cubo funciona como um refúgio na Natureza e catalisador de territórios de baixa densidade. Assume-se, assim, como uma solução de turismo sustentável, sem impacto negativo para o meio ambiente e com impacto positivo para as comunidades locais. 

O Ecocubo já está disponível no Gerês, onde o cubo é completamente off-frid: não está ligado à rede elétrica e, por isso, os candelabros são recarregáveis. O conforto também não é descurado, uma vez que nas proximidades – a cerca de 20 metros – existem balneários com água quente e instalações sanitárias completas. Para aumentar o leque de experiências na natureza, a startup conta com uma parceria local que promove atividades como orientação, escalada ou passeios a cavalo.

Criada em 2015, a startup desenvolveu inicialmente um modelo de tinyhouse, com apenas 9m2, que disponibilizava sofá-cama, casa de banho, cozinha e mesa outdoor. Contudo, a marca apostou “numa mudança de conceito, em que as infraestruturas de apoio são fora do Ecocubo e valorizamos ainda mais a experiência de comunhão com a natureza. O mais importante é criar um espaço sustentável e confortável para que as pessoas possam desfrutar da natureza ao máximo”, afirma o fundador. 

A experiência no Ecocubo, no Gerês, tem o custo de 100 euros para duas pessoas por noite, com um welcome gift de produtos regionais. As reservas até 20 de março, para qualquer altura do ano, usufruem de um desconto até 20% e de 10% nas atividades dos parceiros, e podem ser efetuadas no website da startup.

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O NEYA Lisboa Hotel surgiu com o intuito de ser um projeto inovador e sustentável no setor, desprendendo-se da linha clássica da hotelaria. O seu conceito de Sustentabilidade teve como base a Carta da Terra, uma declaração de princípios éticos fundamentais para a construção de uma sociedade global justa, sustentável e pacífica.

Pedro Teixeira, Diretor de Sustentabilidade da NEYA Hotels, explicou-nos que desde o início procuraram eliminar os impactes ambientais da atividade hoteleira e tornar este espaço situado no centro de Lisboa líder no turismo sustentável.

NEYA Hotel

NEYA Lisboa Hotel: como surgiu este espaço e qual é a sua origem?

A NEYA Hotels, grupo Nacional com capitais 100% Portugueses, surgiu em 2011 com a abertura do NEYA Lisboa Hotel, na zona da Estefânia, em Lisboa.

Considerámos, desde o primeiro momento, que a indústria hoteleira tem um papel fundamental a desempenhar no Turismo Sustentável, o que se revela hoje, bastante actual, estando espelhado em todos os objectivos internacionais e nacionais, como se pode verificar pelas Políticas de Sustentabilidade do Turismo de Portugal, por exemplo.

Assim, ao projectar um novo hotel, não se pretendeu seguir a linha clássica da hotelaria, pensando apenas na qualidade dos serviços prestados, associados ao alojamento de clientes, assim como de realização de eventos, restauração e SPA. Reflectindo uma visão interna dos fundadores, foi pensado um projecto hoteleiro com um carácter inovador ao nível da sustentabilidade, ou seja, tendo em consideração os impactes ambientais da actividade da operação hoteleira, mas indo mais além, olhando para a vertente social e económica. Surgiu assim, o NEYA Lisboa Hotel, com um conceito de sustentabilidade tripartida bem definido, onde estes aspectos foram tidos em consideração na fase de projecto, o que explica grande parte do sucesso do seu desempenho hoje em dia.

A actividade do hotel é orientada por um Sistema de Gestão de Qualidade, Ambiente e Segurança, tendo como objectivo a minimização dos impactes ambientais, através de uma gestão eficiente de recursos, energia e produção de resíduos. O NEYA Lisboa Hotel procurou, sempre, eliminar os impactes ambientais da actividade hoteleira, evidenciando um conhecimento do futuro da indústria em termos de sustentabilidade e das exigências dos clientes actuais.

Esta filosofia está também patente na construção e decoração do hotel, assim como na designação dos diversos espaços do mesmo, como suites e salas de eventos e sobretudo na própria designação do grupo NEYA, sendo o “Y” em forma de árvore e em tons verdes, da sua versão original, um reflexo da marca e seu posicionamento no mercado.

O NEYA Hotel inspirou-se na Carta da Terra para desenvolver a sua missão. Qual foi a principal motivação para adotarem esta ação?

Desde o momento inicial de planeamento e execução do NEYA Lisboa Hotel, que se considerou a Carta da Terra como um instrumento fundamental como guia para o conceito de Sustentabilidade do Hotel. A Carta da Terra, sendo uma declaração de princípios éticos e fundamentais para a construção de uma sociedade global justa, sustentável e pacífica é uma visão de esperança e um “call to action”, pelo que se considerou como uma excelente base genérica para o comprometimento da organização, espelhada no desejo de uma transição para um futuro sustentável.

Por um feliz acaso, a abertura do Hotel coincidiu com o Ano Internacional das Florestas em 2011, o que reforçou mais ainda o compromisso da organização, ainda mais, por ter sido uma época de crise económica acentuada. Tentamos espelhar este comprometimento logo no momento da chegada dos hóspedes ao nosso hotel, através de um painel decorativo no lobby, alusivo a estes dois marcos históricos para a Sustentabilidade do planeta. A ideia é envolver as partes interessadas no nosso conceito, nomeadamente o hóspede, ajudando a atingir os objectivos propostos de minimização dos impactes ambientais da actividade.

setor hoteleiro

Atualmente, quais são os principais desafios associados à sustentabilidade colocados ao setor do turismo?

Os desafios de sustentabilidade do sector do turismo sofreram uma grande transformação devido à pandemia do novo Coronavírus em Março de 2020. Aos desafios tradicionais de mobilidade, ocupação do território, consumos de água, produção de resíduos e exploração dos recursos naturais, somam-se agora desafios em termos de saúde pública e higiene, que trazem novos impactes, dos quais salientamos a produção dos resíduos descartáveis associados a máscaras, luvas, testes, embalamento de alimentos e outras exigências de combate ao vírus. Se é verdade que as viagens associadas ao turismo diminuíram, regista-se no entanto, um aumento das deslocações em transporte individual, quer dos nossos hóspedes, quer dos colaboradores, provocando um aumento das emissões de carbono associadas. Também uma ocupação mais baixa, provoca a subida dos indicadores de consumos energéticos, água e consumíveis. Ou seja, com menos clientes alojados, o consumo efectivo de energia, água e matérias-primas total do hotel desce, mas sobe o indicador por quarto ocupado ou cliente, ou seja, cada hóspede é responsável por maiores consumos relativos, o que deturpa os resultados de sustentabilidade a obter.

Mas os desafios actuais, prendem-se com a necessidade de assegurar uma ocupação que permita a sustentabilidade financeira do negócio, assegurando também a manutenção e implementação de novas soluções de sustentabilidade ambiental. Não esquecer também a dificuldade actual em manter equipas capacitadas para dar resposta aos exigentes desafios de sustentabilidade do sector. Relembro novamente as indicações do Turismo de Portugal para caminharmos para um turismo sustentável, o que não será possível sem o envolvimento e a capacitação dos colaboradores da indústria. Para isso, também as Escolas de Hotelaria deverão ter um papel fundamental, com matérias de sustentabilidade reforçadas nos seus conteúdos curriculares.

Esta nova realidade implica também desafios que a NEYA Hotels evidencia considerar já na sua gestão, as questões ambientais e de Segurança e Saúde. Os novos clientes exigem outras condições para o seu alojamento, exigindo uma resposta atenta que garanta a segurança e um sentimento de bem-estar dos mesmos nas nossas unidades. Todo o histórico de certificações de sustentabilidade do grupo NEYA Hotels ajuda a garantir o cumprimento destes novos requisitos exigidos.

O NEYA Hotel tem adotado diferentes medidas no seu dia-a-dia de modo a reduzir o impacto ambiental do setor do turismo, tendo recebido diferentes prémios e certificações. Pode dar-nos alguns exemplos?

Desde o primeiro momento que a opção foi minimizar o impacte ambiental de uma nova unidade hoteleira no centro de Lisboa. Requalificando um edifício degradado, sem qualquer valor arquitectónico, reduziu-se o impacto ambiental da sua construção, promovendo ainda a reabilitação urbana da zona. A escolha de materiais e equipamentos nacionais, assim como soluções de eficiência energética, tiveram em consideração o conceito do hotel. Procedeu-se à avaliação, prevenção e redução de riscos e foram definidos os aspectos ambientais, assim como objectivos e metas regulares em termos de sustentabilidade.

A utilização de tecnologia limpas, tais como energia solar para aquecimento de águas, LED’s para iluminação, sistema de Ar Condicionado VRV e isolamento térmico do edifício, foram implementadas para minimizar os consumos energéticos. O Hotel é totalmente abastecido a energias renováveis, através da celebração de um contrato com um fornecedor que disponibiliza energia 100% renovável.

A nível de consumos de água, aposta na sua optimização, com medidas que permitem reduzir os seus consumos: redutores de caudal, controlo de consumos por sector, medição dos caudais das torneiras, formação dos colaboradores e a sensibilização dos hóspedes.

Ao nível da mobilidade, o hotel disponibiliza gratuitamente bicicletas aos clientes, fomenta outro tipo de mobilidades sustentáveis e procede ao cálculo e compensação das emissões de carbono, sendo um hotel neutro em carbono, com a certificação Carbono Zero.

A gestão de resíduos promove a sua redução e separação, incluindo dos clientes, com recipientes de separação nos quartos. Os amenities dos quartos (gel, shampoo e sabonetes) são disponibilizados em embalagens recarregáveis, evitando a produção diária de centenas de embalagens de plástico. A redução do plástico descartável é, aliás, é um dos nossos principais objectivos, com a procura constante de novas soluções para substituir o plástico por outras matérias. Orgulhamo-nos assim de ter uma produção de resíduos inferior ao que seria expectável para um hotel, assim como uma taxa de separação de resíduos que atinge os 75%, sendo um exemplo notável, reconhecido pela Câmara de Lisboa. Damos nota que a pesagem e tratamento dos resíduos são uma prática diária.

NEYA Lisboa Bicicletas

Qual é o vosso público-alvo? Sentem que os vossos clientes valorizam as iniciativas que desenvolvem no caminho da sustentabilidade?

Qualquer pessoa que se preocupe com a Sustentabilidade é público-alvo da NEYA Hotels. Temos sobretudo viajantes a solo, portugueses e estrangeiros que viajam em lazer para Portugal. As viagens de negócio, têm também alguma expressão, sendo que reduziram com o início da pandemia.

O reconhecimento dos clientes pelo conceito e pelas inúmeras iniciativas de Sustentabilidade que promovemos é cada vez mais notório, seja nos inquéritos de satisfação, no dia-a-dia da unidade hoteleira, nos comentários das redes sociais, e até no momento da reserva.

Verificamos que as pessoas mostram um interesse genuíno em ficar num hotel sustentável e em reduzir ao máximo a sua pegada ambiental, sem prescindir do conforto nas suas viagens. Soluções como a disponibilização gratuita de bicicletas ou a separação de resíduos nos quartos são cada vez mais comentadas, e novas ideias e sugestões são dadas pelos hóspedes.

Também na comercialização do hotel, esta tendência se verifica, com cada vez mais operadores a procurar hotéis que garantam uma efetiva minimização do impacte ambiental associado às viagens, quer sejam de lazer ou negócios.

Outra das nossas áreas de negócio, é o setor de aluguer de salas e realização de eventos. Empresas, associações e organizações, cada vez mais, recorrem a espaços que garantam uma reduzida pegada ecológica ou carbónica dos seus eventos, o que é garantido pela NEYA Hotels, através do seu Programa “Eco-Meetings”.

 

Que sensação pretendem transmitir a quem visita o NEYA Lisboa Hotel?

O que se pretende, acima de tudo, é garantir uma estadia de qualidade apoiada num modelo de turismo sustentável.

Seja uma viagem de turismo ou negócios, pretendemos que os nossos hóspedes saibam que estão a contribuir para um futuro mais sustentável, causando o mínimo impacto possível associado ao seu alojamento em viagem. Sempre, sem pôr em causa o seu conforto e bem-estar durante a estadia.

Muitas das soluções sustentáveis que o NEYA Lisboa Hotel oferece, foram contempladas no edifício na fase de projeto e construção, o que possibilita um baixo impacto da atividade, mesmo sem o hóspede ter consciências de grande parte das medidas implementadas. O que, por vezes, se torna um desafio ao nível da sensibilização para as medias implementadas.

A premissa que tentamos comunicar aos nossos hóspedes é que a NEYA Hotels implementou medidas de raiz e adaptou-as à realidade dos tempos atuais. Medidas essas que podem ser aplicadas fora da estadia por cada um, com a alteração dos seus hábitos de consumo.

NEYA Lisboa Recepção

O NEYA Hotel considera fundamental uma participação ativa não só no respeito pelo meio ambiente, mas também no desenvolvimento da comunidade que o rodeia. Que iniciativas têm desenvolvido neste sentido?

Desde a sua abertura, que o NEYA Lisboa Hotel definiu muito bem o seu papel na sociedade. Não pretendíamos ser apenas mais um hotel em Lisboa, totalmente fechado à comunidade envolvente. Essa não é a forma adequada das organizações desenvolverem a sua actividade nos dias de hoje. Um hotel, como qualquer outra actividade, terá que se posicionar de uma forma socialmente responsável e ser uma mais valia para a região onde se insere e para as comunidades que, com ele, convivem todos os dias. O hotel não pode ser visto como um corpo estranho à sociedade, apenas acessível a clientes. A NEYA Hotels consegue isso através de inúmeras acções de Responsabilidade Social Corporativa, bem definidas, acompanhadas e monitorizadas. A NEYA Hotels considera as crianças como o seu principal foco de apoio, apoiando e formalizando protocolos com diversas associações da área. Somos também membros activos da Associação GRACE, que engloba organizações com preocupações de Responsabilidade Social Corporativa.

Talvez o projecto solidário mais visível da NEYA Hotels seja o “Quarto solidário”, o qual teve origem na abertura do hotel e tem como objectivo disponibilizar alojamento e pequeno-almoço a famílias de crianças carenciadas em tratamento nos hospitais do Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central (Hospital D. Estefânia, Hospital dos Capuchos, Hospital de Santa Marta, Maternidade Dr. Alfredo da Costa e Hospital Curry Cabral). Os Gabinetes de Acção Social destes hospitais identificam e avaliam as situações de necessidade de apoio, sendo os seus acompanhantes, ou por vezes as próprias crianças, encaminhados para o NEYA Lisboa Hotel. Com a abertura da nova unidade, o NEYA Porto Hotel, o projecto foi naturalmente alargado à cidade do Porto.

Além deste projecto, os hotéis organizam acções de angariação de bens, doação de equipamentos do hotel, voluntariado, doação de refeições e menus solidários, entre outras. Esta colaboração passa por exemplo por apoiar as Juntas de Freguesias locais, assim como outras instituições próximas ao hotel.

Que passos ainda faltam dar para que o NEYA Hotels consiga alcançar o seu objetivo de ser uma marca líder no turismo sustentável?

Apesar do trabalho desenvolvido nos últimos anos, muito haverá ainda por fazer, fruto das últimas tendências de sustentabilidade, da evolução tecnológica, da legislação e das cada vez mais exigências dos clientes e dos mercados emissores de turistas.

Como próximos passos ou reforço do que a NEYA Hotels já faz actualmente, destacamos o consumo de produtos locais, sazonais e biológicos, a redução da utilização de produtos de limpeza e, ao mesmo tempo a sua substituição gradual por produtos menos nocivos ao ambiente e à saúde, o reforço da sensibilização e formação dos colaboradores, a aposta em soluções de mobilidade eléctrica e a continuação da substituição dos plásticos de utilização única, entre outros.

Esta evolução no tempo pode ser comprovada na nova unidade do grupo, o NEYA Porto Hotel, inaugurado em 2020, na qual foram dados importantes passos, contemplando ainda mais soluções na área da construção sustentável e eficiência energética, entre outras. O objectivo máximo das duas unidades NEYA Hotels, assim como para futuras unidades, será sempre a construção sustentável e a implementação de cada vez mais soluções que permitam um menor impacto ambiental da actividade hoteleira do grupo.

Refira-se também que a NEYA Hotels pretende continuar a desempenhar um papel importante na sensibilização de todas as partes interessadas da indústria do Turismo, nomeadamente de outros hotéis, fornecedores e clientes, para que todos remem no mesmo sentido a tornem a indústria mais sustentável.

Foto Perfil NH

Pedro Teixeira

Diretor de Sustentabilidade da Largo Tempo e NEYA Hotels

Formado em Engenharia do Ambiente pela Universidade do Algarve em 1997, tem desempenhado funções de responsável de Sustentabilidade na área do Turismo, nomeadamente no sector do Golfe, Resorts e Hotelaria. Foi responsável pela implementação dos Sistemas de Gestão de Qualidade, Ambiente e Segurança do Belas Clube de Campo e Vilamoura do Grupo André Jordan.

Desde 2013, exerce funções no Grupo Largo Tempo, como Director de Sustentabilidade, onde é responsável pela implementação do Sistema de Gestão de Qualidade, Ambiente e Segurança nos Hotéis NEYA, assim como pelas certificações e prémios de Sustentabilidade do Grupo. Acompanha ainda a construção dos novos hotéis, na vertente da sustentabilidade. É o representante da AHP (Associação de Hotelaria de Portugal) no painel de júri dos programas ECOXXI e Green Key da ABAE.

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Alojamento, localizado em Olhão

Este é o nosso segredo: uma casa de família que se abre ao turismo, numa terra quase desconhecida, virada para o mar, no coração do Parque Natural da Ria Formosa, eleita uma das 7 Maravilhas de Portugal. Somos suspeitos se afirmarmos que da Casa Modesta se contempla o melhor despertar do Algarve… Daqui, assistimos à migração das aves, à prática dos mariscadores, à recolha do sal. E, todos os dias, nos espantamos com os pequenos milagres da natureza.

 

A Chegada

Fomos recebidos pelo Carlos Fernandes, um dos proprietários da Casa Modesta, que rapidamente nos demonstrou que o alojamento é modesto, mas somente de nome (de família). Sofisticação, história e natureza coabitam no espaço, inserido no Parque Natural da Ria Formosa, uma das Sete Maravilhas de Portugal, com uma vista irrepetível.

 

Na Casa Modesta sentimo-nos inspirados a mergulhar num Algarve diferente do que ficou mundialmente conhecido, que se resumia às praias.

 

Birdwatching, acompanhar mariscadores e ir a viveiros de ostras são apenas algumas das experiências disponíveis na Casa Modesta, onde se estende a preocupação de divulgar a história e cultura algarvia, mais especificamente do Sotavento e da Ria Formosa, ao uso dos produtos locais, quer nos materiais de construção quer nos alimentos cultivados e divulgados no espaço, através das refeições e workshops de cozinha algarvia. Contando sempre com o apoio direto e apaixonado da comunidade envolvente. Um exemplo a seguir, na vertente ambiental e social.

 

Casa Modesta, a história que conta e cria

A história da família e da própria Ria Formosa estão presentes logo à entrada, na sala onde se degustam pratos locais e se realizam workshops de gastronomia típica da Ria Formosa, através de fotos nas paredes, um forno antigo onde ainda se coze o pão ou uma cisterna convertida em garrafeira. No entanto, o que mais se destacou neste momento em que fomos recebidos foi o próprio Carlos Fernandes e a sua paixão pelo que nos contava. Poderia ter sido um privilégio de quem se dirigiu para fazer uma entrevista, mas rapidamente percebemos que não. Todos os hóspedes com que nos cruzámos trataram o Carlos, coproprietário, pelo nome próprio e trocaram breves palavras cúmplices, de quem foi recebido e segue acompanhado na estadia pelo próprio. E isto é o ambiente que se vive na Casa Modesta: familiar, cúmplice e sereno.

O tempo parece regido pelas marés, que o avô Joaquim Modesto de Brito, proprietário da casa na infância dos irmãos Carlos e Vânia, tão bem dominava. Ou não fosse um velho lobo do mar, que acolheu o trabalho e a família nesta casa, com a Ria Formosa a um palmo de olhar. Vista que ainda hoje cria um despertar único, que Vânia Fernandes, irmã do Carlos, tão bem soube explorar no projeto arquitetónico que deu origem à Casa Modesta. Os quartos são autênticas varandas sobre a ria, como o próprio Carlos nos refere: “A paisagem muda ao longo do dia, conforme as marés.” Oscila entre a predominância do azul na maré cheia e o amarelo dos sapais que formam o complexo lagunar da Ria Formosa na maré vazia.

 

 

Os materiais usados na recuperação da casa, onde o Carlos habitou até aos seus dezanove anos, foram todos locais, como barro de Santa Catarina, cal, cortiça e mesmo latão. Tendo as preocupações energéticas sido uma exigência logo na fase de concepção e obra, quando solicitaram e obtiveram a certificação energética A+, da Líder A. Recuperação de tradições locais, como a cabana de colmo, no centro do jardim, que relembra as habitações dos pescadores nas ilhas barreira da Ria Formosa, e que hoje permita uma leitura virada para a Ria, em harmonia com o ambiente, são alguns dos detalhes que fazem deste espaço único.

Questionado sobre o legado da Casa Modesta, Carlos Fernandes refere que se trata de uma casa de memórias de família, impossível de replicar noutro local, mesmo que o negócio corra cada vez melhor. E nós podemos constatar isso na paixão com que o Carlos nos contou que o seu avô, mariscador mas também construtor de barcos em madeira que pintava sempre de vermelho e amarelo, também desenhava. Os desenhos estão, inclusive, expostos na receção, com uma forte inspiração na ria, na faina e nas suas paisagens. O que nos permite mergulhar ainda mais na história da família e perceber porque motivo esta casa é irrepetível noutro local.

 

Existem características e históricas que fazem com que a Casa Modesta só possa existir aqui

 

Refere-nos Carlos, sem esconder o seu orgulho, paixão e respeito pelas tradições. Para isso, muito contribuem as experiências que envolvem a comunidade, como a experiência do mariscador – onde levam pessoas ao viveiro, ver a apanha da ameijoa, berbigão e ostras e como se cultiva o viveiro.

“Tratar de um viveiro é como tratar de uma horta e as pessoas ficam espantadíssimas. Temos que “plantar” as ostras para as “colhermos” depois. Não estamos a inventar experiências. Estamos a ir buscar experienciais reais que são ancestrais e trazem a autenticidade e vivencias locais”.

Outra das experiências são os workshops de gastronomia realizados por Sandra Patrão, chef e vizinha da Casa Modesta, que têm como objetivo não só dar a conhecer as iguarias locais como ensinar a fazê-las. Os pratos vão desde cataplana de marisco, ao litão, xarém, e ao famoso folar de camadas tão típico destas paragens por ocasião da Páscoa. Dos ingredientes destes e outros pratos fazem parte os produtos locais, como marisco, com destaque para os bivalves, como a ameijoa, peixe, laranjas ou amêndoas.

A Casa Modesta acaba por ser um ícone do Sotavento algarvio e que nos recorda que o Algarve tem mais para oferecer do que praia. Este local singular está em perfeita simbiose com a comunidade e dispõe ainda de uma ciclovia colada à ria, onde se experimenta e vive a natureza, respeitando-a e enaltecendo-a. Criando históricas e lembranças únicas, para quem a visita.

A Sustentabilidade integrada no Projeto

 

 

Vânia Fernandes, sócia e arquiteta responsável pelo projeto, conta com uma carreira ligada a projetos que têm uma forte vertente sustentável na sua génese, pelo que a ideia de incorporar a variável ambiental e sustentável num projeto tão pessoal esteve presente desde início, pensando cada detalhe. Um exemplo é a piscina, um antigo tanque, onde a água é tratada por pastilhas de hidrion, um sistema de ionização do cobre, que permite reutilizar a água para a rega das árvores de não fruto, o aproveitamento da luz natural algarvia para painéis solares que asseguram toda a eletricidade do alojamento e a reserva de um espaço para uma pequena horta biológica, onde apenas se plantam produtos locais, que são utilizados nas refeições do espaço. Além destes cuidados, também o plástico foi retirado do espaço, tendo sido estas preocupações reconhecidas internacionalmente, logo no ano de abertura, 2015, com um prémio do Condé Nast Johansen como melhor hotel ambiental. Somando a este prémio outros, como o Architizer, em que a Casa Modesta foi a escolha do júri para melhor hotel, no ano de 2017.

 

Os prémios ajudam a um maior reconhecimento internacional, que apoia na conquista de novos clientes, que cada vez mais se preocupam com a vertente sustentável do conceito na escolha do alojamento

 

Segundo o próprio Carlos, “os prémios ajudam a um maior reconhecimento internacional, que apoia na conquista de novos clientes”, que segundo nos conta o próprio “cada vez mais se preocupam com a vertente sustentável do conceito na escolha do alojamento, mas também com as experiências disponíveis, o que resulta numa cada vez menor sazonalidade e uma diversidade maior de turistas, como norte americanos, belgas, alemães e franceses”. Esta diversificação de públicos é, de resto, um dos grandes objetivos dos proprietários, e que se viu alavancado com o Coronavírus: levar a história do Algarve a cada vez mais pessoas, de diferentes regiões do globo, com a certeza que elas regressam. Temos tido essa prova, com famílias que já nos visitam há três anos seguidos.

Antes de abandonarmos o espaço – conscientes que um dia voltaremos, para um dos melhores despertares do Algarve -, tivemos oportunidade de falar sobre um reconhecimento que está logo à entrada, no portão. A certificação Green Key tem uma importância especial para o espaço, porque tratou-se de um processo de auditoria, que resultou nesta atribuição. Tudo foi avaliado, desde a capacidade de consciencializar para comportamentos mais sustentáveis, reduzir o impacto ambiental nas atividades comerciais até promover a redução e eficiência no consumo dos recursos naturais. Tendo a Casa Modesta passado em todos os pressupostos com distinção, neste reconhecimento mundial da responsabilidade da dinamarquesa Foundation for Environmental Education (FEE), que em Portugal é tutelado pela Associação Bandeira Azul da Europa (ABAE).

Por tudo isto, não hesitamos em destacar a Casa Modesta como um exemplo, por demonstrar que a Sustentabilidade poderá não ser apenas um cuidado, mas sim uma fonte de rendimento.

As preocupações com o ambiente, mas também sociais de incluir a comunidade e tradições na vivência do espaço, resultaram num sucesso económico, que faz pensar em aumentar o espaço de alojamento, sem nunca colocar em causa o seu conceito e propósito.

Poderemos levar o nosso conceito a outros locais do Algarve e até do país, mas nunca replicando a Casa Modesta. Ela conta a história da nossa família e do local, não se adapta”, refere novamente Carlos Gonçalves na despedida. E isto, acrescentamos nós, é o que faz deste projeto um exemplo: autenticidade e respeito pelas tradições, natureza e comunidade.

Conheça este projeto único em: www.casamodesta.pt

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